Por que o Black Sabbath não curtiu ter Rick Rubin produzindo “13”

Em tom de deboche, Tony Iommi descreveu profissional de estúdio como preguiçoso

Lançado em 10 de junho de 2013, o álbum “13” se tornou o último da carreira do Black Sabbath. O material foi produzido por Rick Rubin, que havia sido escalado para trabalhar em um disco da banda ainda em 2001.

Levou uma década até que o Black Sabbath se reunisse novamente para gravar um álbum. O vocalista Ozzy Osbourne estava de volta, junto do guitarrista Tony Iommi e do baixista Geezer Butler, mas a bateria do disco não trouxe o membro original Bill Ward – em seu lugar, tocou Brad Wilk, de bandas como Rage Against the Machine e Audioslave.

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A produção de “13” foi assumida por Rick Rubin, que também estava escalado para o projeto original de 2001. O americano de Long Beach é um dos nomes mais consagrados do segmento, tendo trabalhado com artistas de hip hop, como Beastie Boys, Public Enemy e Run DMC, e rock e metal, como Red Hot Chili Peppers, Slayer e System of a Down.

Rick Rubin (foto: divulgação)

Todavia, o método de produção utilizado por Rick Rubin não deixou o Sabbath tão contente. Tony Iommi, em especial, desaprovou a forma do produtor conduzir a gravação em estúdio.

Em entrevista à Spin, Iommi tirou sarro ao revelar qual foi o único aprendizado que extraiu das sessões com o produtor.

“Aprendi a ficar deitado no sofá com um microfone na mão e dizer: ‘próximo!’.”

Em seguida, o músico aliviou o discurso e apontou que o jeito como o produtor trabalhava era “apenas diferente”.

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De fato, Rubin é conhecido por conduzir suas gravações deitado em um sofá, pedindo para que outras pessoas façam as coisas por ele. Sua metodologia também envolve pouca interferência no processo criativo dos músicos.

Rick Rubin, Black Sabbath e a busca pelo vintage

Outro ponto de conflito foi a busca incessante, por parte do profissional de estúdio, pela sonoridade dos primeiros álbuns do Black Sabbath – com direito a equipamentos do início da década de 1970.

Na mesma entrevista à Spin, Tony Iommi comenta:

“Ele queria encontrar o som original do Sabbath. Perguntou se eu tinha meus amplificadores de guitarra originais e eu respondi: ‘Rick, isso foi há 50 anos, você tem algum amplificador de 50 anos atrás?’. Falei que aqueles amplificadores já eram, mas ele queria os antigos.”

O guitarrista foi surpreendido ao chegar um dia no estúdio e se deparar com 20 amplificadores diferentes no local.

“Ele falou que eram amplificadores vintage e eu disse: ‘não significa que soarão bem, são apenas velhos’. Aceitei testar e não curti nenhum.”

Os dois acabaram se entendendo conforme a gravação procedia, mas Iommi acabou trabalhando partes de “13” em sua casa.

“Fiz várias músicas do último disco em meu estúdio em casa. Achei que soava melhor, para ser honesto. Mas há outras coisas envolvidas, eu colocava mais instrumentos. Ele queria que tudo ficasse muito simples e básico, o que também é bom.”

Sonoridade e sucesso de “13”

Tony Iommi não chega a citar a sonoridade de “13” em entrevistas, mas o álbum foi criticado, na época em que foi lançado, devido à sonoridade de sua mixagem. É perceptível que o disco adotou bastante compressor e aumento de volume, o que distorceu alguns sons que deveriam parecer mais naturais.

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Nos anos anteriores ao disco, Rick Rubin já vinha sendo alvo de críticas por aumentar cada vez mais o volume das músicas que produzia, comprometendo timbres de instrumentos e até de vozes. É um dos grandes “líderes” da chamada loudness war, ou guerra do volume, graças a álbuns como “Californication”, do Red Hot Chili Peppers, e “Death Magnetic”, do Metallica.

Apesar disso, “13” fez bastante sucesso quando foi lançado – muito disso por ser o primeiro álbum de estúdio do Black Sabbath com Ozzy Osbourne nos vocais desde o fim da década de 1970.

Na época em que chegou a público, o disco atingiu o primeiro lugar das paradas de nove países, incluindo Estados Unidos e Reino Unido, pela primeira e segunda vez na carreira, respectivamente. As músicas “God Is Dead?”, “End of the Beginning” e “Loner” foram promovidas como singles.

Em um ano, “13” vendeu mais de um milhão de cópias em todo o mundo. Foi reconhecido com disco de ouro no Reino Unido e na Áustria e platina no Canadá, Polônia, Alemanha e Brasil, onde teve mais de 40 mil unidades comercializadas.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

1 COMENTÁRIO

  1. grandíssimo disco de despedida, um dos melhores da história junto a clockworks angels do rush, com a qualidade devida exclusivamente à qualidade dos musicos envolvidos pois rick rubin sempre foi um produtor superestimado, nem um pouco inventivo ou inovador (como don was, brian eno, mutt lange, entre muitos outros) e que se beneficiou das bandas, elas sim, inovadoras, que produziu na maioria da carreira

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