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Mick Mars diz que era acusado no Mötley Crüe de erros e esquecimento em shows

Guitarrista admite que errava, mas por ser o único sem playback; ele alega que a banda o removeu por completo e roubou parte de seus lucros

Mais detalhes sobre o processo movido por Mick Mars contra o Mötley Crüe foram divulgados, agora pela revista Variety. O guitarrista, aposentado das turnês desde outubro de 2022, acusa os colegas de tê-lo excluído completamente e roubado uma parte de seus lucros na banda.

Em parte de sua argumentação, Mars alega que o baixista Nikki Sixx praticava “gaslighting” (forma de abuso psicológico na qual informações são distorcidas, seletivamente omitidas ou inventadas para fazer a vítima duvidar de si) contra ele, especificamente no que diz respeito à sua habilidade na guitarra. O texto da ação diz:

“Durante a maior parte da atividade recente da banda, Sixx continuamente praticou ‘gaslighting’ contra Mars, dizendo que ele [Mars] tinha algum tipo de disfunção cognitiva e que seu jeito de tocar guitarra estava abaixo da média, alegando que Mars esquecia os acordes das músicas e às vezes começava a tocar as músicas erradas durante os shows.”

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No processo, Mars afirma que não faz sentido Sixx declarar algo do tipo, pois o colega “não tocou uma nota sequer no baixo” durante a recente turnê “The Stadium Tour”, tendo em vista que o material teria sido todo pré-gravado.

“Surpreendentemente, Sixx fez essas alegações sobre a forma de tocar de Mars enquanto ele [Sixx] não tocou uma única nota de baixo durante toda a turnê nos Estados Unidos (‘The Stadium Tour’). Ironicamente, 100% das partes do baixo de Sixx não passavam de gravações. Sixx foi visto socando o ar com sua mão direita, enquanto o baixo estava tocando.”

Sobrou também para os outros colegas, o vocalista Vince Neil e o baterista Tommy Lee. Um incidente envolvendo um suposto playback de bateria de Lee foi citado.

“Na verdade, uma parte significativa dos vocais de [Vince] Neil também foram pré-gravados. Mesmo algumas das partes da bateria de [Tommy] Lee eram gravações. Na verdade, alguns fãs notaram que Lee estava caminhando em direção a sua bateria quando ouviram sua parte de bateria começar em um show.”

Mick Mars ainda admitiu que “às vezes” tocou acordes errados durante a turnê, “mas não devido a qualquer disfunção cognitiva”.

“Ele estava tocando ao vivo, e seus monitores intra-auriculares estavam constantemente com defeito, fazendo com que Mars não conseguisse ouvir seu próprio instrumento. O fato é que Mars raramente é ridicularizado ou criticado online. Ele é um membro discreto do grupo, que mostra pronto para tocar e coloca seu coração e alma em cada apresentação. Por outro lado, outros membros da banda são frequentemente criticados online, especialmente Neil, que é rotineiramente despedaçado por, entre outras coisas, não se lembrar das músicas.”

Mick Mars limado do Mötley Crüe

Apesar do trecho sobre as capacidades musicais, o processo tem a ver de fato com questões financeiras. Mick Mars alega ter sido tirado completamente do Mötley Crüe enquanto empresa e ter sua participação nos lucros reduzida de 25% para 5%.

Na ação, o guitarrista confirma ter sido dele a decisão de se retirar das turnês. Porém, ele queria permanecer como integrante da banda, tocando em estúdio e em alguns shows selecionados – o que, segundo seu relato, lhe foi negado. A vaga acabou ficando com John 5.

“Como os irmãos de 41 anos de Mars responderam ao trágico anúncio de Mars [sobre abandonar a estrada]? Eles fizeram uma reunião emergencial de acionistas para a principal entidade corporativa da banda, a fim de expulsar Mars da banda e demiti-lo como diretor da corporação, além de tirar suas ações da empresa. Como ele não aceitou, eles pretendiam demiti-lo de outras seis empresas da banda e LLCs.”

No fim das contas, houve o já mencionado corte na participação nos lucros, de 25% para 5%. Além disso, Mick aponta que “os advogados da banda o fizeram sentir que deveria ser grato até mesmo por aquela pequena fatia, porque eles não achavam que lhe deviam nada”.

No processo, o guitarrista pede que todos os livros de contabilidade do Mötley Crüe sejam disponibilizados para ele. Dessa forma, seria possível conferir se está deixando de receber algo que é devido.

A aposentadoria de Mick Mars

O anúncio de que Mick Mars se aposentaria das turnês do Mötley Crüe foi feito em outubro do ano passado, após o fim da turnê “The Stadium Tour”. O giro marcou a reunião da banda após o fim das atividades confirmado em 2015. A partir da extensão desta turnê para outros continentes, rebatizada “The World Tour”, Mars já teria sua vaga ocupada por John 5, ex-integrante das bandas de Rob Zombie e Marilyn Manson.

Na ocasião, um comunicado à imprensa informou:

“Mick Mars, cofundador e guitarrista da banda de heavy metal Mötley Crüe nos últimos 41 anos, anunciou que, devido à sua luta dolorosa contínua com a espondilite anquilosante, ele não mais poder fazer uma turnê com a banda. Mick continuará como membro da banda, mas não pode mais lidar com os rigores da estrada. A espondilite anquilosante é uma doença degenerativa extremamente dolorosa e incapacitante, que afeta a coluna.”

Hoje com 71 anos, Mars estaria lidando com uma piora na saúde devido ao avanço da espondilite anquilosante. A doença degenerativa é uma espécie de artrite autoimune que causa, especialmente, rigidez e dor nas articulações na coluna. Ele foi diagnosticado com o problema de saúde aos 19 anos.

Treta por terceiro

Em duas diferentes entrevistas, o baterista Carmine Appice, amigo de Mick Mars, apontou a insatisfação do guitarrista com o Mötley Crüe. Em novembro do ano passado, ele disse em entrevista ao Michael Record’s Collection (transcrita pelo Blabbermouth) que Mars estava de “saco cheio” de fazer turnês longas.

Já no último mês de março, Appice declarou ao Ultimate Guitar que o músico estava chateado com o fato de o Crüe estar realizando shows inteiramente pré-gravados.

“Ele me disse que quando estava na The Stadium Tour (primeira turnê do Mötley Crüe após a retomada das atividades), não estava feliz. Basicamente, tudo do show já estava pré-gravado. Estava tudo planejado. E Mick é um guitarrista muito bom, então isso nunca funcionaria para ele.”

As declarações provocaram uma reação de Nikki Sixx pelo Twitter. Em respostas a internautas, chegou a chamar o veterano baterista de “fracassado”. Já em uma mensagem aberta ao público, sem citar o nome de Appice, afirmou:

“Amo como as pessoas falam em nosso nome sem falar conosco. É por isso que a mídia perdeu a credibilidade. Obviamente ao publicar mentiras, eles ganham dinheiro com publicidade e não estamos nesse jogo de clickbait. Quando a verdade vier à tona, virá de nós.”

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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