O coreógrafo e dançarino Wade Robson e o ex-ator James Safechuck acusaram Michael Jackson de abuso infantil entre 2013 e 2014 e moveram uma ação contra o espólio do cantor, falecido em 2009. Como a Justiça dos Estados Unidos aceitou reabrir os processos no ano passado, ambos os autores querem que o julgamento aconteça antes do lançamento da cinebiografia do artista, no início de 2025.
De acordo com a Rolling Stone, as denúncias dos dois envolvidos foram unidas em um mesmo caso. Publicamente, eles já haviam contado suas histórias no documentário “Leaving Neverland” (2019).
John C. Carpenter, advogado das alegadas vítimas, deseja que eles sejam ouvidos até fevereiro do ano que vem, pois acredita que o filme sobre a vida do Rei do Pop será extremamente bajulador e destoará da realidade. No caso, a produção conta com a colaboração direta da MJJ Productions e MJJ Ventures, companhias de Jackson que administram sua obra.
“Eles querem que a cinebiografia de Michael Jackson seja lançada antes do julgamento. Isso é o que eu penso. Essas empresas que facilitaram o abuso em primeiro lugar estão reescrevendo a história.”
Em contrapartida, Jennifer L. Keller, defensora das empresas, entende que não será possível cumprir o prazo solicitado. Isso porque, em suas palavras, a situação é complexa e o julgamento, por causa das “questões jurídicas extremamente difíceis”, demandaria variadas testemunhas, além de muitos dias. Ela estipula como uma provável data dezembro de 2026.
Carpenter discorda do argumento, alegando que a natureza do cenário não é complicada, apenas antiga. Por enquanto, o juiz do Tribunal Superior do Condado de Los Angeles marcou uma nova audiência de acompanhamento para o dia 5 de junho.
Nos últimos anos, o espólio de Michael vem negando todas as acusações. Marlon Jackson, irmão do cantor, opinou para a Rolling Stone em 2019 que Wade e James estão fazendo falsas queixas com o intuito de ganhar dinheiro.
As denúncias contra Michael Jackson
Wade Robson e James Safechuck prestaram depoimentos para o documentário “Leaving Neverland” (2019). Segundo a produção, o primeiro mencionado conheceu o Rei do Pop aos 5 anos de idade, na Austrália, ao ganhar um concurso de dança. Sob a promessa de virar uma estrela, mudou-se para Los Angeles junto de parte da família, quando afirma ter ficado próximo do cantor. Relata que, entre 7 e 14 anos, teria sido molestado diversas vezes no Rancho Neverland – antiga propriedade de Jackson.
Já o segundo encontrou o artista pela primeira vez aos 9 anos de idade, enquanto filmava um comercial da Pepsi. Depois disso, Michael teria passado a escrever e a telefonar frequentemente para o menino, enviando presentes e convidando para passeios. Entre 1988 e 1992, segundo a acusação, o artista teria abusado do garoto “centenas de vezes”.
Tanto o dançarino como o ex-ator moveram, separadamente, uma ação contra a corporação MJJ Productions, Inc, entre 2013 e 2014. Eles alegam que os funcionários da empresa atuaram como cúmplices e ajudaram a acobertar as atitudes de Michael, já que, na época dos supostos abusos, teriam permitido que o artista ficasse sozinho com as crianças e ajudado na compra de presentes para elas.
Por prescrição, os processos foram arquivados. Porém, como a lei em relação à denúncia de abusos sexuais mudou na Califórnia (com vítimas na infância podendo entrar com uma ação até os 40 anos de idade e não mais aos 26), os casos ganharam reabertura em 2019.
Em 2021, um juiz de Los Angeles acatou o argumento de que os representantes não tinham o dever de proteger as supostas vítimas ou controlar o comportamento do cantor. No entanto, o tribunal de apelação da Califórnia não concordou com a defesa. Por isso, no ano passado, a Justiça dos Estados Unidos aceitou reabrir os processos.
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