A Rock World, empresa responsável pela organização de dois dos maiores festivais de música do Brasil – Rock in Rio e The Town –, foi incluída recentemente no cadastro de empregadores responsabilizados por mão de obra análoga à de escravo.
A situação vem em decorrência de uma operação executada por uma força-tarefa de agências estaduais e federais. Em 22 de setembro de 2024, último dia do Rock in Rio, foram resgatadas durante uma fiscalização de rotina em festivais desse porte 14 pessoas submetidas a condições de trabalho no evento consideradas pelo Ministério do Trabalho como impróprias.
Segundo entrevista do auditor fiscal do trabalho Alexandre Lyra, um dos coordenadores da operação, ao Repórter Brasil, os trabalhadores eram levados a dobrar a jornada por dias seguidos na esperança de receber mais. Isso acarretava em turnos de até 21 horas, com apenas três horas de descanso. Ele descreveu a prática:
“Eles começavam a jornada às 8h e iriam até as 17h. Quando dava o horário, o supervisor perguntava: quem quer dobrar? E eles iam até as 5h da manhã. O problema é que já retornariam três horas depois. Então, em razão dessa oferta de pagamento maior, falavam ‘sim’. E onde é que dormiam? Lá, no chão, em cima de jornal, papelão, usando mochila de travesseiro, utilizando um banheiro improvisado, absolutamente um lixo.”
Rock World se posiciona
Em nota oficial, a Rock World repudiou a acusação e colocou a responsabilidade numa empresa terceirizada:
“A empresa ressalta que não existe até o presente momento qualquer fato desabonador de sua conduta que tenha sido comprovado após ser submetido ao devido processo legal. A Rock World reforça que as supostas irregularidades trabalhistas não foram praticadas pela empresa e que a própria fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego identificou que teria sido realizada pela empresa terceirizada FBC Backstage Eventos Ltda.”
A inclusão da Rock World na lista ocorreu após a empresa exercer seu direito de defesa contra as acusações feitas pelas autoridades. Agora, ficará no cadastro negativo do governo por dois anos, com a possibilidade de acordo que a moveria para uma lista de observação, mediante o cumprimento de uma série de critérios e compensações.
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