A promotoria de Los Angeles, nos Estados Unidos, informou que não formalizará acusações criminais contra Marilyn Manson (pseudônimo de Brian Warner). Diversas mulheres, de identidade pública e privada, alegam que o cantor, alvo de investigação nos últimos 4 anos, cometeu abuso sexual e violência doméstica contra elas. Há, porém, outros processos em andamento.
A informação foi confirmada pelo gabinete do novo promotor da cidade, Nathan J. Hochman. As autoridades afirmam que uma parte das denúncias está prescrita. Outras acusações não tiveram comprovação. Promotoria é quem representa os interesses legais do Estado e do público em geral perante os tribunais, investigando crimes e apresentando denúncias.
Um comunicado (via Loudwire) afirma:
“Determinamos que as alegações de violência doméstica estão fora do estatuto de limitações e não podemos provar acusações de agressão sexual além de qualquer dúvida razoável. Reconhecemos e aplaudimos a coragem e a resiliência das mulheres que se apresentaram para fazer denúncias e compartilhar suas experiências, e agradecemos a elas por sua cooperação e paciência com a investigação.
Embora não possamos apresentar acusações neste assunto, reconhecemos que a forte defesa das mulheres envolvidas ajudou a trazer maior conscientização sobre os desafios enfrentados por sobreviventes de abuso doméstico e agressão sexual. Também as reconhecemos e elogiamos por fazer uma contribuição importante para estender o estatuto de limitações para o processo de abuso doméstico localmente e em todo o país. Devido aos seus esforços, as vítimas de violência doméstica têm uma voz maior em nosso sistema de justiça criminal e os escritórios do Ministério Público em todo o país melhoraram as ferramentas para responsabilizar os agressores de violência doméstica por suas ações.
Apesar da decisão necessária pelos fatos e evidências neste assunto, o Gabinete do Promotor Público do Condado de Los Angeles continua totalmente comprometido em buscar justiça para sobreviventes de violência doméstica e abuso sexual sempre que legalmente possível. Incentivamos qualquer pessoa que esteja sofrendo abuso a buscar apoio e fazer uma denúncia à polícia o mais rápido possível.”
Em nota (via USA Today), a defesa de Marilyn Manson declarou que o vocalista é inocente e destacou haver “muita satisfação que, após uma revisão completa e incrivelmente longa de todas as evidências reais, o promotor público concluiu o que sabíamos e expressamos desde o início.”
A atriz Esmé Bianco, uma das diversas mulheres que apresentou acusações contra Manson, afirmou estar “profundamente decepcionada, mas infelizmente não surpresa” com o desfecho por parte da promotoria. O comunicado completa:
“Dentro de nossa cultura tóxica de culpabilização da vítima e uma falta de compreensão do controle coercitivo, da natureza complexa do abuso sexual em parceiras íntimas e dos estatutos de limitações que não apoiam a cura, os processos enfrentam um obstáculo muitas vezes intransponível. Mais uma vez, nosso sistema de justiça falhou com os sobreviventes. Não os promotores e detetives individuais que trabalharam por anos neste caso, mas o sistema que os fez fazer isso com uma mão amarrada nas costas. Sete anos atrás, quando me deparei pela primeira vez com esse fracasso, isso me colocou em uma jornada de advocacia e ativismo, mas com isso veio uma diretriz muito clara. Minha cura e paz não poderiam depender do resultado de um sistema desesperadamente quebrado.”
Evan Rachel Wood, atriz que foi a primeira a fazer acusações públicas contra Manson, afirmou:
“Evidências de crimes violentos não devem ter data de validade. Sou grata pelo trabalho que a polícia fez e tenho um orgulho infinito de todos os sobreviventes que arriscaram tudo para proteger os outros falando a verdade. Sempre soubemos que o estatuto de limitações seria uma barreira, e é por isso que criamos o Phoenix Act — para que outras vítimas não tivessem que passar por esse resultado.”
O estatuto de limitações estabelece que casos de violência doméstica podem ser denunciados em até três anos. O Phoenix Act, citado por Wood, foi assinado em 2020 e estende o prazo para cinco anos, mas não vale para casos ocorridos antes de sua assinatura.
Como dito anteriormente, há outros processos envolvendo Manson. O cantor tem resolvido tais ações com acordos extrajudiciais. Também há situações em que os processos são arquivados ou as autoras desistem.
As acusações
Marilyn Manson tinha acabado de iniciar a promoção do álbum “We Are Chaos” em 2020, quando acusações de abuso sexual contra o músico foram feitas por sua ex-namorada Evan Rachel Wood. Seguiram-se alegações adicionais de várias mulheres, que denunciaram “agressão sexual, abuso psicológico e/ou várias formas de coerção, violência e intimidação”.
Além dos processos a que responde até hoje, Brian Warner (seu nome verdadeiro) logo foi dispensado pela gravadora e agente. Também perdeu papéis na televisão, além de ter sido exposto por antigos colegas de banda e pessoas com as quais trabalhou na equipe técnica durante a carreira.
No início de 2023, a modelo Ashley Morgan Smithline abandonou as acusações que havia feito contra Manson. Ela havia denunciado o músico por violência sexual, cárcere privado e envolvimento com tráfico humano. Foi a segunda a recorrer ao subterfúgio, após a ex-assistente Ashley Walters ter feito o mesmo — esta, porém, reverteu a situação.
Em fevereiro, o músico foi condenado a pagar honorários advocatícios na casa dos US$ 500 mil (quase R$ 2,5 milhões) a Evan Rachel Wood e sua atual parceira, Illma Gore, por difamação. Até o momento, em outros casos, acordos foram feitos e acusações retiradas.
Em julho, uma das mulheres que acusou Manson de estupro manifestou-se publicamente pela primeira vez desde que trouxe o caso à tona. A alegada vítima chamada Bianca Allaine Kyne, que até então permanecia com a identidade anônima, denunciou o artista em janeiro de 2023, após abusos que teriam sido cometidos em 1995 (quando tinha 16 anos) e 1999.
Marilyn Manson atualmente
Marilyn Manson lançou um novo álbum de estúdio no último dia 22 de novembro, via Nuclear Blast Records. “One Assassination Under God – Chapter 1” conta com 9 faixas e é o 12º trabalho de inéditas do artista, primeiro após as acusações de abuso sexual que o colocaram em problemas com a Justiça.
Entre agosto e setembro de 2024, o cantor se apresentou pela América do Norte, abrindo para o Five Finger Death Punch em algumas datas e exercendo a função de headliner em outras. Foram suas primeiras apresentações completas desde novembro de 2019.
Em fevereiro, ele excursiona pela Europa. Depois, realiza uma turnê como atração principal pelos Estados Unidos.
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