Os 10 anos de ‘Saints Of Los Angeles’, o disco final do Mötley Crüe

Mötley Crüe – ‘Saints Of Los Angeles’
Lançado em 24 de junho de 2008

O Mötley Crüe nunca mais foi o mesmo após o fim da década de 1980. Entretanto, o momento em que a banda esteve mais próxima de seu auge, da forma que o público a conheceu décadas antes, foi em “Saints Of Los Angeles”, seu último disco de estúdio.

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Quando se diz que o Crüe não foi mais o mesmo depois que os anos 1980 acabaram, não se trata apenas de figura de linguagem. A banda realmente passou por algumas mudanças de formação que impediram uma sequência em seu trabalho.

Primeiro, John Corabi ocupou a vaga de Vince Neil nos vocais entre 1992 e 1996 e gravou o álbum autointitulado de 1994 – que é incrível, embora pareça outra banda. Neil voltou, mas o disco que selou o retorno, ‘Generation Swine’ – lançado no mesmo dia que ‘Saints Of Los Angeles’, só que em 1997 -, é muito ruim, devido aos flertes pouco focados no rock alternativo e no industrial. O baterista Tommy Lee saiu em 1999 para se dedicar à carreira solo e teve seu posto ocupado por Randy Castillo (que gravou o bom “New Tattoo”, de 2000) e Samantha Maloney (responsável pela turnê de divulgação). Lee só reocupou o banco da batera cinco anos depois.

Em 2004, com a formação original reunida mais uma vez, o Mötley Crüe excursionou bastante, com direito a um DVD ao vivo, intitulado “Carnival Of Sins”. Faltava um disco de inéditas para selar a volta – só que, desta vez, precisava ser bom, diferente do terrível “Generation Swine”.

O resultado foi “Saints Of Los Angeles”, um dos melhores entre os poucos discos lançados pelo Mötley Crüe após a década de 1980. De proposta levemente conceitual, o álbum tem músicas que contam mini-histórias e estão entrelaçadas, ainda que de forma distante, com o livro biográfico “The Dirt”, de 2001.

Diferente de outros discos, “Saints Of Los Angeles” teve um processo de gravação fragmentado. O baixista e principal compositor, Nikki Sixx, criou praticamente tudo ao lado de James Michael e DJ Ashba, seus colegas na banda Sixx:A.M. e produtores do álbum ao lado de Sixx, e de Marti Frederiksen, notável por suas colaborações com o Aerosmith.

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O guitarrista Mick Mars também participou do processo “in loco” e tem créditos em seis músicas. Sixx e Mars gravaram suas partes e enviaram a Vince Neil e Tommy Lee para que completassem o registro sem grandes interferências criativas – Lee só é creditado como co-autor de uma música, “This Ain’t A Love Song”.

Como Nikki Sixx capitaneou até mesmo a criação melódica de tudo, “Saints Of Los Angeles” acabou ficando com uma cara mais contemporânea e homogênea – o que foi bom, já que as contribuições de Tommy Lee nunca foram das melhores. Há flertes com vertentes mais alternativas do rock e metal que, particularmente, me agradaram, pois ajudaram a dar uma pegada mais moderna a uma banda old school.

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A veia mais contemporânea surge em músicas como “The Animal In Me”, “This Ain’t A Love Song”, “Just Another Psycho” e até na clássica faixa título, que parece, em especial, aliar o melhor dos dois mundos. A pegada tradicional dá mais as caras nas faixas do início, como “Face Down In The Dirt”, “What’s It Gonna Take” e “Down At The Whisky”, além de “Chicks = Trouble”, mas, por se tratar de um álbum mais homogêneo, é difícil perceber essa diferença.

O grande charme de “Saints Of Los Angeles” é que não há fillers: todas as faixas são boas e merecem estar no produto final. E isso é um ponto de destaque excepcional quando se fala do Mötley Crüe, já que, mesmo na década de 1980, a banda lançava discos com pelo menos alguma música bem fraca, só para encher linguiça.

A repercussão comercial de “Saints Of Los Angeles” foi boa: nos Estados Unidos, o disco chegou à 4ª posição das paradas da Billboard e teve 99 mil cópias vendidas somente na primeira semana de lançamento. Em outros países, os números também foram satisfatórios: o álbum conquistou o 3° lugar nos charts do Canadá, 5° na Suécia, 6° na Finlândia e 14° na Austrália.

Apesar dos bons números, parece que os integrantes do Mötley Crüe esperavam vendas ao estlio da década de 1980 – o que não aconteceria, até pelo estado atual do mercado fonográfico. Isso fez com que a banda não lançasse mais nenhum disco de inéditas até o seu fim, em 2015.

Além disso, a impressão passada ao longo das décadas é que os músicos do Mötley Crüe nunca se deram bem. A hipótese se confirmou com entrevistas recentes de Nikki Sixx, que confirmou que a banda acabou de forma não muito amigável e que não fala com os antigos colegas desde então.

“Sempre fui do tipo de pessoa que quer criar arte. E há músicos que não querem gravar discos mais, porque não ganham dinheiro a partir deles. Não entendo essa atitude e acho que alguns caras do Mötley têm uma ideia diferente de mim sobre isso”, afirmou, à revista “Metal Hammer”. Uma pena, pois “Saints Of Los Angeles” é muito bom e mostra que o Mötley Crüe ainda tinha lenha para queimar.

Nikki Sixx explica fim do Mötley Crüe: ‘ideias diferentes’

Vince Neil (vocal, guitarra)
Mick Mars (guitarra)
Nikki Sixx (baixo)
Tommy Lee – bateria

Músicos adicionais:
James Michael (teclados, backing vocals)
Marti Frederiksen, Melissa Harding (backing vocals)

1. L.A.M.F.
2. Face Down in the Dirt
3. What’s It Gonna Take
4. Down at the Whisky
5. Saints of Los Angeles
6. Muther Fucker of the Year
7. The Animal in Me
8. Welcome to the Machine
9. Just Another Psycho
10. Chicks = Trouble
11. This Ain’t a Love Song
12. White Trash Circus
13. Goin’ Out Swingin’

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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