Ed Motta diz que odeia shows – tanto assistir quanto fazer

Músico apontou que performances em cima do palco não são boas, acústica e locais não favorecem e que não é justo pagar ingresso para fãs cantarem do lado dele

No início de 2022, Ed Motta havia chamado atenção ao criticar Raul Seixas, o rock brasileiro da década de 1980, Elvis Presley e Johnny Cash – embora tenha se desculpado pelas falas sobre Raul. Agora, o músico “ataca” novamente ao expressar seu desgosto por shows ao vivo. E não apenas por fazer: ele também não curte assistir a apresentações.

As declarações foram feitas durante uma live no Instagram, com trecho publicado pelo canal de YouTube “Cortes do Ed Motta” e transcrição por IgorMiranda.com.br. Inicialmente, o artista destacou que a performance conferida em shows não é a melhor.

“A afinação fica ruim, a execução das pessoas não rola legal – e não é só no meu show, é no dos outros também. Sempre tem alguém que erra, um dedinho que esbarra no piano, uma corda na guitarra que fica solta, um acorde que erra, a voz desafina… bicho. Não rola.”

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Motta refletiu ainda sobre a qualidade do equipamento de som e da acústica dos locais que geralmente recebem shows:

“Ainda tem o som e o lugar. Geralmente não é um lugar tratado para fazer show; é um ginásio, rebatendo tudo, o som horroroso. Tudo horrível, todo mundo em pé, bebendo uma cerveja quente, sem entender nada. É inferno para tudo quanto é lugar. É uma lasanha de problemas o show ao vivo.”

O relato também contemplou o incômodo com a postura do público. Na visão de Ed, pessoas podem agir de forma inconveniente ao longo de uma apresentação.

“Para quem está com vontade de ver o show, ainda tem o ser humano que está do seu lado. Eu não tenho vontade de ver show, mas já tive. Fui ver o show do Michel Legrand, que eu amo, mas o ser humano do lado estava cantando. Falei: ‘p#ta que pariu’. Eu paguei para ver o Michel Legrand, não esse idiota cantando do meu lado.”

“Segundo show”

Por fim, Ed Motta voltou a oferecer o ponto de vista de quem sobe ao palco. Para ele, não é legal ter que ficar no camarim para oferecer um “segundo show”, que consiste em “receber todo mundo” no camarim.

“Para quem faz o show, depois de tudo isso (banda errando, som ruim, vários lances), o ser humano precisa ficar no camarim para fazer o segundo show, que é receber todo mundo, cumprimentar todo mundo. Pera aí, bicho. Para, tá?”

https://www.youtube.com/watch?v=5bg6cypF5go

As polêmicas de Ed Motta

No início de 2022, Ed Motta realizou uma transmissão ao vivo que deu o que falar. Durante mais de 6 horas, o artista falou sobre os mais variados assuntos e não se fez de rogado ao criticar ícones da música.

Em um de seus relatos, ele revelou não compreender o sucesso feito pelo saudoso Johnny Cash, um dos grandes nomes da música country americana e talvez o maior representante do chamado outlaw country.

“Não consigo entender esse negócio de Johnny Cash. Já tentei entender esse negócio. O que é? A letra? Não é, as letras são umas m#rdas. As músicas são umas m#rdas. É por ele se vestir de preto? O que é, cara? É uma m#rda Johnny Cash. Se ele estivesse vivo, eu esmurrava a cara dele. Esmurrava assim: (imita sons de agressão). Esmurrava ele, cara. Odeio Johnny Cash. Odeio! Mais do que Elvis.”

Na sequência, o alvo dos comentários foi Elvis Presley. O brasileiro disse que o chamado rei do rock “pelo menos canta bem”, ainda que sua voz dê apenas “para ele cantar em um bailezinho”.

“Elvis é um imbecil, uma m#rda, mas pelo menos canta bem. É um idiota, o repertório é uma b#sta, ele é um cavalo, não tem importância nenhuma, é uma invenção de gravadora – igual tantas coisas que vocês gostam -, mas o Elvis tem aquela voz, uma m#rda, mas é uma vozinha que dá para ele cantar em um bailezinho lá em Tucson, Arizona, Texas, qualquer lugar.”

Em outro momento, Ed disse que não tem “culpa nenhuma” do rock brasileiro após um internauta perguntar sua opinião sobre o segmento. O artista diz que a ramificação nacional do gênero é “inexistente” e que “os argentinos fizeram um rock sul-americano brilhante”.

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Na sequência, declarou que o rock não floresceu no Brasil por “N razões”, incluindo o fato de que “os equipamentos (de gravação) não chegavam” ao país. Para ele, na década de 1980, a situação ficou ainda pior devido à presença de “riquinhos” na cena.

“Quando chegou nos anos 1980, a coisa já estava: banda de filho de diplomata, banda de filho do dono da gravadora, banda de filho do dono da companhia aérea. Aí o filho do dono da companhia aérea fala: ‘papai, eu não gosto de você’ (risos). Idiota. Mentira. Mentira comportamental. Uma bobagem. Um filho de um riquinho vem querer tirar onde de não sei o quê? Fica quieto, cala a boca.”

Por fim, destacou:

“Nessa b#sta desse país, esses m$rdas viram filme, viram tudo. Gente sem talento nenhum, inventado pelo papai que é dono da gravadora. Rebelde sem ‘calça’. (Risos)”

Já ao mencionar “filho de dono de gravadora”, a referência mais clara é feita ao já falecido Cazuza. O vocalista do Barão Vermelho, consagrado também em carreira solo, era filho do produtor musical João Araújo, fundador da gravadora Som Livre.

Sobrou até para Raul Seixas – e ele acabou se desculpando pelos comentários. Na ocasião, o músico disse que seu colega de profissão era “ruim musicalmente” e teve uma “falha de caráter terrível” por ter trabalhado como produtor musical na gravadora CBS.

“Não tenho de falar de Raul Seixas. Raul Seixas tem uma falha de caráter terrível na vida dele: ele foi funcionário de gravadora. Ou seja: ele trabalhou contra os colegas. Então, f&ck… não tenho medo nenhum de falar contra Raul Seixas.”

As críticas se estenderam para os talentos artísticos de Seixas.

“Era uma p#ta de uma merda. Ruim pra c@ralho musicalmente, de tudo. Quem fazia o que ele tinha de mais brilhante – que era o texto – era o Paulo Coelho. Então esse cara era um idiota. Um funcionariozinho de gravadora. Gravando uns discos de m&rda. Nego vem: ‘toca Raul’. P0rra, que que é isso, bicho? Cara desqualificado de tudo.”

Ed reforçou seu ponto de vista ao citar o trabalho de Raul com a CBS.

“Um músico, um musiquinho que trabalhou em gravadora? Bando de bandido. Trabalhou para advogar contra os colegas. Vocês não sabem disso, né? Mas esse cara trabalhou em gravadora. Foi funcionário da CBS. O rock and roll Raul Seixas foi funcionário da CBS/Sony.”

Retratação pelas falas sobre Raul Seixas

Diante de uma série de críticas feitas até por familiares de Raul, Ed se desculpou e explicou que o comentário foi feito durante uma transmissão de tom descontraído, cujo conteúdo muitas vezes era “entupido de ironia” e traziam comentários “engraçados” em sua visão.

“Aquele era o meu ‘sextou’. Concordo com vários amigos que me ligaram. Disseram: ‘parece que você está em um bar e abriu sua câmera’. Claro que isso é ruim, é um comportamento social iconoclasta com relação a quem aprecia tanto elementos da cultura de crítica. Mas no mesmo dia em que terminei a live, imaginei: ‘caramba, o que eu falei do Raul Seixas vai dar problema, vai gerar chateação’. E não deu outra.”

Em seguida, reforçou que mantém sua opinião sobre Raul no que diz respeito ao mercado da música e a quem trabalha como produtores para gravadoras. Porém, reconheceu que o tom de seu comentário foi “agressivo” e “grosseiro”.

“Quero pedir perdão. Peço perdão mesmo pela forma agressiva, grosseira que falei do Raul Seixas. Posso ter uma opinião sobre ele, uma crítica sobre o fato de ter sido produtor de discos. […] Mas não é porque os fãs de Raul Seixas vão gritar no meu show. Nada disso. Se gritar, está tudo bem, vou entender e ainda vou ficar feliz e honrado. Não é isso. É vergonha, tristeza. Fiquei triste com o que aconteceu.”

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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