Alice Cooper: “há casos de transgêneros, mas temo que também seja um modismo”

Se valendo de teorias dignas de tiozão do zap, cantor foi convidado a comentar recentes declarações de seus pupilos, Paul Stanley e Dee Snider

Aparentemente, os rockstars andróginos de outrora não estão acostumados com algo que vá além de suas compreensões. Depois de Paul Stanley (Kiss) e Dee Snider (Twisted Sister), Alice Cooper resolveu compartilhar opiniões transfóbicas. Curiosamente, são três figuras que passaram a carreira toda desafiando as normas de gênero através de suas posturas de palco.

Em entrevista ao Stereogum, o alter ego de Vincent Furnier foi convidado a dar seus pensamentos sobre as declarações dos colegas a quem reconhecidamente influenciou.

“Entendo que existam casos de transexuais, mas temo que também seja uma moda passageira, que haja muita gente afirmando ser isso só porque quer ser. Você tem um filho de seis anos que não tem ideia. Ele só quer brincar, e você o confunde dizendo: ‘sim, você é um menino, mas pode ser uma menina se quiser ser’. Eu acho que isso é tão confuso para uma criança. É confuso até para um adolescente. Você ainda está tentando encontrar sua identidade, mas aqui está uma coisa acontecendo, dizendo: ‘sim, mas você pode ser o que quiser; você pode ser um gato, se você quiser’. Quero dizer, se você se identifica como uma árvore… E eu digo: ‘onde é que estamos, em um romance de Kurt Vonnegut?’ É tão absurdo que agora chegou ao bizarro.”

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A seguir, Alice se valeu de outra tática discursiva bastante conhecida: a do “não sou preconceituoso, mas…”

“A coisa toda da cultura woke… Ninguém pode responder a essa pergunta. Talvez você possa. Quem está ditando as regras? Existe algum prédio em algum lugar de Nova York onde as pessoas se sentam todos os dias e dizem: ‘ok, não podemos dizer ‘mãe’ agora, temos que dizer ‘pessoa que dá à luz’, divulgue isso agora mesmo.’ Quem é essa pessoa que está fazendo essas regras? Eu não entendo. Não estou sendo antiquado, estou sendo lógico sobre isso.”

Conservador reconhecido (embora fosse um alvo fácil para os hoje aliados quando iniciou a carreira), Cooper prosseguiu com um exemplo que simplesmente não encontra precedentes lógicos na sociedade:

“Está chegando ao ponto em que é ridículo. Se alguém estava tentando enfatizar, acabou transformando em uma grande comédia. Não conheço uma pessoa que concorde com a coisa do woke. Eu não conheço uma pessoa. Todo mundo com quem converso diz: ‘não é estúpido?’ E eu digo: ‘bem, eu respeito as pessoas e quem elas são, mas não vou dizer a um menino de sete anos para colocar um vestido porque talvez você seja uma menina; ele dirá que é um garoto’.

Então eu digo para que alguém pelo menos se torne sexualmente consciente de quem é antes de começar a pensar se é menino ou menina. Muitas vezes, vejo as coisas desta forma, da maneira lógica: Se você tem esses órgãos genitais, você é um menino. Se você tem esses órgãos genitais, você é uma menina. Há uma diferença entre ‘Eu sou um homem que é mulher, ou sou uma mulher que é homem’ e querer ser mulher. Você nasceu homem. Ok, então isso é um fato. Você tem essas coisas aqui. Agora, a diferença é que você quer ser mulher. Ok, isso é algo que você pode fazer mais tarde, se quiser. Mas você não é um homem que nasceu mulher.”

O entrevistador apontou para Alice que os pais não estão incentivando dúvidas sobre a identidade de seus filhos e estão apenas ouvindo-os e encontrando pediatras que forneçam cuidados adequados. A resposta foi estilo tiozão do zap:

“Bem, posso ver alguém realmente tirando vantagem disso. Um cara pode entrar no banheiro de uma mulher a qualquer momento e simplesmente dizer: ‘hoje me sinto uma mulher’ e se divertir muito ali, e ele não está nem um pouco… ele está apenas aproveitando disso, dessa situação. Bem, isso vai acontecer. Alguém vai ser estuprado e o cara vai dizer: ‘bem, eu me senti como uma garota naquele dia, e então me senti como um cara’. Onde você traça essa linha? Algo vai acontecer e, de repente, as pessoas vão começar a dizer: ‘espere um minuto, precisamos manter isso sob controle’. É quase assim com a inteligência artificial. As pessoas diriam: ‘bem, e quanto à IA?’. E eu falo: ‘a única pessoa que não deveria ter IA é Paul McCartney’. É perigoso.”

Discussão em pauta nos Estados Unidos

A pauta abordada por Alice Cooper vem sendo discutida por políticos em vários estados americanos tentando restringir a capacidade das pessoas trans de buscar tratamentos médicos de afirmação de gênero. Em alguns, como Geórgia e Tennessee, as proibições para menores já foram decretadas no primeiro trimestre de 2023.

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Também no Tennessee, Estados Unidos, um projeto de lei tentou proibir shows de drag queen em propriedade pública ou em qualquer lugar onde menores de idade possam estar presentes. A medida foi considerada incondicional por um juiz federal.

Em 2021, cerca de 42 mil crianças e adolescentes nos Estados Unidos receberam diagnóstico de disforia de gênero, quase o triplo do número de 2017, segundo dados compilados para a agência de notícias Reuters. Ela é definida como o sofrimento causado por uma discrepância entre a identidade de uma pessoa e aquela que lhe foi atribuída no nascimento.

Transgênero é um termo amplo para pessoas cuja “identidade, expressão de gênero ou comportamento não está de acordo com aquele tipicamente associado ao sexo ao qual foram atribuídos no nascimento”, de acordo com a American Psychological Association (APA).

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Alice Cooper, “Road” e Hollywood Vampires

Alice Cooper lança seu novo álbum, “Road”, na próxima sexta-feira (25). O trabalho foi produzido por Bob Ezrin e conta com a banda que acompanha o cantor nas turnês – algo que ele não faz com frequência quando se trata de gravações.

Paralelamente, o artista segue comandando o The Hollywood Vampires, projeto com Joe Perry (Aerosmith) e Johnny Depp. Recentemente, o grupo realizou uma turnê pela Europa.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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