Disputando com “Smoke on the Water” (Deep Purple), o título de riff introdutório favorito dos aprendizes de guitarra, “Sweet Child O’ Mine” é a música mais famosa do Guns N’ Roses. Presente no álbum de estreia, “Appetite for Destruction” (1987), a faixa surgiu a partir de uma “brincadeira” de Slash em sua guitarra, ganhando o coração dos outros membros da banda.
A famosa introdução surgiu de algo que o músico denominou ao longo dos anos como uma “melodia de circo” ou “exercício” que ele fez durante um ensaio informal, na sala da casa onde os membros do GN’R moravam. O próprio guitarrista não deu a menor importância para a melodia que havia acabado de conceber, como relembrou em entrevista para a Total Guitar em 2012, resgatada pelo site uDiscoverMusic.
“Inicialmente era só um riff legal que eu criei. Era um padrão interessante e bem melódico, mas eu não acho que teria mostrado para a banda e dito ‘ei, eu tive essa ideia’ porque aconteceu de eu criar enquanto estávamos relaxando juntos.”
Felizmente, o guitarrista Izzy Stradlin se interessou pela passagem e imediatamente criou uma base. O baixista Duff McKagan e o baterista Steven Adler acompanharam na sequência.
Enquanto a jam acontecia na sala, o vocalista Axl Rose ouvia o som em seu quarto, no andar de cima da casa. Logo ele se lembrou de um composição na qual estava trabalhando.
Amor e infância
Na época, pouco antes do lançamento do álbum de estreia do GN’R, Axl Rose estava em um relacionamento com Erin Everly, a filha de Don Everly, dos Everly Brothers. O cantor tinha uma letra escrita sobre o namoro e quando ouviu a ideia, teve a ideia de encaixar o tema à música.
Além da óbvia conotação romântica, a letra de Rose também traz lembranças de sua infância, incluindo o “céu azul”. O vocalista comentou sobre o assunto durante uma entrevista ao Los Angeles Times em 1991.
“O verso do ‘céu azul’ é uma das minhas primeiras memórias da infância – olhar o céu azul e desejar que eu pudesse desaparecer nele, porque era tão bonito.”
Axl também se inspirou em uma banda mais antiga para trazer o feeling romântico e “caseiro” de “Sweet Child O’ Mine”: o Lynyrd Skynyrd. Como ele disse em 1987, em entrevista a Paul Elliott, a banda de southern rock era incontestável em Indiana, onde ele cresceu.
“Em Indiana, o Lynyrd Skynyrd era considerado Deus – ao ponto de eu acabar dizendo ‘eu odeio essa p*rra de banda!’ E mesmo assim, para ‘Sweet Child’, eu fui e peguei algumas fitas antigas do Skynyrd para ter certeza de que teríamos aquele feeling caseiro, sincero.”
Para onde vamos agora, Guns N’ Roses?
“Sweet Child O’ Mine” só foi ganhar forma a partir das gravações que o Guns N’ Roses fez com o produtor Spencer Proffer. Foi ele quem sugeriu que a música tivesse uma “parada” em seu final, além de ajeitar alguns versos e pontes.
Neste momento, a banda começou a pensar, e Axl Rose dizia em voz alta “para onde vamos agora?” (“where do we go now?”).
Dito e feito: Proffer sugeriu que Axl cantasse essa dúvida e a música, como a conhecemos, estava terminada.
O resultado de “Sweet Child O’ Mine”
O álbum “Appetite for Destruction” foi lançado em julho de 1987, mas seus primeiros dois singles não se saíram bem. “It’s So Easy” praticamente não obteve repercussão, enquanto “Welcome to the Jungle” ganhou alguma relevância devido ao clipe na MTV – muito pedido por telefone após ser exibido pela primeira vez de madrugada.
Mas foi só em junho de 1988, quase um ano depois do lançamento do álbum, que “Sweet Child O’ Mine” foi divulgada como single e ganhou seu videoclipe. A partir daí, o Guns N’ Roses estourou de vez.
Curiosamente, a canção nunca foi uma das favoritas de Slash. Fora o ritmo mais romântico, uma das principais críticas do guitarrista ao próprio riff era a dificuldade de tocá-lo do jeito certo quando estava bêbado.
Mas ele teve que se acostumar. É impossível imaginar um show do Guns N’ Roses sem “Sweet Child O’ Mine”. A música também fez parte dos repertórios da carreira solo do próprio músico.
Como single, os números foram ótimos: a canção alcançou o primeiro lugar da parada da Billboard, nos Estados Unidos, e chegou ao top 10 na Irlanda, Reino Unido, Nova Zelândia e Canadá. Tornou-se um hit atemporal, de modo que recentemente se tornou o tema central da trilha sonora do filme “Thor: Amor e Trovão” (2022), da Marvel.
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