“Black Mirror” ficou pior ao migrar para Netflix? Criador responde

Charlie Brooker aponta que foi necessário mudar algumas coisas na série justamente por conta de mudança para gigante do streaming

Embora tenha se consagrado como uma das séries mais populares e provocativas dos últimos anos, “Black Mirror” foi alvo de críticas nos últimos anos. Para alguns de seus fãs de carteirinha, a obra piorou após ter migrado para a Netflix, o que aconteceu a partir de sua terceira temporada.

Mas o que o próprio criador do show pensa a respeito disso?

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Charlie Brooker foi questionado sobre o assunto durante o evento SXSW (via The Guardian). O produtor, primeiro, citou o que mais costuma escutar do público que defende essa tese.

“Um das críticas que recebemos às vezes é: ‘eu preferia a série quando ela era britânica (as duas primeiras temporadas foram exibidas pelo canal britânico Channel 4), todos pareciam miseráveis, tudo parecia cheirar a m*rda e todas as histórias pareciam horríveis’. Aí, foi pra Netflix e, de repente, tudo está ensolarado e feliz, todos têm dentes maravilhosos, está cheio de estrelas de Hollywood e perdeu o rumo.”

Em sua defesa, Brooker revelou que justamente por conta desta mudança, precisou focar em histórias que agradassem ao público internacional. Sendo assim, elemesmo decidiu que desenvolveria histórias menos pesadas.

“Estava ciente de que estávamos indo a uma plataforma global, então tivemos de desenvolver histórias um pouco mais internacionais. E eu quis misturar um pouco as coisas e não ficar fazendo apenas história sombrias.”

IA não substituirá a criatividade humana

Durante o mesmo evento, Charlie Brooker também foi questionado sobre a possibilidade de a inteligência artificial substituir a criatividade humana aos poucos. Inclusive, este foi um dos assuntos que o produtor abordou na mais recente temporada de “Black Mirror”, lançada em 2023, e foi um dos estopins para a greve dos roteiristas e atores de Hollywood.

O criador do show deixou bem claro que, para ele, a inteligência artificial jamais irá substituir a criatividade vinda do ser humano.

“Disse ao ChatGPT: ‘me dê uma sinopse de uma história de Black Mirror’. Conforme apareciam as primeiras frases, você podia sentir uma ponta de medo, como um terror animal. Então, assim que as coisas foram passando, pensei: ‘ah, isso é chato. Estava com medo um segundo atrás, agora estou entediado por que isso aqui é tão derivado’.

Ele está apenas emulando algo. Estava absorvendo todas as descrições de cada episódio de ‘Black Mirror’, provavelmente da Wikipedia e outras coisas que as pessoas escreveram, e está simplesmente vomitando de volta para mim. Está fingindo ser algo que não é capaz de ser. Não o vejo substituindo pessoas bagunceiras.”

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Sobre “Black Mirror”

Tendo estreado em 2011, “Black Mirror” foi exibida originalmente na TV, pelo Channel 4 do Reino Unido. Após o enorme sucesso conquistado, a série de Charlie Brooker foi comprada pela Netflix no ano de 2015.

O programa se destacou pelas reviravoltas em seu roteiro distópico que envolve suspense, ficção científica e sátiras que promovem a reflexão sobre o efeito da tecnologia em nossa sociedade. A premissa sempre é a de chocar o público com desfechos inusitados – e às vezes até mesmo assustadores – de cada capítulo.

O sucesso de público também se estende à crítica. No ano de 2017 o show faturou dois prêmios Emmy para o celebrado episódio “San Junipero”. Já em 2018, “USS Callister” levou outras quatro estatuetas para casa.

Em 2018 foi lançado o longa-metragem “Black Mirror: Bandersnatch”, no qual o público pode interagir com a história e escolher o encerramento de acordo com cada caminho e opção feita. A trama foi protagonizada pelos atores Fionn Whitehead e Will Poulter.

Ao longo das temporadas, o elenco – que muda a cada episódio – já contou com nomes do porte de Bryce Dallas Howard, Miley Cyrus, Daniel Kaluuya, Jesse Plemons, Hayley Atwell, Gugu Mbatha-Raw, Anthony Mackie e Jon Hamm. “Black Mirror” está disponível na Netflix.

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Augusto Ikeda
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Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atua no mercado desde 2013 e já realizou trabalhos como assessor de imprensa, redator, repórter web e analista de marketing. É fã de esportes, tecnologia, música e cultura pop, mas sempre aberto a adquirir qualquer tipo de conhecimento.

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