Como Dave Grohl usa conhecimento de bateria para compor riffs de guitarra

Não é apenas um clichê de jornalismo musical: o próprio Grohl reconhece que aborda os dois instrumentos da mesma maneira

Se você já leu algo sobre os Foo Fighters, é capaz de ter se deparado com alguém descrevendo Dave Grohl como um guitarrista que compõe riffs como se fosse um baterista. Uma saída esperada, claro, já que ele foi o espancador de peles do Nirvana e de outros grupos anteriores, como o Scream.

Essa opinião é compartilhada pelo próprio Grohl. Em entrevista de 2010 à revista Guitarist (via Far Out Magazine), o artista destacou como seu passado com as baquetas na mão influenciou seu estilo nas seis cordas.

“Gosto de tocar guitarra como um baterista. Quando olho para uma guitarra, eu quase encaro como um kit de bateria, onde a corda Mi (E) mais grave é o bumbo e o Lá (A) e o Ré (D) são como a caixa. Então, quando estou compondo riffs, uso as cordas e notas mais graves como bumbo e caixas, além das mais agudas como se fossem os pratos.”

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Em outra conversa, agora com o documentarista Sam Jones no canal de YouTube “Off-Camera” (via Far Out Magazine), o líder do Foo Fighters ainda aproveitou para explicar um pouco de sua abordagem autodidata nos dois instrumentos. O pensamento de “baterista-guitarrista” também se aplica também na hora de tocar em seções epsecíficas das músicas, sejam versos ou refrães.

“Quando eu toco bateria, nos versos eu marco tempo no chimbal ou num ride, mas no refrão eu quero abrir o som, então, eu incorporo mais os pratos, pra soar como se fossem ondas do mar. Faço a mesma coisa na guitarra, que eu deixo as cordas mais agudas soarem, com notas nas suspendidas. Mas ninguém me ensinou a fazer isso, eu simplesmente pensei que soava legal.”

Foo Fighters atualmente

O Foo Fighters está de volta à estrada com Josh Freese nas baquetas, substituindo o falecido Taylor Hawkins. O músico gravou e excursionou com nomes como The Offspring, Sting, Danny Elfman, The Vandals, Devo, A Perfect Circle, Guns N’ Roses, Paramore, Nine Inch Nails e Suicidal Tendencies, entre vários outros.

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Os compromissos incluem duas datas no Brasil, com shows em Curitiba e São Paulo (The Town) respectivamente nos dias 7 e 9 de setembro.

“But Here We Are”, novo álbum do grupo, foi disponibilizado no último dia 2 de junho. Além da perda de Taylor Hawkins, o disco também homenageia Virginia, mãe de Dave Grohl, falecido poucos meses após o baterista. Em resenha para o site, Igor Miranda destaca:

“Cada faixa de ‘But Here We Are’, gravado com Dave Grohl também na bateria e produzido por Greg Kurstin (o mesmo dos dois últimos trabalhos), aborda a morte de uma forma diferente. A sensação imediata da perda, reflexões sobre o luto prolongado, considerações a respeito de como a vida será daqui para frente, decisão de seguir adiante, momentos em que lembranças são revividas. Está tudo aqui, em uma jornada de 10 passos.”

Sobre Dave Grohl

Nascido em Warren, Ohio, nos Estados Unidos, no dia 14 de janeiro de 1969, David Eric Grohl aprendeu a tocar ainda cedo, de forma autodidata. Na bateria, menciona influências iniciais como Neil Peart (Rush) e John Bonham (Led Zeppelin), mas seu gosto versátil por música – indo do rock alternativo ao thrash metal – marcou também seu trabalho profissional.

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Iniciou carreira como baterista do Scream, banda de punk rock, ainda na década de 80. Em 1990, após a saída de Chad Channing, foi apresentado ao Nirvana por Buzz Osborne (Melvins) e acabou entrando para a banda. Com eles, se tornou mundialmente conhecido.

Tragicamente, o Nirvana chegou ao fim em 1994, após a morte de Kurt Cobain. Dave considerou abandonar a música, mas a usou de forma quase terapêutica para superar o luto ao gravar um disco inteiro sozinho. Tornou-se o primeiro álbum do Foo Fighters, banda que ganhou outros integrantes e também se tornou um fenômeno de popularidade.

Além dos grupos dos quais fez parte oficialmente, Dave Grohl também se envolveu em diversos projetos paralelos. Ele tocou bateria com o Queens of the Stone Age e Tenacious D, além de ter montado o Probot, com ídolos do heavy metal, e o Them Crooked Vultures, unindo Josh Homme (QOTSA) e John Paul Jones (Led Zeppelin). Dividindo palco com nomes que vão de Tom Petty a Paul McCartney, Grohl se notabilizou como o “gente boa do rock”.

Fora seu trabalho como músico, Grohl explorou sua paixão pelo assunto por trás das câmeras. Ele dirigiu documentários musicais, incluindo “Sound City” (2013), “What Drives Us” (2021) e “Sonic Highways” (2014), este último lançado juntamente de um álbum.

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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