Crítica: “Lobisomem na Noite” é um bem-vindo sopro de novidade na Marvel

Apesar de ainda seguir padrão de infantilização dos projetos, especial de terror da Marvel acerta ao tentar mudar um pouco a forma de fazer a roda girar

Aconteceu o que todos previam: o jeitão Marvel Studios de se produzir conteúdo alcançou a saturação. Há muito tempo não me lembro de ficar ansioso ou esperançoso em consumir algo do segmento cinematográfico da Casa das Ideias. Talvez tenha sido esse sentimento que ajudou – e muito – a nova empreitada do estúdio com seu primeiro média-metragem “Lobisomem na Noite”.

O especial é extremamente simples e traz uma boa homenagem à forma de se fazer cinema dos anos 1940. Todo em preto e branco e com uma trilha sonora de mão pesada e marcante, a obra é interessante principalmente por fugir dos padrões Marvel de ser. Há apenas de se observar que a compra dos estúdios pela Disney trouxe consigo uma infantilização que pode custar caro em algum momento.

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Projeto que caiu do céu

“Lobisomem na Noite” (ou “Werewolf By Night” no original) conta a história de um grupo de caçadores de monstros convocados a participar de uma caçada para então definir o seu novo líder e portador da relíquia Pedra de Sangue – um artefato que pode render diversos poderes ao usuário.

O anuncio do especial surgiu como uma grande surpresa em todos os sentidos. A começar pela direção, comandada por Michael Giacchino, que faz aqui sua estreia como diretor após uma carreira de prestigio como compositor de trilhas sonoras – é dele a forte trilha de “The Batman”. Também foi curiosa a escolha para o protagonismo da obra: o ator mexicano Gael García Bernal, que imprimiu com maestria a figura de Jack Russell, um homem com um segredo envolvendo a lua cheia.

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O chamado média-metragem é muito simples e de desenvolvimento rápido. Em apenas 50 minutos, tudo se desenrola com um ritmo frenético.

Por se tratar de uma nova experiência ao consumir um produto Marvel, não é difícil encontrar-se complemente entregue à oportunidade. O clima anos 1940 adotado por Giacchino é surpreendentemente novo dentro de um universo que conhecemos tão bem, o que pode fazer o coração do fã pulsar forte por estar testemunhando algo distinto.

Tudo em “Lobisomem na Noite” é prático como antigamente: os cenários visivelmente falsos ao melhor estilo “Chapolin Colorado”, os figurinos extravagantes, as tensões pra lá de exacerbadas… sem falar no belíssimo preto e branco, com efeitos de projetor que nos trazem a sensação de estar assistindo a algo rodado a manivela. É uma experiência extremamente direta e agradável.

Não é terror

Aceitemos: a Marvel agora é da Disney. Dessa forma, não adianta cair em determinadas questões esperançosas quanto ao estúdio. A Casa do Mickey não ultrapassa determinadas linhas.

“Lobisomem na Noite” foi promovido como um especial de terror, mas não há nada do gênero. Tem-se pouquíssimo sangue e nada de sustos ou medos. Tratando-se de Walt Disney, deveríamos agradecer pelo pouco nesse sentido que nos foi dado.

A própria transformação de Gael García em Lobisomem é retratada de forma contida para não chocar. E acredite: funciona, simplesmente porque tudo está dentro de uma proposta com o objetivo de entreter com o novo, sem ligações e amarras com o restante do Universo Cinematográfico Marvel (UCM). Dá para sentir até um certo descompromisso na liberdade em: “ok, só faça algo diferentão”.

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A maquiagem prática e sem CGI do lobisomem remete à mesma figura de grandes clássicos do gênero. O trabalho de movimentação e de saltos agrada aos olhos em todos os aspectos. Há ainda uma brincadeira sagaz com as luzes e com planos que não revelam muito. Fazia tempo que eu não via um conjunto de escolhas tão bem acertadas.

Futuro promissor

Talvez, sem querer, a Marvel tenha encontrado um interessante formato para algumas futuras obras. Algo simples, rápido e de fácil degustação e que pode render mais obras até de baixo custo para os estúdios.

O UCM também ganha com isso. O “monstroverso” está estabelecido, o que abre portas para o caçador Blade de Mahershala Ali e para outras possibilidades do seleto grupo das trevas da Marvel.

Por enquanto, não há mais informações sobre o futuro de Jack Russell (Gael García Bernal), Elsa Bloodstone (Laura Donnelly) e do simpático Homem-Coisa. Contudo, uma coisa é certa, Kevin Feige não é de perder grandes oportunidade.

“Lobisomem na Noite” já está disponível para assinantes do Disney+ e vale a pena o play. É a Marvel em seu melhor estilo, oferecendo diversão pura.

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Raphael Christensen
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Ator, Diretor, Editor e Roteirista Formado após passagem pelo Teatro Escola Macunaíma e Escola de Atores Wolf Maya em SP. Formado em especialização de Teatro Russo com foco no autor Anton Tchekhov pelo Núcleo Experimental em SP. Há 10 anos na profissão, principalmente no teatro e internet com projetos próprios.

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