Como “Appetite for Destruction”, do Guns N’ Roses, quase foi um fiasco

Disco de estreia da banda de hard rock demorou a emplacar e passou perto de se tornar um fracasso em vendas

Lançado em 21 de julho de 1987, “Appetite for Destruction”, do Guns N’ Roses, é um dos discos mais importantes e bem-sucedidos do rock em geral. O trabalho é uma das referências atemporais do hard rock e segue, ainda nos dias de hoje, como o álbum de estreia mais vendido da história.

Contudo, “Appetite for Destruction” não obteve a repercussão esperada em seu primeiro ano de lançamento. O álbum demorou a emplacar e, se não fosse por alguns esforços em particular, seria um fiasco de vendas e permaneceria, no máximo, como um clássico cult.

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A banda mais perigosa – e autodestrutiva

O Guns N’ Roses foi formado em 1985, após uma fusão entre os grupos L.A. Guns e Hollywood Rose. Após alguns ajustes, a formação se consolidou com Axl Rose nos vocais, Slash e Izzy Stradlin nas guitarras, Duff McKagan no baixo e Steven Adler na bateria.

A banda, definitivamente, veio de baixo. Antes de se lançarem à fama, os integrantes do Guns N’ Roses viviam sob a tríade “sexo, drogas e rock n’ roll”. Tiveram problemas financeiros, mergulharam no abuso de ilícitos e vivenciaram a decadência antes mesmo de chegarem a algum lugar.

A situação mudou após a banda ter construído um legado com shows enérgicos no circuito de Los Angeles e, consequentemente, ter chamado a atenção do olheiro Tom Zutaut, da Geffen Records. O EP “Live Like A Suicide” foi divulgado, em 1986, enquanto o grupo se preparava para gravar “Appetite for Destruction”.

Desinteresse pelo Guns N’ Roses

Eis que “Appetite…” foi lançado em 21 de julho de 1987. Entretanto, o álbum não despertou o interesse do público. A sonoridade mais crua do Guns N’ Roses em tempos de auge da música pop/dance, aliada à imagem ligada de forma intrínseca às drogas e aos abusos em geral fizeram com que a mídia, como um todo, tivesse receio de veicular material do grupo.

Em entrevista ao Uproxx Docs, Tom Zutaut chegou a dizer que havia um “movimento anti-Guns N’ Roses”. Ele foi desafiado a salvar a banda de um fiasco, visto que a Geffen havia feito um investimento considerável em “Appetite for Destruction”.

Zutaut corria contra o tempo, pois a gravadora queria zerar as despesas relacionadas à banda. Os números estavam a favor dos cortes: em fevereiro de 1988, sete meses após o lançamento, “Appetite for Destruction” havia vendido apenas 200 mil discos. Era um fiasco.

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Uma virada inesperada

Tom Zutaut precisou falar com David Geffen, dono da gravadora, para pedir ajuda. David ligou para a MTV e pediu para que a emissora veiculasse o clipe de “Welcome To The Jungle”.

O problema é que o vídeo seria exibido somente uma vez, às 4h da madrugada, em um domingo. “Foi o melhor que consegui”, afirmou David Geffen.

Curiosamente, deu muito certo. “Welcome To The Jungle” chamou a atenção do público, mesmo em um horário pouco favorável. Segundo Tom Zutaut, a emissora recebeu 10 mil ligações simultâneas graças à exibição única de “Welcome To The Jungle”, o que fez a aparelhagem da emissora queimar, devido à sobrecarga.

“Acordei com várias ligações perdidas do meu escritório e pensei que queriam me demitir. O cara que mais me ligou era porque queria me promover. Ele disse: a MTV adicionou o vídeo e a porta do switch pegou fogo”, afirmou o executivo.

Appetite for Destruction: números que impressionam

A reação nas vendas começou, mesmo, em agosto de 1988. Além do sucesso na MTV, o Guns N’ Roses estava fazendo dezenas de shows para promover “Appetite for Destruction”. No fim do ano, o álbum já havia conquistado disco de ouro nos Estados Unidos, pelas 500 mil cópias vendidas, além de emplacar em outros países de todo o mundo.

Com o passar dos anos, “Appetite” só fez aumentar os números. Estima-se que, atualmente, mais de 30 milhões de cópias do disco tenham sido vendidas em todo o mundo. O trabalho foi certificado 18 vezes disco de platina nos Estados Unidos, devido às 18 milhões de comercializações.

Apesar de ainda permanecer como uma banda de sucesso, o Guns N’ Roses nunca conseguiu repetir o que foi feito em “Appetite” – até porque foi o único álbum full-length gravado com o quinteto clássico. O baterista Steven Adler foi demitido em 1990, enquanto Izzy Stradlin saiu do grupo no ano seguinte.

Ainda assim, o Guns N Roses permaneceu relevante – mesmo quando o grupo esteve sem Slash e Duff McKagan e foi capitaneado somente por Axl Rose. E parte dessa força que permaneceu com o GN’R foi graças a “Appetite for Destruction”.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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