Após polêmica, show do Mayhem em Porto Alegre é cancelado

Histórico de integrantes da banda com ideologia neonazista foi apontado por internautas; apresentação em Brasília está mantida até o momento

O show que o Mayhem faria em Porto Alegre, no próximo dia 21 de março, está cancelado. A informação foi confirmada pelo Bar Opinião, que receberia a apresentação na capital gaúcha.

O motivo é a série de denúncias, feitas por internautas, de que integrantes do grupo de black metal seriam adeptos da ideologia neonazista. O comunicado diz:

“Nos últimos dias fomos surpreendidos com uma enxurrada de informações graves e posts nas redes sociais referentes ao show da banda Mayhem, marcado para acontecer no Bar Opinião. Nestes seus 40 anos, o Opinião é um dos espaços mais democráticos de Porto Alegre.

Porém, o Opinião considerou alguns fatos para tomar suas decisões: os movimentos nas redes sociais tanto pró quanto contra o evento, comentários suscitando manifestações no local e imediações do Bar e o potencial risco à integridade física de todos os envolvidos. Por isso, o Bar Opinião não irá receber o show da banda Mayhem. Os ingressos serão devolvidos conforme a forma de pagamento, mais informações serão enviadas por e-mail.”

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Uma apresentação no Toinha Brasil Show, em Brasília, prevista para o dia 22, segue agendada. Até o momento, os responsáveis pela casa de eventos na capital federal não se manifestaram. A banda, que havia tocado no país pela última vez em novembro do ano passado (em São Paulo e São Luís), também não se pronunciou.

As denúncias

Por meio do Twitter, o deputado estadual Leonel Radde (PT-RS) se mobilizou para pedir o cancelamento do show do Mayhem em Porto Alegre. Descrevendo a banda como “neonazista”, o político expressou sua indignação, em um vídeo com fotos, ao saber da passagem do grupo por território brasileiro. Por isso, como explicou, comunicou as “autoridades responsáveis” sobre o evento.

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Ele afirmou:

“Pode-se dizer que a banda é abertamente neonazista, utilizando símbolos do nazismo e do neonazismo norueguês. No logo, tem uma cruz gamada adaptada e também a roupa de um dos integrantes tem as famosas totenkopf, que são as caveiras da SS nazista. Nós estamos levando o caso para as autoridades responsáveis e esperamos que o bar Opinião e a produtora cancelem esse show porque nós não podemos aceitar neonazistas em território brasileiro, gaúcho e também porto alegrense. Fascistas não passarão em nenhum lugar do mundo.”

Leonel utilizou como base para o registro as informações compartilhadas pelo professor de Filosofia e pesquisador Renato Levin-Borges (via Revista Fórum). Em um tweet recente, o educador criticou atitudes do baterista e do vocalista da banda, respectivamente Hellhammer e Attila Csihar, e contou que diversas denúncias de indivíduos e coletivos antifascistas chegaram até ele.

“O baterista Hellhammer já se declarou contra a ‘mistura de raças’, apareceu já com suástica no braço e costumavam ensaiar em estúdio cheio de totenkopf nazis. E aí, Opinião?”

Opiniões divididas

Na área de resposta aos tweets, há quem apoie a iniciativa, relembrando polêmicas envolvendo o Mayhem – como o suicídio do vocalista Dead e o assassinato do guitarrista Euronymous por Varg Vikernes, do Burzum. Também tem quem discorde. Uma fã declarou:

“Leonel, você está errado. Me desculpa. Eu tenho esse CD que mostra o Hellhammer, o baterista da banda, e essa suástica é editada. E sobre a camisa da banda, você usou imagem do site TShirt Slayer. Eles não são oficiais. Qualquer um pode fazer estampa com o desenho que quiser. “

Seguindo a mesma linha, outro perfil categorizou as queixas como falsas:

“Mayhem não é nazi. Existem bandas declaradamente nazi no cenário do black metal, Mayhem definitivamente não é uma delas.”

O caso Hellhammer

Jan Axel Blomberg, conhecido artisticamente como Hellhammer, entrou para o Mayhem em 1988. No livro “Lords of Chaos: A Sangrenta História do Metal Satânico Underground” — lançado pela primeira vez em 1998 a respeito da história do Black Metal norueguês —, o baterista disse que o “black metal é para pessoas brancas” (via AV Club).

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Já em 2004, em entrevista ao site ThyDoom, a declaração foi outra:

“Eu não dou a mínima se os fãs são brancos, pretos, verdes, amarelos ou azuis. Para mim, música e política não andam de mãos dadas.”

Sobre o Mayhem

Um dos principais nomes da cena black metal em todo o mundo, o Mayhem divulga o EP “Atavistic Black Disorder / Kommando”, lançado em 2021 e o single “Bad Blood”, do ano seguinte. Os trabalhos contam com material das sessões de “Daemon”, álbum mais recente da banda, disponibilizado em 2019.

A formação atual conta com o baixista original Necrobutcher. Ele é acompanhado pelo vocalista Attila Csihar, o baterista Hellhammer e os guitarristas Teloch e Ghul.

A última passagem do Mayhem pelo Brasil aconteceu em novembro do ano passado, no Open the Road Festival em São Paulo e no Maranhão Open Air em São Luís.

Além do Brasil, agora representado pela data em Brasília, o itinerário da atual turnê pela América Latina inclui México, Guatemala, Costa Rica, Chile e Argentina.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

1 COMENTÁRIO

  1. Internet que deveria facilitar o acesso à informação virou meio de alienação fácil. O pessoal nem se preocupa em pensar pelo menos. Não precisa nem pesquisar pra saber que pra nazi europeu o povo latino americano é luxo. Eles NUNCA tocariam aqui se fossem nazi. Isso fora o fato desse cara que está defecando no Twitter sequer saber que a suástica é símbolo de Thor, e nos países nórdicos usam SIM por isso. Agora até Emperor virou nazista, esse povo é muito boçal. Parabéns, superaram os militares. E essa casa de shows, desejo de todo coração que vá à falência.

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