Rock Star, o filme que foi de Judas Priest a Steel Dragon – e fracassou

Longa tornou-se um clássico cult entre fãs de rock e metal, porém, deu prejuízo devido a história fraca e timing ruim

Muitos devem imaginar que “Rock Star”, de 2001, foi um sucesso. Afinal, o filme sobre a banda fictícia Steel Dragon, dirigido por Stephen Herek e protagonizado por Mark Wahlberg e Jennifer Aniston, é transmitido frequentemente em canais de filmes da TV fechada e tornou-se quase como um clássico cult no meio do rock/metal. Mas não foi bem assim.

Não é segredo que o longa foi inspirado na trajetória de Tim “Ripper” Owens, vocalista do Judas Priest de 1996 até 2003. A produção retrata a vida de um cantor de heavy metal, Chris “Izzy” Cole (interpretado por Wahlberg), fanático por uma banda famosa do gênero, o Steel Dragon.

- Advertisement -

Cole monta um grupo em tributo ao Steel Dragon e permanece nela por um tempo, até ser chamado para integrar a banda original. A história é muito semelhante à de Ripper e, inclusive, o integrante substituído é homossexual, assim como Rob Halford.

A negativa do Judas Priest

O Judas Priest se acertou com a produção do filme para fazer a trilha sonora, pois a intenção era fazer um filme biográfico da banda. Porém, os integrantes não gostaram do roteiro apresentado, alegando que estava muito distante do que realmente aconteceu, hollywoodiano em excesso.

O roteiro original, visto e negado pelos Metal Gods, é basicamente o mesmo que gerou a obra final, provavelmente com algumas alterações para dramatizar ainda mais a trama.

Após a negativa do Judas Priest, os personagens tiveram seus nomes alterados, além de alguns outros detalhes como datas e trechos da história. A trama geral, porém, continuou basicamente a mesma.

Trilha sonora

Alguns grandes músicos foram chamados para fazer a trilha sonora. A lista contempla nomes como Jason Bonham, Jeff Pilson (Dokken), Zakk Wylde, Blas Elias (Slaughter), Nick Catanese (Black Label Society), Brian Vander Ark (The Verve Pipe) e Jeff Scott Soto, além de Miljenko “Mike” Matijevic, vocalista que estava em ostracismo desde o grave acidente que sofreu durante um show do Steelheart em 1992.

Leia também:  O guitarrista da África elogiado por Kirk Hammett (Metallica)

Matijevic, inclusive, lançou um disco com sua banda em 1996, intitulado “Wait”, e já com uma versão própria de “We All Die Young”, uma das faixas que compõem a trilha sonora. Essa e outras canções foram gravadas com nova roupagem com os músicos acima citados, constituindo o Steel Dragon.

Vale constatar que, no filme, apenas Wylde, Pilson e Bonham, além dos atores Walhberg e Dominic West (que interpreta o guitarrista Kirk Cuddy) formam a banda. Os outros participam exclusivamente da trilha sonora e/ou fazem uma ponta como integrantes do tributo.

Entre outras músicas do repertório do grupo fictício, há:

  • “Blood Pollution”, composta por Twiggy Ramirez (Marilyn Manson);
  • “Livin’ the Life”, feita por Steve Plunkett (Autograph) e Peter Beckett;
  • “Wasted Generation”, escrita por Desmond Child, A. Allen e J. Allen;
  • “Long Live Rock ‘n’ Roll”, cover do Rainbow;
  • “Stand Up”, de autoria de Sammy Hagar e aproveitada por ele próprio em versão para um de seus álbuns solo, “Not 4 Sale”, de 2002.

Uma observação que vale ser feita: “Reckless”, original do Phoenix Down, tem apenas um trecho presente no filme, mas a música não chegou a ser registrada por completo pelo Steel Dragon. A versão que circula pela internet é a original, que inclusive conta com a voz de Kane Roberts (ex-Alice Cooper), líder da banda em questão.

Leia também:  Filme “Deadpool & Wolverine” ganha primeiro trailer; assista

O fiasco de Rock Star

Com toda a pompa e uma trilha sonora com músicas próprias arrasadoras, “Rock Star” foi lançado no dia 7 de setembro de 2001. Contudo, o investimento de US$ 57 milhões teve apenas US$ 19,3 milhões (em âmbito mundial) de retorno. Apenas US$ 2,3 milhões desse número veio de renda internacional, sendo que o filme saiu em todo o mundo. Um fiasco.

O fracasso pode ser explicado pela própria obra, que tem um final ruim e é genérica em seu geral, cheia de clichês – mesmo sendo o suficiente para seduzir os fãs do estilo musical. Mesmo com a tentativa de trazer a aura do hard rock e o heavy metal na década de 1980 para o século 21, a história não convence.

Alerta de spoiler!

O próprio fim do filme mostra que o gênero está morto. O protagonista migra para uma ala mais pop ou alternativa – depende da interpretação de cada um.

Sem mais spoilers a seguir.

Além disso, o longa foi lançado quatro dias antes do atentado de 11 de setembro, o que tirou o foco, especialmente nos Estados Unidos. Tudo deu errado.

Por outro lado, “Rock Star” deixou um legado curioso através de sua trilha sonora. As músicas do Steel Dragon são muito boas e apresentaram o trabalho de nomes como Steelheart e Jeff Scott Soto, entre outros, a quem não os conhecia.

https://www.youtube.com/watch?v=N6OKZbOuWyg

* Texto publicado originalmente em 2014.

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioCuriosidadesRock Star, o filme que foi de Judas Priest a Steel Dragon...
Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

15 COMENTÁRIOS

  1. O filme tem uma história até interessante e mostra bem o cenário metal 80, mas realmente o que o autor dessa matéria complementou: o final é horrível mesmo, prejudicou todo o filme, aquela cena “Emo” é de doer os olhos..

  2. Eu só olhei esse filme pra ver o Myles Kennedy e ele apareceu só no final!! Ou seja, na minha opinião, é a única parte boa do filme! (Ele é meu ídolo!!! Me dá um desconto!!)

    • Faltou não. Tem um link logo no começo do texto com um artigo complementar sobre a participação de Myles Kennedy no filme. Só que ele não participa da trilha sonora e a presença dele no filme é muito breve, quase nula.

  3. Gostei quando lançou, assisti algumas vezes, mas o personagem principal é muito ingênuo, a transição de fã Zé ninguém para rockstar é abrupta, quando ele é posto no seu devido lugar e ele se rebela é estranho, o ego dele cresceu tanto e não fica claro pro telespectador, e depois ele muda totalmente de direção seguindo carreira solo. Comentei com uma amigo sobre este filme alguns dias atrás, assim como eu fã do Mark Wahlberg

    • Esqueci não. Tem um link logo no começo do texto com um artigo complementar sobre a participação de Myles Kennedy no filme. Só que ele não participa da trilha sonora e a presença dele no filme é muito breve, quase nula.

  4. O filme pra quem é fã de Metal e Hard Rock é muito legal . Dá pra se ter uma ideia dos bastidores de quem teve o prazer e a oportunidade de viver neste meio .

  5. Sou um fã extremo dessa obra, por ter todos os elementos de músicos que sou muito fã.. tanto que sou o criado do clip de We All Die Young que ta sendo exibido aqui.. foi legal eu vim ler sobre o filme que gosto tanto e encontra material meu aqui.

  6. Honestamente, gosto desse filme… Não tinha imaginado que o retorno foi tão ruim! Até q, pelo tempo limitado para desenvolver a história, não considero o enredo ruim. Não pelo fato do protagonista tem se enveredado p/ um estilo mais alternativo, mas por ele ter se reconciliado com o amigo, até o final acho interessante.

  7. O filme é uma obra de ficção…feita para tentar intreter, óbvio que por se tratar de um mundo cheio de seres humanos peculiares que são os rock stars não faltaria comentários e julgamentos lavradores….se não for assim esse ambiente aqui não vende…. não vai pra frente…..as pessoas tem que chamar atenção de alguma forma….e a mais clássica é criticando e lacrando…

  8. Gostei da matéria, mas desde quando o metal e o hard rock morreram? Tchê, continua exatamente como sempre foi: para poucos. Isso é como torcer para o teu time de futebol, não se escolhe; ou tu gostas ou não gostas. Ou alguém acha que essa geração de retardados que escuta Anita e sertanojo vai conseguir entender o que é ser rockeiro? Espero que continue assim sempre! Rock e metal não é pra qualquer um, graças a Deus.

  9. Tão faltando bosta
    O filme é foda do início ao fim. A história é foda, a trilha é foda, o feelling a cada momento conforme a história de desenrola
    Cara a profundidade que foi dada é surpreendente
    Esse filme é foda demais! Do início ao fim sem tirar nada. A primeira vez que vi tinha passado no SBT há muito anos atrás, eu era menorzão e nem conhecia o Whalberg

    Frequentemente assisto, o filme é foda

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades