A lamentável história real do filme “Assassinos da Lua das Flores”

Filme retrata história de membros de uma tribo indígena dos Estados Unidos que foram mortos por conta da ganância humana

Com estreia marcada para 19 de outubro, “Assassinos da Lua das Flores” é o mais novo filme do diretor Martin Scorsese e conta com a presença de dois dos seus colaboradores mais famosos: Robert De Niro e Leonardo DiCaprio. A trama é baseada em uma história real e pouco conhecida no Brasil: os assassinatos dos indígenas Osage nos Estados Unidos.

Essa série de mortes ocorreu principalmente nos anos 1920, no estado americano de Oklahoma. Os integrantes da tribo Osage tiveram suas vidas ceifadas por conta de ganância, dinheiro e racismo ao longo deste período de tempo, que recebeu o nome de “Reino do Terror”.

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Os Osage, o povo mais rico do mundo

A tribo Osage se originou no estado americano de Ohio e nos arredores do Rio Mississippi. Assim como outros povos indígenas americanos, foram forçados a se mudar de seu local de origem algumas vezes.

No final do século 19, eles se estabeleceram na Reserva Indígena Osage, que fica em um território onde, hoje, se encontra o estado de Oklahoma. Seus membros fizeram um acordo com o governo americano no qual se tornaram os proprietários legais destas terras – que eram montanhosas e pouco férteis, mas sob a expectativa de afugentar os colonizadores.

Nestas negociações, os Osage também receberam outro benefício do governo americano: quaisquer fontes minerais que fossem encontradas na reserva seriam de propriedade da tribo. Poderiam, ainda, alugar pedaços da terra para outras pessoas ou empresas, que deveriam pagar a elas royalties por quaisquer fontes minerais descobertas. O dinheiro era, então, enviado para um fundo coletivo que beneficiava toda a tribo.

Por fim, o pedaço de cada pessoa nesse fundo, chamado “headright”, não poderia ser vendido de forma alguma – apenas herdado pelos descendentes diretos.

Quando o acordo foi finalizado, tanto a tribo quanto o próprio governo americano já sabiam que o local contava com algumas reservas de petróleo. No entanto, várias outras foram descobertas com o passar dos anos.

Por conta disso, assim que os anos 1920 começaram, os Osage eram considerados o povo mais rico do planeta. Seus integrantes passaram a enviar as crianças para escolas particulares, comprar joias e carros e até viajarem para a Europa.

Para se ter ideia dessa riqueza adquirida pela tribo graças ao petróleo, esse fundo coletivo alcançou a marca de US$ 30 milhões, que corresponde a quase meio bilhão de dólares nos dias atuais.

No entanto, o que seria motivo de felicidade e prosperidade entre os Osage se tornou o capítulo mais triste da história da tribo, muito por conta da ganância humana.

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Começa o “Reino do Terror”

A descoberta de grande reservas de petróleo não atraiu apenas empresas à reserva, mas também muitas pessoas oportunistas que queria “passar a perna” nos Osage e se aproveitar da riqueza deles a qualquer custo.

Um ato que já atrapalhou a vida da tribo ocorreu em 1921, após o Congresso dos Estados Unidos aprovar uma lei na qual descendentes mestiços dos Osage deveriam ter uma espécie de guardião para gerenciar suas fortunas até que demonstrassem ter “competência” para isso. Muitos dos membros da tribo se casaram com pessoas de outras etnias.

No fim das contas, vários desses guardiões eram empresários e advogados brancos, que se aproveitaram desta situação legal criada pelo governo para desviar as fortunas dos membros da tribo. Se não bastasse isso, não demorou para que os novos residentes da reserva começassem a substituir os nomes dos próprios indígenas por “comuns”.

Isso também marcou o início desta série de assassinatos do povo Osage. As primeiras mortes foram registradas já no início dos anos 1920, quando dezoito membros da tribo e outras três pessoas que não eram indígenas foram encontradas sem vida em um curto período de tempo.

Não demorou muito para o número de óbitos ir aumentando, com vários integrantes da tribo sendo executados ou envenenados. Até mesmo as pessoas que decidiram investigar os crimes – incluindo muitas pessoas brancas – também foram assassinadas.

Em pouco tempo, diversas famílias Osage começaram a se esfacelar. Uma delas foi a de Wah-kon-tah-he-um-pah, que passou a se chamar Mollie e está em “Assassinos da Lua das Flores”, onde é interpretada pela atriz Lily Gladstone.

Em um curto período de tempo, Mollie perdeu uma de suas irmãs, Minnie, e a mãe, Lizzie, de “doenças peculiares”, enquanto outra irmã sua, Anna Brown, foi uma das primeiras executadas durante o “Reino do Terror”.

Ela ainda perdeu mais uma irmã, Rita, o cunhado, Bill, e um funcionário após uma bomba explodir na casa da família. Foi a partir destas mortes que os líderes tribais dos Osage decidiram pedir ajudar ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos para botar um fim ao banho de sangue que vinha ocorrendo na reserva.

William Hale, o carrasco dos Osage

Apenas em 1925 que as autoridades se mobilizaram para botar um fim ao que vinha ocorrendo na reserva. J. Edgar Hoover, o primeiro diretor da organização que mais tarde se tornaria o FBI (a polícia federal americana), enviou um agente até Oklahoma para investigar as mortes.

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Esse agente se chamava Tom White (interpretado por Jesse Plemons no filme), que era filho de um xerife no Texas. White se mudou para a reserva indígena e montou uma equipe para trabalhar no caso.

Com o decorrer das investigações, White e sua equipe logo chegaram à conclusão de que boa parte das mortes estavam ligadas a um nome: William Hale, um criador de bovinos que se mudou para a reserva e se tornou uma pessoa influente no local (no longa, ele é interpretado por Robert De Niro). Os Osage já haviam levantado suspeitas sobre ele.

Para dar mais contornos sombrios a esta história, o sobrinho de Hale, Ernest Burkhart (personagem de Leonardo DiCaprio em “Assassinos da Lua das Flores”), era o marido de Mollie e estava envolvido com a explosão que matou Rita e seu marido.

Se não bastasse isso, a própria Mollie estaria presente na casa da irmã no fatídico dia, mas desistiu de ir no último minuto. Ou seja: Burkhart planejava matar a própria esposa – com a ajuda de seu tio – e toda a família dela para herdar a parte deles no fundo coletivo dos Osage. Afinal, era a única forma de ser passado de uma pessoa para outra.

O destino final de cada personagem

William Hale e Ernest Burkhart foram presos no início de 1926 e julgados pelos crimes que cometeram. Hale ficou 18 anos preso em uma penitenciária no estado do Kansas até receber liberdade condicional em 1947.

O diretor do local era ninguém mais, ninguém menos que o próprio Tom White, um dos responsáveis por desvendar as mortes que Hale encomendou.

Já Ernest Burkhart conseguiu sua condicional 10 anos antes, em 1937, mas voltou a ser detido em 1941 por roubo e foi solto apenas em 1959. Ele passou os anos finais de sua vida vivendo em um trailer na companhia do irmão nos arredores da reserva e morreu em 1962.

Por fim, Mollie, que conseguiu sobreviver aos terríveis acontecimentos envolvendo os Osage, se divorciou de Ernest, casou novamente em 1928 com um homem chamado John Cobb e morreu em 1937, aos 50 anos. Seus filhos acabaram herdando sua fortuna após sua morte.

*Texto construído com informações da Wikipedia, Entertainment Weekly, Collider e Mental Floss.

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Augusto Ikeda
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Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atua no mercado desde 2013 e já realizou trabalhos como assessor de imprensa, redator, repórter web e analista de marketing. É fã de esportes, tecnologia, música e cultura pop, mas sempre aberto a adquirir qualquer tipo de conhecimento.

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