Monsters of Rock 2023 reúne Kiss em despedida, Scorpions, Deep Purple e mais

Marcado por pontualidade e poderio de seu lineup completo por Helloween, Candlemass, Symphony X e Doro, festival volta a acontecer no Brasil após 8 anos de hiato

Kiss em nova e implacável despedida

*Por Thiago Zuma

Uma das marcas do Monsters of Rock de 2023 foi a pontualidade. Tamanha era a preocupação com cumprir o horário que algumas bandas começaram seus temas de introdução minutos antes do previsto. Foi o caso do Kiss, de volta com sua turnê de despedida, “End of the Road”.

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“Rock and Roll”, clássico do Led Zeppelin, tocou com mais volume no sistema de som indicando que o show se aproximava por volta de 20h55. Ao seu término, as luzes se apagaram, os telões se acenderam com a imagem da Terra no Universo rapidamente localizando o Allianz Parque no globo e entrando nos camarins, com Doc McGhee, lendário empresário do Kiss, conduzindo os músicos já maquiados do backstage ao palco.

Daí para frente, caiu a cortina com o icônico logo da banda que cobria o palco sob explosões e muitos fogos enquanto plataformas com cada um dos músicos desceram do alto do sistema de iluminação ao som de “Detroit Rock City”, clássica música do não menos clássico álbum “Destroyer” (1976). É mais um show do Kiss em São Paulo – o oitavo. E o último. Ou não.

Se a noite de outono paulistano estava fria naquele momento lembrando o gélido autódromo de Interlagos em 1999, na tour de “Psycho Circus”, ninguém que se amontoava na pista tinha condições de saber, tamanho o calor proporcionado pela aglomeração de pessoas e o fogaréu vindo do palco. É a banda mais quente do mundo – neste Monsters of Rock, deixemos de fora os piromaníacos do Rammstein, que abriram aquele show de quase 25 anos atrás.

A quantidade de crianças e jovens levados pelos empolgados pais (ou avôs? Calma!) joga para a baixo a média de idade do show do Kiss em relação a outros grupos setentistas. Afinal, quem se importa com a idade quando “Shout it out Loud” e “Deuce” emendam uma trinca arrebatadora no início do show? Se chacoalhar a cabeça acompanhando os riffs da pesada “War Machine” vão causar dores no pescoço, é problema do dia seguinte.

No palco, os mascarados são atemporais, ainda que a voz do sempre rebolante Paul Stanley às vezes sugira o contrário. Se a banda pode maquiar o rosto, por que não a voz? Parece ter sido o caso de “Heaven’s on Fire”, uma das quatro músicas executadas nesta noite que não existiam ainda quando o Kiss estreou no país naquele longínquo ano de 1983.

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“I Love it Loud”, faixa de “Creatures of the Night” (1982), do disco promovido naquele primeiro show do Kiss no país, foi tocada na sequência. Após coros massivos do público, empolgadíssimo desde o início da apresentação, Gene Simmons cuspiu fogo no palco e, de certa forma, a chama se apagou.

Era um festival – e ficou nítido o cansaço de boa parte do público –, muitos já no Allianz Parque havia horas quando “Say Yeah”, de “Sonic Boom” (2009), a faixa-caçula do Kiss executada na noite, teve morna reação, apesar do refrão bobo de tão fácil de acompanhar Paul Stanley. O clássico “Cold Gin”, do álbum de estreia de 1974, pareceu até um lado B obscuro.

Tommy Thayer, membro mais recente da formação atual Kiss, estável por mais de vinte anos, fez seu solo e tentou despertar o público atirando fogos de artifício de sua guitarra. O truque não funcionou tão bem quanto o hard oitentista de “Lick it Up”, afinal, já era noite, hora de festa – um pouco de “Won’t Get Fooled Again”, de The Who, no solo passou despercebido.

Afinal, cantar refrão era o que o povo queria, mas não aconteceu na pesada “Makin’ Love”, música do cultuado “Rock and Roll Over” (1976) e única diferença em relação ao show de um ano antes, no mesmo Allianz Parque. “Calling Dr. Love”, do mesmo álbum, porém, restabeleceu a ordem e a empolgação do público, antes da bem recebida “Psycho Circus”, faixa-título do disco da malfadada reunião da formação original em 1998, última lançada posterior ao show de 1983.

A noite era longa e até a maquiagem de Gene Simmons dava sinais de esgotamento. O solo de Eric Singer, com sua bateria sendo levantada por uma plataforma enquanto ele limpava o suor do rosto e disparava sem bumbo duplo, foi um momento para que os septuagenários senhores por trás da máscara tivessem um descanso, interrompido para um pedacinho da clássica “100,000 Years”, do disco de estreia de quase cinquenta anos atrás

Anunciando a reta final da apresentação, Gene Simmons começou a fazer seus barulhinhos no seu baixo para babar sangue no momento mais nojento e comicamente satânico da noite. Raios no telão, “God of Thunder”, o Kiss mostrava peso e o público cantava junto.

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Daí em diante, era o mesmo show de sempre. Paul Stanley usou sua tirolesa até o micropalco improvisado sobre a mesa de som e de lá cantou a animada “Love Gun” e a dançante “I Was Made For Lovin’ You” mais próximo da pista normal, ainda que se direcionasse mais às cadeiras laterais. Quando voltou ao palco principal, a banda tocou “Black Diamond” sob a voz de Eric Singer e se retirou do palco.

Era óbvio que a noite não terminaria sem “Rock and Roll All Nite”, mas antes Eric Singer se sentou ao piano e cantou a balada “Beth” com toda a orquestração pré-gravada e efeitos de luzes de rosas no palco.

Paul Stanley, ainda, declarou seu amor pelo país e perguntou se o sentimento era recíproco na clássica “Do You Love Me?”, já com bexigas em formato de bolas sobrevoando o público – que cantava e se divertia, mal prestando atenção nos músicos ao tentar guardar o objeto como recordação.

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Chuva de papel picado, serpentinas, fogos de artifício, explosões, chamas, “Rock and Roll All Night”, festa todo dia, coros do público. O Monsters of Rock se encerrava com Paul Stanley espatifando sua guitarra no chão enquanto os demais músicos eram elevados em suas plataformas. Talvez pela última vez em São Paulo. Ninguém vai reclamar se não for.

*Fotos de Gustavo Diakov / @xchicanox. Role para o lado para visualizar todas. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.

Repertório – Kiss:

  1. Detroit Rock City
  2. Shout It Out Loud
  3. Deuce
  4. War Machine
  5. Heaven’s on Fire
  6. I Love It Loud
  7. Say Yeah
  8. Cold Gin
  9. Solo de guitarra: Tommy Thayer
  10. Lick It Up
  11. Makin’ Love
  12. Calling Dr. Love
  13. Psycho Circus (parcial)
  14. Solo de bateria: Eric Singer
  15. 100,000 Years (parcial)
  16. Solo de baixo: Gene Simmons
  17. God of Thunder
  18. Love Gun
  19. I Was Made for Lovin’ You
  20. Black Diamond

Bis:

  1. Beth
  2. Do You Love Me
  3. Rock and Roll All Nite

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Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

3 COMENTÁRIOS

  1. Fui ontem ver o Deep Purple aqui em Curitiba.
    Na minha opinião o comentário ao qual vc escreve que foi um show fraco, palha, pueril (fui atrás do significado) , ou é de maldade, ou não curte, ou não viu.
    DEEP PURPLE É SELO DE GARANTIA!!!
    É LENDA!! É QUALIDADE!!!
    … ficar comparando com esse ou aquele é coisa de menininha ingrata, insatisfeita …de piazinho de prédio q nunca vai na rua jogar bola pois tem medo
    RESPEITA AS COISA DO ROCK … poser
    caso n tenha sido vc quem escreveu .. azar

    • Fabio, em nenhum momento qualquer pessoa neste site disse que o Deep Purple fez um show “fraco”, “palha” ou “pueril”. Nem eu, nem qualquer outro colaborador. Recomendo releitura atenta dos textos antes de publicar comentários.

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