Os melhores discos de 2022 na opinião de Igor Miranda

Editor do site apresenta top 10 com álbuns favoritos do ano além de outros 10 trabalhos que chamaram sua atenção e playlist com destaques

2022 foi, oficialmente, o ano da retomada na indústria musical. O retorno após o período de isolamento causado pela pandemia já ocorria em 2021 no âmbito de shows e turnês – especialmente no exterior, onde o poder público geralmente não se atrapalhava ao comprar vacinas –, mas foi no ano atual que tudo ganhou força.

Indiretamente, isso se refletiu nos lançamentos. Muitos artistas seguraram obras originalmente programadas para sair em 2020 com intenção de disponibilizar quando houvesse a possibilidade de excursionar. Houve também diversos músicos que só puderam criar material novo porque estavam, obrigatoriamente, fora da estrada.

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Fato é que 2022 nos ofereceu uma quantidade considerável de álbuns, singles, EPs e por aí vai. Por isso, fazer uma seleção de melhores discos de 2022 não foi uma tarefa lá muito fácil, mas aqui estão os meus prediletos reunidos em um top 10 e em outra lista com mais 10 trabalhos que me chamaram atenção. Uma playlist no Spotify com destaques selecionados também pode ser conferida clicando aqui ou no player abaixo.

Outros colaboradores do site foram convidados a revelar suas escolhas, que estarão presentes em artigos separados. João Renato Alves e Pedro Hollanda já enviaram artigos com seus melhores discos de 2022 e teremos outros nos próximos dias.

Vale lembrar o óbvio: trata-se de uma lista pessoal. Não “faltou” nada. Esses são apenas os meus melhores discos de 2022. Aproveite os materiais para conhecer bandas novas, revisitar álbuns que você não deu tanta atenção nos meses anteriores, construir seu próprio ranking ou qualquer outra finalidade que não seja palpitar em escolhas particulares dos outros.

Melhores discos de 2022 para Igor Miranda

10) Cardinal Black – “January Came Close” (blues rock / alternativo)

Se é difícil rotular o som do Cardinal Black, é fácil perceber as influências. Liderada pelo fenômeno virtual da guitarra Chris Buck – que se destaca junto do ótimo cantor Tom Hollister –, a banda galesa insere fortes doses de gospel e soul music a seu rock que flerta com blues, hard rock contemporâneo e até rock alternativo. Tudo isso se une a uma abordagem autoral melancólica que faz deste álbum um excelente item para acompanhar qualquer momento de “sofrência”.

9) Tedeschi Trucks Band – “I Am The Moon” (blues/southern rock)

Era tanta música boa que a Tedeschi Trucks Band precisou dividir “I Am The Moon” em quatro EPs (ou miniálbuns), cada um com um filme acompanhando. Inspirados pelo conto persa que baseou “Layla and Other Assorted Love Songs”, de Derek and the Dominos, Susan Tedeschi e Derek Trucks exploraram muitas possibilidades e colocaram ainda mais camadas em seu blues rock com fortes temperos de soul music e southern rock. Não é só o capricho na performance: as canções são fortes.

8) Megadeth – “The Sick, the Dying… and the Dead!” (thrash metal)

Foram tantos problemas durante as gravações que não seria de se estranhar que “The Sick, the Dying… and the Dead!” soasse abaixo de outros trabalhos do Megadeth. Aconteceu o contrário: o novo álbum é um dos melhores da banda no século 21 e mostra como as chegadas de Kiko Loureiro (guitarra) e Dirk Verbeuren (bateria), ambos gozando de raro espaço no processo autoral, reenergizou a banda capitaneada por Dave Mustaine. Há um olhar carinhoso para as influências thrash dos primeiros discos, mas de forma repaginada e atualizada para posicionar o clássico grupo em 2022.

7) Children of the Sün – “Roots” (hard/retro rock)

Apenas um pecado é cometido no segundo álbum desta jovem banda sueca de rock retrô: muitas músicas lentas, ainda que não necessariamente baladas. Mas o resultado é tão acima da média que dá para ignorar esse detalhe e apostar em uma audição mais imersiva. “Roots” mostra um grupo afiado e com uma rara consciência melódica entre tantos artistas de seu segmento, mas ao mesmo tempo disposto a colocar seus holofotes sobre sua cantora: Josefina Berglund Ekholm, dona de uma voz que causa arrepios logo nas primeiras notas.

6) Marcus King – “Young Blood” (blues/southern rock)

A parceria entre Marcus King e Dan Auerbach (The Black Keys, aqui como produtor) evoluiu. Disponibilizado através dos selos American Records/Republic Records, de Rick Rubin, “Young Blood” segue com o que foi iniciado em “El Dorado” (2020) ao unir novamente blues e southern rock com uma pitada tipicamente garage, mas de forma ainda mais coesa. Pode ser reflexo da recém-adquirida sobriedade do jovem e talentoso músico, que soa mais focado especialmente nas performances vocais, já que sempre foi imbatível na guitarra. Fato é que King parece estar apenas esperando o momento para estourar de vez. Que seja com “Young Blood”.

5) Alter Bridge – “Pawns & Kings” (hard rock/metal alternativo)

Não é como se o Alter Bridge nunca tivesse soado pesado até “Pawns & Kings”, mas o sétimo álbum de estúdio do grupo é diferente nesse sentido. Com o processo de composição orientado aos riffs, as guitarras de Mark Tremonti e Myles Kennedy ganharam protagonismo; consequentemente, o repertório conquistou intensidade. Outro mérito foi enxugar a tracklist: 10 músicas distribuídas em pouco mais de 50 minutos, oferecendo uma audição menos cansativa. Já dá para dizer que este é o melhor trabalho do grupo.

4) The Hellacopters – “Eyes of Oblivion” (hard/garage rock)

Quando se ouve um disco que marca o retorno de uma grande banda, a expectativa é pelo som dos momentos mais gloriosos do passado. Os músicos geralmente estão cientes disso e até tentam, mas raramente conseguem reproduzir a magia de outros tempos. Não é o caso do The Hellacopters, que mostrou como o tempo não passou para eles em “Eyes of Oblivion”. Nicke Andersson e seus colegas preservaram aqui a energia dos trabalhos mais clássicos, de modo que dá para qualquer curioso pelo grupo começar a desbravar sua discografia justamente por esse último play.

3) Eric Gales – “Crown” (blues rock)

No segundo semestre de 2020, Eric Gales e sua esposa, a cantora LaDonna Gales, contraíram Covid-19 e chegaram a ficar internados. Atravessaram dificuldades de saúde e financeiras. Talvez isso tenha feito o bluesman a gravar um de seus álbuns mais fortes. Produzido por e com colaborações de Joe Bonamassa, “Crown” é versátil, plural e de extremo bom gosto. Blues, rock, funk, soul, R&B, folk, gospel, hip hop e muito mais se fundem a partir do talento e feeling de Eric, que, além da habilidade na guitarra, é dono de uma voz única e profunda.

2) Fantastic Negrito – “White Jesus Black Problems” (blues / R&B / rock)

Com tantos acertos em sua discografia recente, Fantastic Negrito poderia ter se limitado a replicar o que deu certo seu novo álbum. Isso, porém, é pouco para um artista de tamanha capacidade. “White Jesus Black Problems” é conceitual e acompanha um filme homônimo que reflete sobre escravidão, racismo e as origens familiares do músico. Rock, gospel, soul, funk, R&B, ritmos africanos e até country são misturados com classe e sem bagunça. Tudo amarrado e com performances individuais espetaculares. Xavier Amin Dphrepaulezz voltou a se superar.

1) Ghost – “Impera” (hard rock / heavy metal)

Chegamos ao topo da lista de melhores discos de 2022 na minha opinião. Em seu quinto álbum, o Ghost aumentou a aposta na busca por se tornar a maior banda de som pesado formada no século 21. Pela primeira vez, repetiram um produtor – e justo Klas Ahlund, o mesmo de “Meliora” (2015) – para não só replicar o que deu certo no disco em questão como também expandir horizontes e referências. O resultado é o melhor possível e prova que aumentar a aposta deu certo: “Impera” é diverso musicalmente e rico em conceito e letras.

Mais sugestões

Além dos 10 melhores discos de 2022 em minha opinião, separei outras 10 sugestões de álbuns que podem agradar. Nesta seção, os trabalhos são mencionados em ordem alfabética dos nomes dos artistas.

Dorothy – “Gifts from the Holy Ghost” (hard rock): Deixando de lado as influências setentistas, Dorothy Martin e seus comandados apostaram aqui em um hard rock mais ganchudo, com timbres gordos e pegada visceral, mas abordagem contemporânea. Funcionou, especialmente porque as músicas são grudentas e facilmente cantaroláveis.

Eddie Vedder – “Earthling” (rock alternativo): Não há como ser ruim um álbum que une Elton John, Stevie Wonder, Ringo Starr e Chad Smith. “Earthling” tem como grande mérito oferecer um Eddie Vedder bem mais solto do que nos trabalhos recentes do Pearl Jam, mas ao mesmo tempo bem cuidadoso com suas composições, mais reforçadas melodicamente e até orientadas ao classic rock.

Goodbye June – “See Where the Night Goes” (hard/southern rock): Ainda que fique atrás do antecessor “Community Inn” (2019) e abuse da fácil influência do AC/DC, o novo álbum deste trio de Nashville tem ótimos momentos. Geralmente os êxitos vêm quando fogem do óbvio, como a balada “What I Need”, a explosiva “Stand and Deliver” e a densa “Nothing”. E como canta Landon Milbourn…

Harry Styles – “Harry’s House” (pop): O ex-One Direction não reniventa a roda, mas faz tudo direitinho em sua carreira solo. Em “Harry’s House”, ele se distnacia do pop de arenas de “Fine Line” (2019) e do rock setentista da estreia homônima (2017) para explorar o synthpop oitentista, além de funk, R&B e folk. Mesmo nos momentos mais pop, foge do convencional. Ponto para Harry Styles.

Larkin Poe – “Blood Harmony” (blues rock): O som das irmãs Rebecca e Megan Lovell é tão único que nem precisa mudar muito de um álbum para o outro para seguir soando refrescado. Gravado ao vivo em estúdio, “Blood Harmony” volta a mostrar os principais méritos do grupo: as dobras vocais bem colocadas, as calorosas composições blues/southern e a slide guitar ardida de Megan.

Ozzy Osbourne – “Patient Number 9” (heavy metal): Com tantos bons colaboradores, seria difícil dar errado. Ainda que não apresente a mesma carga emocional de “Ordinary Man”, tem ótimos momentos, especialmente as faixas gravadas ao lado de Tony Iommi, Eric Clapton e Mike McCready.

Palaye Royale – “Fever Dream” (glam rock / alternativo): O quarto álbum de estúdio do trio de irmãos é tudo o que se esperava desde a estreia “Boom Boom Room (Side A)” (2016), mas não chegava. Claro, veio num formato diferente – todas as composições foram feitas no piano, instrumento que aparece bastante no resultado final –, mas o art/glam rock com pitadas de pop alternativo e até emo revival reapareceu com força e carisma. As duas partes de “Off With the Head” são o melhor exemplo disso.

Slash feat. Myles Kennedy and The Conspirators — “4” (hard rock): Embora não ofereça alto padrão em toda a tracklist, “4” tem momentos grandiosos a exemplo do single “The River is Rising”, a ousada “Spirit Love” e a pesada “Whatever Gets You By”.

Tears for Fears – “The Tipping Point” (pop rock): O primeiro álbum do duo em quase duas décadas pode soar deslocado em uma primeira audição, mas é justamente por sair da caixinha – como sempre buscaram fazer Roland Orzabal e Curt Smith – que há o acerto. O pop experimental ganha profundidade em camadas que só as rugas dos rostos dos protagonistas poderiam oferecer. Nada como a bagagem de toda uma vida na hora de compor.

The Moon City Masters – “The Famous Moon City Masters” (hard/retro rock): A era do streaming fez esta lista apresentar um álbum que, na verdade, é uma compilação de singles divulgados anteriormente para as plataformas. Por isso, não soa como um disco propriamente dito, mas as músicas são boas – é o que importa. Aqui, os irmãos gêmeos Jordan e Talor Steinberg voltam a mostrar suas garras com um hard rock retrô grudento, repleto de groove e com vozes duplas insanas. Que venha um álbum de verdade da próxima vez.

Playlist com o melhor de 2022

A playlist a seguir, disponível no Spotify, compila algumas das melhores músicas de 2022 em minha opinião. Confira abaixo!

Confira mais listas: Os melhores discos de 2022 na opinião da equipe do site IgorMiranda.com.br

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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