Black Label Society expande possibilidades com duas guitarras no álbum “Doom Crew Inc.”

Décimo-primeiro disco da banda de Zakk Wylde marca a estreia em estúdio de Dario Lorina, que divide as 6 cordas com o patrão

O Black Label Society lançou, nas plataformas digitais, seu 11º álbum de estúdio. Intitulado “Doom Crew Inc.”, o trabalho chega por meio da gravadora eOne.

Citado como uma homenagem à fiel equipe técnica da banda, “Doom Crew Inc.” apresenta músicas que são descritas pelo vocalista, guitarrista e líder Zakk Wylde como “odes à celebração e ao luto”. O frontman, famoso por seu trabalho como braço-direito de Ozzy Osbourne, é acompanhado no álbum por Dario Lorina (guitarra), John “J.D.” DeServio (baixo) e Jeff Fabb na bateria.

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Ouça “Doom Crew Inc.” abaixo, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais. Uma resenha está disponível a seguir.

Novas possibilidades, mas com cautela

Embora os primeiros álbuns do Black Label Society sejam os mais celebrados, sinto que os trabalhos recentes vêm em uma crescente – especialmente depois que Zakk decidiu dar mais tempo entre o lançamento de um disco e de outro. Para mim, o auge dessa nova fase é representado por “Grimmest Hits” (2018), um dos melhores registros de toda a carreira do guitarrista.

“Doom Crew Inc.” busca aproveitar esse bom momento criativo do guitarrista ao mesmo tempo em que testa novos elementos e estruturas. Soa como BLS (automaticamente, como um filho turbinado do Black Sabbath), mas há um tempero diferente por aqui.

A principal diferença é a presença de um segundo guitarrista que participa ativamente do processo. Dario Lorina, integrado à formação de turnês em 2014, gravou com a banda pela primeira vez e recebeu aval para contribuir mais do que seu antecessor Nick Catanese, cuja participação se restringia aos palcos.

Ter uma dupla no instrumento abriu uma gama de possibilidades, algumas delas devidamente exploradas. “Doom Crew Inc.” traz mais solos de guitarra, não só com Lorina explorando influências que transcendem os clássicos maneirismos do patrão, como também pelo uso das famosas “guitarras gêmeas” em certas ocasiões.

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Pude entrevistar Zakk Wylde recentemente, que comentou:

“Esse disco é uma evolução natural do que já estávamos fazendo. Nos shows, quando toco piano, Dario segue na guitarra. Ao longo dos anos em que ele está na banda, estamos nos envolvendo mais, com solos duplos em músicas antigas como ‘Stillborn’ ou ‘Suicide Messiah’, também quando vamos para o meio da galera em ‘Fire it Up’. O disco é meio que uma extensão disso. Em algumas músicas, fazemos harmonias e arranjos na veia dos Allman Brothers, Judas Priest, Thin Lizzy, que dependem de duas pessoas na guitarra. Ele é um ótimo guitarrista.”

A novidade faz a diferença em músicas como o single “Set You Free”, com solos imensos; a pesada “Ruins”, talvez a faixa em que Dario mais se destaca; e as dinâmicas “Forsaken” e “Shelter Me”, que apostam em muitas transições, entre outras.

Por outro lado, como já apontado, “Doom Crew Inc.” traz o som típico do BLS, sempre ancorado na combinação entre peso e cadência, no instrumental robusto, em um arsenal de riffs que bebem da fonte Tony Iommi e na cozinha em prol das guitarras. Como habitual, tudo soa bem gravado e produzido, diretamente da casa de Zakk Wylde.

Outro tópico curioso é que embora nunca tenha sido um exímio cantor, Zakk parece estar cada vez melhor e mais técnico diante do microfone. Percebe-se a evolução especialmente nas baladas, a exemplo de “Forever and a Day”, “Love Reign Down” (regravação da faixa lançada em “Stronger Than Death”, no ano 2000) e “Farewell Ballad”.

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A última, aliás, merece menção à parte. A faixa nasceu de um breve instrumental de Wylde que viralizou no YouTube há mais de uma década e acumula mais de 23 milhões de visualizações, na soma de várias publicações. Demorou, mas Zakk finalmente expandiu o trecho para uma canção completa. E como resultado, temos um dos melhores momentos do álbum.

Ao conversar com o guitarrista, ele me contou:

“Não há nada demais nela. Quando você quer solar, a melhor base é uma progressão simples que te possibilite tocar melodias e fritar. Eu tinha quatro acordes e pensei em começar a canção ao fim dessa base. Comecei a pensar em como fazer, onde começar a cantar. Já na virada da música, bolei outra melodia, daí tal coisa virava o refrão. Não demorou muito. Achei o que queria fazer e corri para o abraço.”

Ainda que não se compare ao antecessor “Grimmest Hits”, “Doom Crew Inc.” é um bom trabalho e parece refletir a busca de Zakk por mudanças – sutis, é claro, porque nenhuma banda com mais de 20 anos de carreira faz alterações tão abruptas em seu som. Algumas músicas que vão funcionar bem nos shows; outras, apenas compõem a audição do disco. Mas não há nenhum momento que fuja do padrão de qualidade do grupo.

O álbum está em minha playlist de lançamentos, atualizada semanalmente. Siga e dê o play:

Black Label Society – “Doom Crew Inc.”

  1. Set You Free
  2. Destroy & Conquer
  3. You Made Me Want To Live
  4. Forever And A Day
  5. End Of Days
  6. Ruins
  7. Forsaken
  8. Love Reign Down
  9. Gospel Of Lies
  10. Shelter Me
  11. Gather All My Sins
  12. Farewell Ballad
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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

1 COMENTÁRIO

  1. Eu adorei o disco , sou suspeito em dizer , porque zakk e cia são minha banda predileta , por terem sido um dos primeiros registros de rock/metal que ouvi . Ainda que não tenha mais a agressividade dos álbum iniciantes nem a melodia intensa e solos marcantes como o Shot To Hell , ainda assim me prende a atenção por completo.

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