O Queen tem duas fases da carreira divididas de acordo com as décadas em que a banda esteve ativa.
A primeira, que corresponde à década de 1970, traz um rock com contornos épicos e experimentos que o colocavam na vanguarda. A segunda, nos anos 1980, está muito mais próxima do pop, com maior uso de melodias de fácil assimilação, ainda que sem abrir mão da pomposidade nos arranjos.
Outra maneira de distribuir essas etapas é se baseando nos dois primeiros volumes da coletânea “Greatest Hits” do grupo. A primeira foi lançada há quatro décadas, no dia 26 de outubro de 1981.
As edições norte-americana, brasileira, argentina e japonesa da compilação têm tracklists diferentes em relação à mundial, de acordo com sucessos locais. Porém, o grosso do repertório se baseia em 17 faixas no período que compreende a fase do segundo disco, “Queen II” (1974) – o primeiro coloca uma música apenas na versão estadunidense, “Keep Yourself Alive” –, até “The Game” (1980).
Como resultado, a coletânea é o álbum mais vendido de toda a carreira do quarteto. Ao todo, 25 milhões de cópias foram comercializadas em todo o planeta.
Recorde em solo britânico
Entretanto, o feito mais impressionante de “Greatest Hits” é regional. A coletânea é simplesmente o disco mais vendido da história da indústria fonográfica do Reino Unido.
Sim, a nação insular que compreende Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, que deu ao mundo os Beatles, Rolling Stones e Led Zeppelin – para ficar apenas em alguns nomes –, tem na obra do Queen a sua peça fonográfica mais comercializada em todos os tempos. No total, 6,6 milhões de unidades foram compradas por locais, de acordo com a última atualização de dados, divulgada em agosto de 2020.
Para efeitos de comparação, eis o top 10 completo:
- Greatest Hits (Queen) – 6,6 milhões de cópias vendidas
- Gold (ABBA) – 5,5 milhões
- Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band (The Beatles) – 5,3 milhões
- 21 (Adele) – 5,2 milhões
- (What’s The Story) Morning Glory? (Oasis) – 4,9 milhões
- Thriller (Michael Jackson) – 4,4 milhões
- The Dark Side Of The Moon (Pink Floyd) – 4,4 milhões
- Brothers In Arms (Dire Straits) – 4,3 milhões
- Bad (Michael Jackson) – 4,1 milhões
- Greatest Hits II (Queen) – 3,9 milhões
Considerando que a população local gira em torno de 67 milhões de pessoas de acordo com o último censo local, praticamente uma a cada dez pessoas possui sua cópia de “Greatest Hits”. Um número gigantesco.
A era do streaming dificultou a obtenção de números absolutos, mas é fato que as vendas aumentaram com o sucesso do filme “Bohemian Rhapsody”. O disco voltou à parada britânica, onde já passou mais de 900 semanas desde seu lançamento.
Em declaração para o Official Charts à época da divulgação do ranking, o guitarrista Brian May não escondeu seu entusiasmo.
“Sempre acreditei no nosso trabalho, mas isso vai além de qualquer sonho de infância. Agradeço muito ao público.”
Paralelamente também foram disponibilizados o vídeo “Greatest Flix”, com os clipes das faixas, e o livro “Greatest Pix”, cobrindo a história da banda até aquele momento. O relançamento mais recente de “Greatest Hits” ocorreu em maio deste ano, em CD, LP e K-7, incluindo edições com capas individuais trazendo os rostos de cada membro exclusivamente no formato de fitinha.
Queen – “Greatest Hits”
Tracklist da versão britânica:
- Bohemian Rhapsody
- Another One Bites the Dust
- Killer Queen
- Fat Bottomed Girls
- Bicycle Race
- You’re My Best Friend
- Don’t Stop Me Now
- Save Me
- Crazy Little Thing Called Love
- Somebody to Love
- Now I’m Here
- Good Old-Fashioned Lover Boy
- Play the Game
- Flash
- Seven Seas of Rhye
- We Will Rock You
- We Are the Champions
* As versões de Brasil, Argentina, México e Venezuela têm uma gravação ao vivo de “Love of My Life” no lugar de “Seven Seas of Rhye”. Outras peculiaridades de cada versão da coletânea podem ser conferidas clicando aqui (artigo em inglês).