As características de uma boa música política, segundo o Green Day

Para o vocalista e guitarrista Billie Joe Armstrong, compor uma faixa do gênero é semelhante a criar uma canção de amor

Uma das características mais marcantes na discografia do Green Day são as letras. Músicas de álbuns como “American Idiot” (2004) e “21st Century Breakdown” (2009) trazem temáticas que envolvem desde problemas sociais a críticas ao governo americano. 

Diante da experiência, o trio sabe como fazer uma boa música política. Por isso, conversando com o jornal The Guardian, os músicos elencaram quais são as características essenciais para uma canção do tipo. 

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Para o baterista Tré Cool, é necessário que a composição dialogue com o público e que gere algum tipo de emoção. Ele descreveu:

“Precisa ser algo que deixe as pessoas de cabelo em pé, arrepiadas, que cause uma reação emocional.”

Já para o baixista Mike Dirnt, o principal ponto é transparecer honestidade:

“Precisa ser honesto sobre o que você está sentindo. E mostrar que você está pensando sobre determinada coisa ou deixar questionamentos, mais do que dizer às pessoas o que elas devem pensar.” 

Por fim, Billie Joe Armstrong elaborou sua resposta. Na opinião do vocalista e guitarrista, criar uma canção política é semelhante a compor uma faixa romântica. 

“Acho que muitas das minhas letras surgiram de quando me senti perdido. Pode ser no sentido de que você literalmente não sabe onde está, quando o GPS do carro está errado ou algo assim, ou de estar imerso em teorias da conspiração e sentir que está tentando encontrar a verdade em algo que não existe. É sobre tentar encontrar a verdade, mas ela tem que vir do coração da mesma forma que uma canção de amor.”

O músico já havia expressado o mesmo ponto de vista anteriormente. Detalhando o processo por trás do “American Idiot” em 2004 (via Kerrang!), explicou:

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“Era muito importante para mim quando eu estava escrevendo as letras para esse álbum que as coisas sobre as quais estivesse cantando fossem pessoais. Então, mesmo as coisas que são políticas, precisam ter um elemento pessoal. Se não tiverem, simplesmente não funciona para mim. Há bandas que podem fazer esse tipo de coisa, o Rage Against The Machine seria um bom exemplo, mas sei que não funcionaria para nós.”

Green Day e política

Os anos 2000 foram uma época farta para bandas de rock tomarem posições políticas — e o Green Day fez isso com muito sucesso. Graças ao álbum “American Idiot” (2004), o trio americano ressuscitou a carreira e acabou redefinindo a identidade do grupo junto ao público.

Essa identidade acabou sendo uma das razões pela qual, curiosamente, eles deixaram política de lado no último disco, “Father of All…” (2020). Em entrevista também recente à rádio 102.1 The Edge (transcrição via NME), Billie Joe Armstrong explicou as razões:

“Em ‘Father of All…’ a gente não quis ser político porque era óbvio demais. Era um assunto batido, tendo passado por um período político horrendo com tanta divisão nos Estados Unidos. Nos afastamos de política por um tempo porque não queríamos ser como qualquer outro comentarista na CNN, apontando dedo.”

Agora, o grupo está novamente à vontade em abordar o assunto — como dá pra notar em “The American Dream is Killing Me”, primeiro single disponibilizado do álbum “Saviors”, que sai dia 19 de janeiro de 2024. Billie Joe falou ainda sobre compor músicas politizadas e o que é preciso para criá-las:

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“Você tem que ter muito coração. Se fizer só por fazer, só porque está com raiva, tira o ânimo e se torna meramente parte das reclamações de todos. São necessários momentos especiais e inspirados para realmente ter um momento como ‘The American Dream is Killing Me’.”

“Saviors”

As gravações de “Saviors” foram realizadas em Londres e Los Angeles. A produção ficou a cargo de Rob Cavallo, que assinou a função em “Dookie” (1994) e “American Idiot” (2004). Até por isso, os fãs estão ansiosos por uma sonoridade que remeta aos dois discos mais populares do grupo.

Billie Joe Armstrong não desencoraja os fiéis. Ainda à rádio 102.1 The Edge, o músico declarou:

“Esse álbum representa o melhor de tudo que o Green Day tem. São 30 anos de experiência. Seja algo de ‘Dookie’ ou ‘American Idiot’, acho que de alguma forma fomos capazes de preencher a lacuna ao fazer algo que é como um disco essencial para nós.”

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 22 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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