Fala de Monark sobre nazismo repercute entre músicos brasileiros de rock e metal

João Gordo, Andreas Kisser e Fernanda Lira estão entre artistas que opinaram sobre o caso; Rafael Bittencourt, que lançou podcast com os Estúdios Flow, não se manifestou

A frase abaixo, dita por Bruno Aiub, influenciador conhecido como Monark, causou repercussão negativa quase unânime nas redes sociais desde a última segunda-feira (7):

“Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista, reconhecido pela lei.”

A declaração foi proferida durante uma edição do Flow Podcast, que o próprio apresentava desde 2020 com Igor 3K. Na ocasião, os deputados Kim Kataguiri (Podemos) e Tábata Amaral (PSB) eram os convidados da atração.

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Como consequência, Monark, que pediu desculpas e disse estar bêbado na ocasião da entrevista, acabou sendo desligado não apenas do podcast, mas de todos os trabalhos da empresa, da qual era sócio fundador.

Com isso, vários convidados que apareceram no Flow já entraram em contato pedindo a remoção de suas aparições, incluindo músicos do rock e metal brasileiro como João Gordo (Ratos de Porão) e Lucas Silveira (Fresno). Outros artistas da cena também se pronunciaram. Veja a seguir.

João Gordo

Em comentário ao Hedflow, Viviane Torrico, esposa do vocalista do Ratos de Porão, declarou:

“Por aqui também pedimos que seja retirada a participação do João Gordo do programa e qualquer tipo de veiculação.”

Em suas próprias redes, Gordo fez algumas publicações que podem ser conferidas abaixo.

https://www.instagram.com/p/CZupaW9vSQD/
https://www.instagram.com/p/CZutpAkvq47/
https://www.instagram.com/p/CZu7VDfLJI3/

Andreas Kisser

Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura, se manifestou através de seu Instagram, marcando a conta do Flow.

“Pseudo intelectuais, ignorantes arrogantes, idiotas patrocinados, voltem aos seus buracos negacionistas, chega de ouvir tanta merda, tanto desrespeito e violência verbal. 🤮🤮🤮🤮 @flowpdc A palavra mata!”

https://www.instagram.com/p/CZuTTAVrcWk/

Lucas Silveira

Lucas Silveira, vocalista e guitarrista da Fresno, também pediu que sua participação fosse retirada no ar e se justificou no Twitter.

“Quando fui no Flow, há um ano, fui muito bem tratado e fizemos um programa leve e divertido, que inclusive gerou cortes bem engraçados. Dito isso, frente ao que vem rolando no podcast, me preocupa muito o ponto a que o Monark precisa chegar para justificar suas posições.

Não quero chover no molhado, mas talvez precise: liberdade não é isso. Liberdade absoluta e irrestrita é barbárie. Já tem preto sendo espancado por cobrar salário, bala ‘perdida’ em criança de comunidade, presidente genocida DEMAIS para q a gente ache normal relativizar nazismo.

Isso é molecagem, e molecagem vão te cobrar. Quando tu tem 50 ouvintes, não importa o que tu fala. Mas a partir do momento em que você concentra uma audiência absurda de enorme, ganha muito dinheiro com isso, tem teu nome ligado a marcas grandes, cada palavra ganha outro peso.

Isso não quer dizer que você precisa ser uma ameba chapa-branca quando faz sucesso. Significa que todas as palavras e opiniões públicas que você dá vão ser cobradas, SEMPRE, e por isso mesmo você tem que ter critério e noção na hora de falar. Tudo gera consequência. Responsa que chama.

No meu episódio, a conversa se deu em grande parte com o Igor 3k, por termos alguns gostos em comum. Eu não fui atrás, mas pelo menos de cabeça não o vi falando grandes absurdos irresponsáveis quanto essas coisas que o Monark disse tantas e repetidas vezes. Lima esse cara.

Duas coisas para finalizar: fiz a solicitação para que meu episódio seja tirado do ar o quanto antes. E mais uma coisa: as pessoas assistem o podcast, em sua maioria, por causa dos convidados. Lima esse cara do programa logo, se tu não quer que ele vire reduto apenas de alt right babaca.

Igor 3K, você parece ser um cara da hora, que tá contratualmente preso a um cara que vai derrubar o projeto de vocês dois. tudo isso é sobre o que o Monark fala no Flow, não sobre você. Já vi isso acontecer mil vezes, as coisas bombam e são esquecidas cada vez mais rápido.”

Fernanda Lira

Fernanda Lira, vocalista e baixista da Crypta, publicou uma foto no Instagram com os dizeres “Women Against Fascism” e declarou:

“POR QUÊ ESTOU USANDO UMA CAMISETA QIE DIZ ‘MULHERES CONTRA O FASCISMO?’

As lutas antifascistas contemporâneas combatem quaisquer ideologias e ações supremacistas (ideologias imbecis que acham que algum grupo é superior a outro), muitas delas CRIMINOSAS (neonazismo, racismo, xenofobia, misoginia, homofobia, transfobia, aporofobia, etarismo) e a opressão, discriminação e desrespeito a minorias e basicamente ao direito básico de existir de cada um, dentre outras coisas.

Portanto, pra mim só não se opõe ao fascismo quem:

Flerta com ou se beneficia dele.
Quem ainda não entendeu o que é ser antifascista, e tá td bem, por isso estou fazendo esse post, pra, aos poucos, irmos esclarecendo que quando falamos que devemos combater ideologias fascistas é pra defender os direitos da maioria de vcs que tão lendo, afinal, ngm é livre até que todos estejamos livres.

A luta antifascista não é apenas por valores morais mínimamente decentes, mas é uma luta existencial.

‘Ah, mas e a liberdade de expressão?’ – opinião é uma coisa, crime é outra.
Seu direito de se expressar acaba quando bota em risco a vida do outro, simples assim. Seu direito a uma opinião de bosta acaba quando começa o direito do outro de viver e não ser oprimido.

‘Vou te deixar de seguir pq tá falando de política’ – defender que as pessoas tenham seus direitos humanos básicos respeitados não se trata nem só de política, são valores vitais mesmo e se vc se opõe a coisas básicas assim, eu lamento e espero que eventualmente vc compreenda. Logo, não me importo se deixar de seguir, direito teu.”

https://www.instagram.com/p/CZusgczvz2H/

Fernando Badauí

Vocalista do CPM 22, Fernando Badauí publicou em mensagens separadas via Twitter:

“A internet trouxe muitas coisas boas, muitas oportunidades para artistas, escritores, jornalistas independentes, sem que precisasse de uma grande corporação pra obter sucesso, além de inúmeras outras coisas legais, mas também deu voz a uma enormidade de gente nefasta.

Quando alguém bebe e atropela alguém essa pessoa perde a carta e vai presa. Bebida não é muleta.”

João Barone

João Barone, baterista d’Os Paralamas do Sucesso, disse pela mesma rede social:

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“Nunca em meus piores pesadelos imaginei ver como a ignorância sobre nazismo e “liberdade de opinião” estariam tão presentes no nosso dia-a-dia em pleno Século XXI. Onde foi que erraram? Quem deixou isso acontecer? É preciso consertar essa história e rápido! #foranazistas”

O guitarrista Rafael Bittencourt, do Angra, que recentemente estreou o podcast Amplifica em parceria com os Estúdios Flow, publicou uma longa nota no Instagram sobre o assunto. Acesse clicando aqui ou no conteúdo incorporado abaixo.

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Com mais de 3,6 milhões de inscritos em seu canal no YouTube, o Flow Podcast é um dos mais assistidos do país. Anteriormente, a atração já havia perdido patrocinadores por conta de outras declarações de Monark.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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