No Rio, Slipknot compensa espera de 7 anos e se prova como gigante do metal

Apresentação na Jeunesse Arena contou com abertura do Bring Me the Horizon, que acertou ao fazer transição do deathcore para sons mais pop

Apesar da grande crítica por parte de headbangers, não há como negar: o Slipknot se tornou uma potência no mundo do metal. Caminha, inclusive, para estar lado a lado a nomes como Metallica e Kiss tanto na fama quanto no lado business – a exemplo da iniciativa de se ter um festival próprio, o Knotfest, cuja primeira edição nacional acontece em São Paulo, no próximo domingo (18), e promete oferecer a mesma experiência imersiva ao mundo do grupo vista em outros países.

Após sete anos desde sua última passagem pelo país, o Slipknot realizou, na última quinta-feira (15), o primeiro dos dois shows marcados no país. Fora o Knotfest na capital paulista, o grupo havia marcado uma apresentação na Jeunesse Arena, em São Paulo, com abertura do Bring Me the Horizon – também presente na escalação do festival a ser realizado dentro de três dias.

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*Texto e fotos de Jéssica Marinho / @jessicamarinhophoto

Foto: Jéssica Marinho

Bring Me the Horizon: mais pop e assertivo

Também com uma legião própria de fãs, o Bring Me the Horizon mostrou ao público do Rio o resultado de sua nítida evolução ao longo dos anos. O grupo formado por Oliver Sykes (voz), Matt Kean (baixo), Lee Malia (guitarra solo), Matt Nicholls (bateria) e Jordan Fish (teclados e programação) – além do guitarrista rítmico de turnês John Jones – deixou de lado o deathcore áspero e promissor que marcou o início da carreira, fase ainda adorada por parcela dos fãs, para colecionar vários sucessos pop metal que rendeu até duas indicações ao Grammy: Melhor música de rock por “Mantra”, em 2019, e Melhor álbum de rock por “Amo”, em 2020.

Foto: Jéssica Marinho

Isso se confirma na construção do repertório. Cinco das 11 músicas tocadas vêm do trabalho mais recente, “Post Human: Survival Horror” (2020): “Dear Diary”, “Kingslayer”, “Obey”, “Parasite Eve” e “Teardrops”. As demais são oriundas dos três discos anteriores, “Sempiternal” (2013), “That’s the Spirit” (2015), “Amo” (2019), abordando desde a transição até a consolidação para o novo tipo de som praticado.

Foto: Jéssica Marinho

Em cima do palco, Oli Sykes se destacou por demonstrar uma felicidade genuína por estar de volta ao país onde estabeleceu residência. O vocalista se considera um bom brasileiro e, além de se sentir em casa, comunicou-se em português com o público. Outro aspecto que chamou atenção foi a presença de luzes de última geração e o visual bem moderno do grupo, com direito a uma introdução voltada para o mundo dos videogames.

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Com a aprovação de todos os presentes, o Bring Me the Horizon provou que sua aposta para deixar o som mais pop e cativar um novo público foi certeira. Foi uma das melhores apresentações ao vivo do ano.

Slipknot, velhos camaradas

Haja fôlego após a performance matadora do Bring Me the Horizon, mas os maggots não viam a hora de assistir ao Slipknot. O dedicado público, inclusive, já sabia que a apresentação estava para começar quando rolaram como introdução as músicas “For Those About to Rock (We Salute You)” (AC/DC) e “Get Behind Me Satan and Push” (Billie Jo Spears).

Foto: Jéssica Marinho

Logo na entrada, Corey Taylor (voz), Shawn “Clown” Crahan (percussão), Craig “133” Jones (samples), Mick Thomson (guitarra), Jim Root (guitarra), Sid Wilson (DJ), Alessandro Venturella (baixo), Jay Weinberg (bateria) e Michael “Tortilla Man” Pfaff (percussão) colocaram a Jeunesse Arena abaixo. Foram abraçados pela agitação da plateia que estava pronta para receber mais uma vez uma das bandas mais icônicas do metal.

O clima, aliás, era muito íntimo – como velhos camaradas, já que o vocalista Corey Taylor sempre se referia a “meus amigos e família” quando se dirigia aos presentes. Ele também se desculpou por ter demorado tanto para estar de volta ao Brasil e deixou clara a sua felicidade em reencontrar os fãs.

Não tão mais inovador, mas ainda impactante

Há um certo ar moderno e até conceitual no trabalho atual do Slipknot. “The End, So Far” (2022), álbum mais recente e responsável por dividir tantas opiniões, é talvez a grande prova disso. Algumas decisões visuais também servem como validação desta tese, como a dispensa dos típicos uniformes em macacão iguais para dar lugar a roupas exclusivas com a identidade de cada integrante.

Foto: Jéssica Marinho

Contudo, a experiência se torna completa em cima do palco. A maturidade adquirida pelo grupo ao longo de mais de duas décadas de estrada é notória. Os músicos transmitem hoje mais confiança do que nunca e a essência se iguala à de bandas contemporâneas devido ao profissionalismo, mas criando o mesmo caos, adrenalina e emoções dos anos 2000.

Destaca-se ainda o capricho na produção do show em si. Na passagem pelo Brasil em 2015, não tinha telão, nem luzes de LED e televisores na percussão de Clown e Tortilla Man. Agora, tem. Dessa forma, o espetáculo fica mais imersivo e mostra não apenas a intenção de acompanhar a evolução tecnológica, como também permite mais um nível de interação – já que, além de exibir videoclipes, a tela conta com imagens típicas que trazem até mesmo algumas referências que só os fãs das antigas vão entender.

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Foto: Jéssica Marinho

Por outro lado, há de se comentar algo muito específico a acometer o Slipknot. Desde sua estreia em 1999, o grupo chama atenção da mídia, do público headbanger e de curiosos por serem diferentes: do visual, passando pelo alto número de integrantes, até a mistura de sons. Pode ser que eles tenham perdido um pouco esse ímpeto de inovação, já que estamos falando de um show integrante da turnê de divulgação de “The End, So Far”, mas com apenas uma faixa do trabalho: o single “The Dying Song (Time to Sing)”.

Todo o restante foi composto por clássicos, revisitando os sete álbuns de estúdio, em um movimento típico de atrações mais antigas do heavy metal. Os mais representados, com três músicas cada, foram justamente os primeiros:  a estreia homônima de 1999 (com “Spit It Out”, “Surfacing” e “Wait and Bleed”); o segundo “Iowa”, de 2001 (com “Disasterpiece”, “People = Shit” e “The Heretic Anthem”) e o quarto “All Hope is Gone”, de 2008 (com “Dead Memories”, “Psychosocial” e “Sulfur”).

Foto: Jéssica Marinho

Para os fãs do material antigo, a proposta é maravilhosa. Há de se considerar ainda que após sete anos sem tocar no Brasil, muitos fãs poderiam estar assistindo à banda pela primeira vez – e gostariam de conferir os clássicos. Fica, contudo, um sabor agridoce de que a banda se prendeu nos anos 2000 e não quer renovar seu setlist.

Ainda assim, a performance explosiva testemunhada na última quinta (15) mostra que o grupo é um dos grandes do metal na atualidade. Cada movimento deles confirma isso cada vez mais.

O Slipknot transformou a Jeunesse Arena em um templo cheio de energia e calor humano, com um público ensandecido que cantou todas as músicas. A promessa é de que o retorno ao Brasil ocorra o mais breve possível – e com uma legião de fãs que se renova constantemente.

*Texto e fotos de Jéssica Marinho / @jessicamarinhophoto

Foto: Jéssica Marinho

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2 COMENTÁRIOS

  1. Apenas uma correção: Sulfur, Psychosocial e Dead Memories são do 4º álbum da banda – All Hope is Gone (2008). As músicas tocadas do Vol. 3: The Subliminal Verses (2004) foram Duality e Before I Forget.

  2. Tive meu celular roubado na pista premium. Seguranca e pm (dentro e fora da @jeunessearena) conhecem o problema! Um absurdo! Meus registros do show se foram nao carregaram na nuvem!!! Obrigado GL Events! Reclamei, mas ninguem da empresa respondeu … O show foi du-ka!!!

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