Como o The Doors tentou sobreviver sem Jim Morrison

Banda seguiu carreira após a morte de seu vocalista, com dois álbuns lançados em 1971 e 1972; recepção fraca fez com que atividades fossem encerradas de vez

É complicado para qualquer banda continuar após a morte de um integrante. Quando estamos falando de um vocalista, se torna mais difícil ainda. Adicione o fato do falecido ser uma das figuras mais icônicas do rock dos anos 1960, aí… é o caso do The Doors.

E não estamos falando da reunião nos anos 2000, com Ian Astbury (The Cult) nos vocais. Isso foi imediatamente após a morte de Jim Morrison.

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Qualquer outro grupo se separaria após o falecimento de seu frontman, mas os três outros membros do The Doors decidiram continuar, por incrível que pareça.

É hora de explorar um dos períodos mais estranhos de uma das bandas mais importantes de todos os tempos.

O show não pode parar

Ao final do processo de mixagem do álbum “L.A. Woman”, em março de 1971, Jim Morrison tirou uma licença do The Doors e se mudou para Paris com sua namorada, Pamela. O grupo passava por um período extremamente turbulento, tendo decidido meses antes parar de fazer shows devido ao comportamento errático do vocalista.

Morrison podia estar em Paris, mas os outros integrantes já haviam começado os preparativos para o álbum seguinte do grupo, na esperança por um retorno do vocalista aos Estados Unidos. “L.A. Woman” havia feito um sucesso modesto para os padrões da banda, chegando só ao 9º lugar das paradas americanas, mas gerou dois hits do top 20 (“Love Her Madly” e “Riders on the Storm”) e mostrou que os Doors não estavam acabados comercialmente.

Entretanto, quando o vocalista foi encontrado morto em julho de 1971, o cenário mudou drasticamente. Agora, Ray Manzarek (teclados), Robby Krieger (guitarra) e John Densmore (bateria) eram um trio sem rosto e sem voz.

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Seria compreensível parar tudo. Mas não. Os três continuaram a gravar, e Robbie Krieger explicou ao Stereogum o processo por trás dessa decisão:

“Foi uma época difícil, é claro. Quando Jim partiu, a gente tinha que continuar. Nós três estávamos ensaiando o tempo inteiro, escrevendo coisa nova. Quando Jim morreu, nós dissemos, ‘Putz, o que vamos fazer?’ A gente podia simplesmente desistir ou, sabe, a gente tem todas essas canções. Bora entrar no estúdio, gravar e ver o que acontece.”

Em sua biografia, “Riders on the Storm”, John Densmore discutiu os dilemas envolvidos na escolha por continuar:

“Eu senti que estávamos comprometendo nossa integridade e lealdade ao manter o nome original da banda. Mas quando eu continuei perguntando ao Ray e o Robby sobre como nos chamaríamos durante ensaios, Ray disse: ‘nós somos os Doors, com ou sem o Jim’. Então fomos nessa.” 

Mantendo tudo em família

Apesar de considerarem candidatos ilustres como Paul McCartney e Iggy Pop para a posição de substituto, os músicos eventualmente decidiram manter em família: Robby Krieger e Ray Manzarek dividiram tarefas vocais no álbum “Other Voices”, lançado em outubro de 1971, três meses após a morte de Morrison.

O disco em si não é ruim. É apenas a pior coisa que um trabalho criado e lançado nesse tipo de contexto pode ser: esquecível. Foi o primeiro álbum do grupo a não alcançar o top 10 americano e nenhum hit saiu dele.

Na entrevista para o Stereogum, Krieger concedeu terem errado em lançar algo tão rápido:

“Nós não devíamos ter lançado o disco tão rápido após a morte de Jim. A gente sentia apenas que era tudo que podíamos fazer. Podíamos ter jogado tudo pro alto e ficado lambendo nossas feridas, deprimidos. O que estávamos. Mas, eu não sei. A gravadora, Elektra, eles queriam que a gente continuasse. Não foi uma decisão tão difícil.”

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O lançamento seguinte, “Full Circle”, saiu quase um ano após “Other Voices” e teve a mesma recepção apática do público. Mesmo com os integrantes trazendo novas sonoridades ao explorar elementos de funk e jazz, nada conseguiria compensar a ausência de Morrison como vocalista e letrista.

Quando o contrato com a Elektra chegou ao fim, em 1973, o grupo encerrou atividades.

Reuniões do The Doors

Os integrantes do The Doors se reuniram uma última vez em 1978, no álbum “An American Prayer”, que homenageia Jim Morrison ao traze racompanhamento musical para performances de spoken-word gravadas pelo vocalista. O álbum foi um sucesso, mas era um ponto final para o grupo.

Ray Manzarek e Robby Krieger se reuniram nos anos 2000 com o objetivo de apresentar canções do grupo ao vivo. Porém, foram impedidos de usar o nome da banda por John Densmore.

O projeto, renomeado então para The Doors of the 21st Century e depois Riders on the Storm, contou com a participação de Ian Astbury, vocalista do The Cult, substituindo Morrison por um tempo.

Entretanto, esse período foi marcado por brigas judiciais entre a dupla e Densmore, que manteve uma posição de se recusar a retornar com a banda. Ainda assim, o baterista escolheu participar com Manzarek (que faleceu em 2013) e Krieger em homenagens ao legado do The Doors.

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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