Deicide dá aula de death metal ao tocar “Legion” na íntegra em São Paulo

Noite extrema no Fabrique Club contou ainda com apresentações das bandas Kataklysm, do Canadá, e Vulture, de Itapetininga (SP)

Apesar de uma ou outra derrapada na discografia, o Deicide jamais perdeu o posto de pilar do death metal. Ao vivo, isso se comprova ainda mais na atual turnê, em que a banda executa o caótico “Legion” (1992) na íntegra, acrescido de meia dúzia de clássicos avulsos. O resultado é uma verdadeira aula do estilo, testemunhada por cerca de 600 entusiastas na noite de sábado (14), no Fabrique Club, em São Paulo.

Após seis anos desde sua última passagem pelo Brasil, em 2017, o Deicide mostrou que está em ótima forma e que o guitarrista novato, Taylor Nordberg, foi um achado. Em pouco mais de um hora, o lendário grupo de Tampa, na Flórida (EUA), prestigiou o trigésimo aniversário de um de seus principais álbuns e “atropelou” os presentes com um setlist quase todo voltado para a fase áurea, na primeira metade da década de 1990.

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Antes, a paulista Vulture, de Itapetininga, e os canadendes do Kataklysm abriram os trabalhos com pontualidade e apresentações corretas. Ambas funcionaram como uma espécie de contraponto à rispidez do Deicide, já que apostam bastante em passagens mais melódicas e solos trabalhados.

Vulture inicia a noite

Na estrada desde 1996, o Vulture subiu ao palco pouco antes das 18h30. A presença de público já era considerável.

Com um set de meia hora, mesclaram músicas em inglês e português, como “Unholy Grave”, do mais recente “The End of Agony” (2020), e “Abençoado Seja o Homem Ateu”, do disco “Through the Eyes of Vulture” (2008). Foi ela, inclusive, que fechou o show e obteve a melhor resposta, com algumas pessoas cantando a letra.

*Fotos de Gabriel Gonçalves / @dgfotografia.showRole para o lado para ver todas. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.

Repertório – Vulture:

  1. Unholy Grave
  2. Murderous Disciples
  3. Omnscient Ignorance
  4. Mórbido Poder
  5. Evil War Domination
  6. Abençoado Seja o Homem Ateu

Kataklysm com setlist abrangente

O Kataklysm, por sua vez, já tem mais de três décadas de atividade – foi formado em 1991, em Montreal. Não chega a ser uma banda clássica, mas acompanhou o processo de desenvolvimento do death metal e, em determinado momento, optou por abraçar o lado mais melódico do estilo.

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O vocalista Maurizio Iacono e o guitarrista Jean-François Dagenais são os únicos remanescentes da formação original. Dentre os 14 álbuns de estúdio que já lançaram, o quarteto canadense contemplou oito deles no show, em especial “Meditations” (2018), que teve três músicas tocadas: “Guillotine”, “Narcissist” e “Outsider”. O ponto alto, no entanto, foi com a pesadíssima “In Shadows & Dust” e seu refrão marcante.

*Fotos de Gabriel Gonçalves / @dgfotografia.showRole para o lado para ver todas. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.

Repertório – Kataklysm:

  1. Push the Venom
  2. Guillotine
  3. Narcissist
  4. The Ambassador of Pain
  5. Where the Enemy Sleeps
  6. Manipulator of Souls
  7. The Killshot
  8. Outsider
  9. Crippled & Broken
  10. As I Slither
  11. In Shadows & Dust
  12. The Black Sheep

Deicide

Às 20h55, as luzes do Fabrique Club se apagaram, e o letreiro “DEICIDE”, em vermelho no fundo do palco, indicou que era hora do ato final. Sem qualquer teatro ou encenação, Glen Benton (baixo e vocal), Steve Asheim (bateria), Kevin Quirion (guitarra) e Taylor Nordberg (guitarra) subiram ao palco como quem escova os dentes toda manhã e destilaram 15 petardos do mais puro death metal, praticamente sem respiro.

As oito faixas de “Legion” foram tocadas logo de cara, na ordem exata do álbum. “Satan Spawn, the Caco-Daemon” já incitou os primeiros circle pits, que continuaram até o fim da apresentação.

Foto: Gabriel Gonçalves

Um dos maiores frontmen do metal extremo, Benton quase não se dirige ao público, pois não precisa. Sua presença imponente e o simbolismo do que ele representa para o death metal falam por si só.

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Até 2022, quando o Deicide iniciou a turnê comemorativa dos 30 anos de “Legion”, “Repent to Die” nunca havia sido tocada. Algo que não dá para entender, pois ela fica simplesmente fabulosa ao vivo e foi recebida de forma calorosa pelos deathbangers mais fanáticos.

Foto: Gabriel Gonçalves

Apesar de extremamente cultuado, “Legion” é conhecido por não ter uma das melhores produções. Digamos que ele está longe de figurar entre os grandes trabalhos do produtor Scott Burns, do lendário estúdio Morrisound Recording. Então, ouvir essas músicas com a devida qualidade sonora ao vivo é sublime.

“In Hell I Burn” e “Revocate the Agitator” concluem a homenagem a “Legion” com o nível lá no alto, mas o que vem a seguir não diminuiu o ímpeto. O Deicide executou mais sete músicas, numa espécie de “best of” avulso. Inúmeras bandas de death metal dariam tudo para ter pelo menos uma dessas.

Foto: Gabriel Gonçalves

Destaque para a potência de Steve Asheim, um baterista não tão lembrado como alguns outros do death metal, mas que certamente está entre as referências do estilo. E para a grata surpresa que é o jovem Taylor Nordberg, que segura a bronca nos solos, enquanto Kevin Quirion é sinônimo de precisão nos riffs.

*Fotos de Gabriel Gonçalves / @dgfotografia.showRole para o lado para ver todas. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.

Repertório – Deicide:

  1. Satan Spawn, the Caco-Daemon
  2. Dead But Dreaming
  3. Repent to Die
  4. Trifixion
  5. Behead the Prophet (No Lord Shall Live)
  6. Holy Deception
  7. In Hell I Burn
  8. Revocate the Agitator
  9. Once Upon the Cross
  10. When Satan Rules His World
  11. They Are the Children of the Underworld
  12. Scars of the Crucifix
  13. Sacrificial Suicide
  14. Homage for Satan
  15. Dead by Dawn

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Guilherme Gonçalves
Guilherme Gonçalves
Guilherme Gonçalves é jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG). É repórter do Globo Esporte e atua no jornalismo esportivo desde 2008. Colecionador de discos e melômano, também escreve sobre música e já colaborou para veículos como Collectors Room e Rock Brigade. Atualmente revisa livros da editora Estética Torta e é editor do Morbus Zine, dedicado ao death metal e grindcore.

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