De Humble Pie a carreira solo, 5 discos para conhecer Peter Frampton

Lista inclui álbum ao vivo recordista de vendas e trabalho instrumental com convidados de peso

Ainda em 1968, Peter Frampton foi “eleito” ídolo teen pela imprensa musical britânica. Na época, o músico de apenas 16 anos integrava o The Herd, banda que mesclava pop, rock e psicodelia.

Mas ele tinha planos mais ambiciosos para sua carreira. Queria ser reconhecido mais como cantor, guitarrista e compositor do que como um rostinho bonito. Já em 1969, formou o Humble Pie com Steve Marriott (Humble Pie). Após dois anos e cinco álbuns, optou pela carreira solo em busca de uma direção mais melódica.

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Foi quando Frampton aproveitou para mudar de ares e radicou-se nos Estados Unidos, já o mercado de referência para a indústria fonográfica mundial. Ali, tudo deu certo para o ex-ídolo teen e hoje um dos guitarristas mais influentes do rock.

Com mais de vinte trabalhos entre registros de estúdio, ao vivos e coletâneas, Frampton está se despedindo dos palcos em virtude de uma doença muscular degenerativa que aos poucos inibe sua habilidade de tocar guitarra. Veja abaixo quais são os cinco discos mais indicados para conhecer sua prodigiosa obra.

Cinco discos para conhecer Peter Frampton

“Performance – Rockin’ the Fillmore” (1971, com o Humble Pie)

Quando Peter Frampton montou o Humble Pie com Steve Marriott em 1969, tudo começou com a dupla em pé de igualdade, mas logo ficou evidente que era Marriott quem dava as cartas. Ao crescente desagrado, a porta da rua pareceu ser a única saída para Peter.

Qual não deve ter sido sua reação na época ao ver o ao vivo “Performance – Rockin’ the Fillmore”, lançado dois meses após sua saída da banda, tornar-se o sucesso absoluto que se tornou?

Embora duplo, o LP possui apenas sete faixas, das quais cinco são covers. Um deles, “I Don’t Need No Doctor” — escrito pela dupla Ashford & Simpson —, entraria na parada Hot 100 da Billboard e renderia ao Humble Pie seu primeiro disco de ouro. Outros dois — “Rollin’ Stone” de Muddy Waters e “I Walk on Gilded Splinters” de Dr. John — desdobram-se em improvisos que são o puro êxtase roqueiro e atestam a qualidade da entrega de Frampton, 21 anos recém-completados, ao vivo.

“Frampton Comes Alive!” (1976)

Entre 1972 e 1975, Peter Frampton gravou quatro álbuns de razoável sucesso, mas quando o quarto deles, “Frampton” (1975), estagnou em 300 mil cópias vendidas, ele descobriu que beleza, talento e bons contatos não bastavam. Com seu empresário Dee Anthony e Jerry Moss da A&M Records, concluiu que o jeito talvez fosse apostar no que havia dado certo para o Kiss e os transformado de jogadores de time de várzea em craques de seleção: um álbum ao vivo.

De março a novembro de 1975, o músico gravou muitos de seus shows utilizando uma unidade móvel. Com exceção dos números acústicos, gravados no Memorial Auditorium de San Rafael, “Frampton Comes Alive!” consiste basicamente em registros no Winterland, em São Francisco.

Lançado em 6 de janeiro de 1976, o disco levaria três meses para chegar ao topo da parada da Billboard. Nesse ínterim, rádios começaram a tocar as músicas do álbum. Mesmo “Do You Feel Like We Do?”, com seus 14 minutos de duração, ia ao ar sem cortes.

A consagração definitiva, porém, viria quando “Frampton Comes Alive!” se tornou o primeiro LP duplo a vender mais de dois milhões de cópias e, de quebra, tirou de “Tapestry” (1971), de Carole King, o título de álbum mais vendido de todos os tempos até o momento.

Apesar das várias tentativas, o sucesso gigantesco do álbum nunca foi repetido. Estima-se que “Frampton Comes Alive!” tenha vendido mais de 16 milhões de cópias.

“Breaking All the Rules” (1981)

No mesmo ano em que matou sua carreira ao aceitar fazer parte do filme pastelão “Sgt. Pepper’s Lonely Heart’s Club Band” (1978), Peter Frampton quase morreu de verdade num terrível acidente de carro nas Bahamas. Ter ficado fora de circulação deu ao músico o tempo e a quietude necessários para uma recauchutagem.

Passados três anos, Frampton saiu do ostracismo acompanhado por uma banda de primeira, que incluía dois integrantes do Toto — o baterista Jeff Porcaro e o guitarrista Steve Lukather —, além do futuro Frehley’s Comet, John Regan, no baixo.

Lançado poucas semanas após o 31º aniversário de Peter, “Breaking All the Rules” tem como destaque sua faixa-título, de autoria de Keith Reid (Procol Harum) e que estourou no Brasil graças à inclusão num comercial da Hollywood.

O LP inclui ainda covers de “Friday on My Mind”, dos Easybeats — grupo do qual fez parte o irmão mais velho de Angus e Malcolm Young, do AC/DC, George — e “Rise Up”, do Alessi, outra figurinha presente nos reclames do cigarro.

“Peter Frampton” (1994)

Na esteira da trágica morte de Steve Marriott em 1991, que inviabilizou uma tão sonhada e até provável turnê de reunião do Humble Pie, Peter Frampton gravou seu único álbum de estúdio nos anos 1990. Para tal, radicou-se no sopé das Smokey Mountais para compor.

De volta para a casa onde morava na Califórnia, gravou demos em oito canais. Impressionados com a qualidade dessas demos, Peter e seu produtor Kevin Savigar decidiram masterizá-las e, após alguns retoques, o décimo primeiro disco de inéditas de Frampton estava pronto.

Não obstante a tristeza do momento no qual foi concebido, o álbum abre com o alto-astral praieiro de “Day in the Sun”. Mais adiante, a carga emocional presente na autobiográfica “Can’t Take That Away” — escrita em parceria com o tecladista Jonathan Cain, do Journey — antecipa a assustadoramente premonitória “Out of the Blue”. “Now my home is the sky above” (“Agora minha casa é o céu”), canta Marriott na que é uma de suas derradeiras e definitivas performances.

“Fingerprints” (2006)

Tantos foram os deuses da guitarra surgidos na década de 1960 que Peter Frampton muitas vezes é deixado de fora das listas que incluem Jimmy Page, Jeff Beck e Eric Clapton nas cabeças. Mas se tem disco que mostra sua habilidade nas seis cordas e o posiciona lado a lado desses gigantes é “Fingerprints”. O primeiro trabalho cem por cento instrumental da carreira de Frampton marca o seu retorno à A&M Records depois de vinte e quatro anos.

Dados a quantidade de músicos convidados e o calibre dos mesmos, tem-se a certeza de que a gravadora não poupou despesas: os guitarristas Hank Marvin (The Shadows) e Warren Haynes (Allman Brothers Band, Gov’t Mule); o baterista Charlie Watts (The Rolling Stones); o ex-baixista dos Stones Bill Wyman; e a dupla Mike McCready (guitarra) e Matt Cameron (bateria), do Pearl Jam, são apenas alguns dos envolvidos nessa empreitada que rendeu a Peter o Grammy de melhor álbum instrumental no ano seguinte.

Carro-chefe do disco, a releitura de “Black Hole Sun”, do Soundgarden, concorreu na categoria melhor performance de rock instrumental, mas perdeu para “The Wizard Turns On…”, do The Flaming Lips, num desfecho tão bizarro quanto foi “Crest of a Knave”, do Jethro Tull, superando “…And Justice for All”, do Metallica, e levando como melhor performance de hard rock e heavy metal na edição de 1989 do prêmio.

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Marcelo Vieira
Marcelo Vieirahttp://www.marcelovieiramusic.com.br
Marcelo Vieira é jornalista graduado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com especialização em Produção Editorial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Há mais de dez anos atua no mercado editorial como editor de livros e tradutor freelancer. Escreve sobre música desde 2006, com passagens por veículos como Collector's Room, Metal Na Lata e Rock Brigade Magazine, para os quais realizou entrevistas com artistas nacionais e internacionais, cobriu shows e festivais, e resenhou centenas de álbuns, tanto clássicos como lançamentos, do rock e do metal.

2 COMENTÁRIOS

  1. Acredito que foi mais ou menos comercial da Hollywood é que fui começando a gostar de rock mesmo…lembro das músicas do Heart, peter frampton e outros!!!!
    Breaking All the Rules marcou muito, valeu!!!!

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