Como era trabalhar com Layne Staley, segundo Jerry Cantrell

Guitarrista lembrou que apesar das diferenças pessoais, possuía muitas similaridades musicais com o saudoso vocalista do Alice in Chains

A dobradinha Layne Staley e Jerry Cantrell foi a mais emblemática do movimento grunge no que diz respeito ao histórico chavão roqueiro do vocalista e guitarrista que se completam. A percepção não é mera visão do fã de Alice in Chains, como o segundo deixou claro durante recente entrevista.

Falando ao canal de Rick Beato no YouTube, o instrumentista contou como a relação se dava. E revelou que, apesar de personalidades distintas, a música os unia e ajudava a complementar o que juntos eram capazes de oferecer ao mundo.

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Ele disse, conforme transcrição do Ultimate Guitar:

“Gostávamos muito da mesma música, mas também tínhamos gostos muito individualistas. Coisas que ele gostava e coisas que eu gostava que eram nossas, e então compartilhávamos um monte no meio. Ele tinha uma habilidade realmente estranha onde conseguia copiar o sotaque de qualquer um só de ouvi-lo uma vez, ou fazer uma piada se ouvisse uma fala em um filme, apenas repeti-la literalmente. Ele tinha esse tipo de capacidade de imitação.”

Jerry Cantrell e as harmonias vocais

Não dá para falar de Layne e Jerry sem lembrar a característica harmonia vocal que conseguiam fazer, se tornando característica fundamental na sonoridade do Alice in Chains. Por sorte, como lembra Cantrell, os dois eram apreciadores da proposta.

“Éramos fãs de harmonias vocais. Quando começamos a escrever músicas juntos, foi um processo orgânico. Você está apenas tentando escrever algumas músicas e descobrir qual é sua linguagem. Levamos provavelmente um ano emulando outras coisas até começarmos a tropeçar nisso e nos darmos conta: ‘Uau, é legal, certo? Ei, talvez sejamos nós’.”

Jerry ainda destacou que o grupo conseguiu algo que nem sempre acontece de forma natural: encontrar uma identidade logo na estreia. Ele diz:

“É o mesmo para todas as bandas, depende de quanto tempo dura esse período de gestação, de tentar se encontrar até fazer seu primeiro disco que você sente que é realmente você. Às vezes, isso não acontece até o segundo ou terceiro disco. Mas para nós, em ‘Facelift’ acho que já estávamos cerca de 90-95% focados. Quer dizer, somos todos nós, mas ainda havia alguns resquícios de coisas que ainda tínhamos que descartar, e um pouco de pele velha, se preferir.”

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O guitarrista finalizou reconhecendo a falta que o colega ainda faz, mesmo com tanto tempo passado.

“Compartilhamos algo especial em comum, é algo que criamos juntos e ainda me faz sentir bem continuar com isso, e me faz pensar nele. Claro, eu sinto muita falta dele, mas aprecio o tempo que tivemos, a música que fizemos juntos, e sigo carregando a tradição do que começamos juntos.”

Layne Staley e Alice in Chains

Layne Staley morreu com apenas 34 anos de idade, em 5 de abril de 2002, devido a uma overdose de heroína com cocaína. O cantor sofreu com o vício e a depressão por anos até perder a própria vida.

À época, o Alice in Chains, que estava em hiato, encerrou atividades de imediato. Porém, os integrantes remanescentes resolveram retomar os trabalhos em 2005, anunciando William DuVall para a vaga no ano seguinte.

Lançado em 24 de agosto de 2018, “Rainier Fog” é o sexto e mais recente disco de inéditas do Alice in Chains. Chegou ao 12º lugar na Billboard 200, além de ter entrado no Top 10 de seis paradas europeias. O título é uma homenagem ao Monte Rainier, estratovulcão que pode ser visto de qualquer parte da área metropolitana de Seattle.

Jerry Cantrell disponibiliza o álbum solo I Want Blood no próximo dia 18 de novembro. Uma semana antes, realiza show em São Paulo, único da nova passagem pelo Brasil. Confira detalhes completos da apresentação clicando aqui.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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