A história de “Sultans of Swing”, o grande hit do Dire Straits

Banda de jazz em pub vazio foi a inspiração de Mark Knopfler para primeiro hit da banda - que também a eles seu primeiro contrato com gravadora

O rock conta com algumas poucas músicas que são reconhecíveis no primeiro segundo de audição. Uma delas certamente é “Sultans of Swing”, do Dire Straits.

Além de performances marcantes especialmente na guitarra, a faixa presente no álbum de estreia homônimo da banda também tem uma história interessante. O relato que inspirou a composição é do vocalista e guitarrista Mark Knopfler e remete aos primórdios de sua carreira.

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Em seus primeiros dias, o Dire Straits fazia jus ao nome da banda – uma expressão britânica para “mortos de fome”, algo equivalente ao brasileiro “pé rapado”. Foi em uma noite, num pub barato, que Knopfler presenciou um show da banda “Sultans of Swing”, responsável por lhe dar a ideia para o seu primeiro hit.

Sultões do Swing

A letra da música dá o cenário exatamente como ele aconteceu. Em uma noite chuvosa de 1977, Mark foi a um pub para tomar umas cervejas. O “boteco” ficava em Depford, no sul de Londres, onde ele, seu irmão David Knopfler (guitarra) e o amigo John Illsey (baixo) dividiam um flat.

Lá, o frontman encontrou uma banda de jazz tocando de forma bastante competente no ambiente simples. Alguns poucos jovens, não mais do que meia dúzia, estavam no local – sem dar a mínima para a banda que se apresentava.

Anos depois, em conversa com o Ultimate Classic Rock, Mark relembrou a noite e contou que chegou a sugerir algumas músicas para o repertório do grupo. Seus integrantes ficaram bem felizes com o fato de que alguém no pub conhecia aquelas obras.

“Eu acho que na verdade eles ficaram surpresos por terem um público de 3 ou 4 pessoas. Me lembro de pedir a eles que tocassem ‘Creolo Love Call’ ou ‘Muskrat Ramble’… acho que ficaram maravilhados que alguém que estava no pub realmente conhecia alguns dos títulos.”

O show seguiu naquela noite chuvosa, até a hora do encerramento, quando o nome da banda foi anunciado por um de seus integrantes. Algo que ficaria por dias na mente de Knopfler.

“Eu só estava lá para tomar alguns pints. E no fim da noite, o trompetista, ou quem quer que fosse, fez o anúncio dizendo ‘bem, hm, certo… é isso. É hora de ir para casa’. E ele disse ‘nós somos os Sultans of Swing’. E você não tinha como ser menos sultão de qualquer coisa estando naquela banda, naquela noite, naquele pub.”

A ideia para “Sultans of Swing”

Inicialmente, a ideia de “Sultans of Swing” veio para Mark Knopfler enquanto ele tocava um dobro (violão ressonador) da marca National. Foi ali que ele criou o riff principal, mas logo a ideia foi abandoada.

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Algumas semanas depois, em posse de uma guitarra Fender Stratocater ’61, ele reciclaria a ideia, conforme lembrou John Illsey em entrevista para a Classic Rock.

“Um dia ele me disse: ‘Lembra daquela música que eu estava dedilhando outro dia? Refiz completamente a estrutura de acordes’. Ele tocou e soava muito bem. A coisa toda é incrivelmente simples, é o jeito de tocar que a torna intrigante. É aquele ritmo rolando na guitarra e um approach muito simples de baixo e bateria. Então, é claro, tem uma história. E convenhamos, todas as boas canções têm uma história.”

A história da música foi a testemunhada por Knopfler no pub, na noite chuvosa. Na letra, ele descreve a cena em que os Sultans of Swing se apresentaram, incluindo alguns elementos interessantes, especialmente personagens. O “Guitar George” citado é ninguém menos do que George Young, irmão mais velho de Malcolm e Angus Young e produtor do AC/DC, enquanto “Harry” é seu parceiro de produção, Harry Vanda.

Confira abaixo a letra traduzida da música (via Letras.mus.br).

“Você sente um arrepio no escuro
Está chovendo no parque, mas enquanto isso
Ao sul do rio, você para de repente
Uma banda está tocando dixie num ritmo acelerado
Você se sente bem quando ouve a música tocar

E agora você entra
Mas você não vê muitos rostos
Saindo da chuva
Você ouve o jazz abaixar

Competição em outros lugares
Oh, mas os metais estão tocando aquele som
Bem ao sul
Bem ao sul de Londres

Você vê o George na guitarra
Ele conhece todos os acordes
Lembre-se de que ele é estritamente ritmo
Ele não quer fazer a guitarra chorar ou falar

Sim, uma guitarra velha
É só o que ele pode comprar
Ele se coloca sob os holofotes
Para fazer o que sabe

E o Harry não se importa
Se não ficar famoso
Ele tem um trabalho diurno
Ele tem conseguido se virar

Ele toca honky-tonk como ninguém
Economizando para sexta à noite
Com os Sultões
Com os Sultões do Suingue

E um grupo de rapazes
Eles estão bagunçando no canto
Bebendo e vestindo seus melhores jeans largos e marrons
E seus sapatos com salto

Eles não ligam
Para uma banda que toca trompete
Não é o que eles chamam de rock and roll
E os Sultões, sim, os Sultões
Estão tocando música crioula, crioula

E então o homem
Ele vai direto ao microfone
E diz: Até que enfim!
Assim que o sino toca

Boa noite, é hora de ir pra casa
E ele finaliza rapidinho com mais uma coisa
Nós somos os Sultões
Nós somos os Sultões do Suingue”

O sucesso do Dire Straits

“Sultans of Swing” acabou por entrar em uma demo de 5 faixas que o Dire Straits mandou para as principais rádios e DJs do Reino Unido na época. Um dos mais importantes profissionais da área na época, Charlie Gillet, gostou do que ouviu e tocou a música por dias e ainda pediu abertamente durante a transmissão que alguém assinasse um contrato com aquela banda. Dito e feito: em 1978 foi lançado o álbum de estreia, homônimo.

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O single em si não fez grande sucesso até o lançamento do álbum, que foi alavancado por outras músicas. Mas o tempo e a banda em si fizeram justiça à faixa. Um relançamento ocorreu em janeiro de 1979, o que fez a obra entrar nas paradas dos Estados Unidos.

Por conta da letra, a BBC Radio, do Reino Unido, não queria tocar o single em sua programação. Contudo, o sucesso em território americano os fez ceder. A partir daí, atingiu o 8º lugar nas paradas britânicas. O resto é história.

O Dire Straits nunca desistiu de “Sultans of Swing”, tanto que a faixa era presença garantida nos shows. Inclusive, ganhava versões com longas jams e improvisos da banda. A apresentação no Live Aid em 1985, incorporada abaixo, é um ótimo exemplo disso.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

2 COMENTÁRIOS

  1. Tudo ok, com exceção essa partes:
    O “Guitar George” citado é ninguém menos do que George Young, irmão mais velho de Malcolm e Angus Young e produtor do AC/DC, enquanto “Harry” é seu parceiro de produção, Harry Vanda.

    Isso não é verdade, isso é pura imaginação de pessoas, não há uma declaração de Mark Knopfler que confirme isso.

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