Por volta dos 19 anos de idade, o guitarrista Mick Mars, do Mötley Crüe, foi diagnosticado com espondilite anquilosante. A doença degenerativa é uma espécie de artrite autoimune que causa, especialmente, rigidez e dor nas articulações da coluna.
O problema de saúde poderia ter impedido Mick Mars de manter uma agenda regular como músico que viaja por todo o mundo – ou mesmo de tocar guitarra, uma atividade considerada simples. Todavia, isso nunca aconteceu com ele, que sempre conseguiu honrar seus compromissos, apesar de percalços e situações bem complicadas.
Bem-humorado, o guitarrista contou sobre como as dores começaram a incomodá-lo no livro “The Dirt”, a famosa biografia da banda que originou o filme de mesmo nome.
Segundo ele, as dores começaram nos quadris e foram piorando gradativamente, subindo para o resto do corpo, incluindo costas e estômago.
“Meus quadris começaram a doer tanto a cada vez que eu virava meu corpo que parecia que alguém estava acendendo fogos de artifício nos meus ossos. Eu não tinha dinheiro para ir ao médico, então continuei acreditando que poderia fazer o que eu geralmente fazia: torcer para ir embora, com o poder da minha mente. Mas continuou piorando.”
Com o tempo, as dores se somaram a uma escoliose, o que fez com que ele ficasse alguns centímetros mais baixo, e uma forte sensibilidade à luz. Ele também não consegue mover sua cabeça, o que o impossibilita de dirigir, entre outras atividades.
Mick Mars e espondilite anquilosante: piores momentos
Em entrevistas, Mick Mars conta que o pior momento de sua saúde foi no início dos anos 2000, quando o Mötley Crüe estava em um período sem atividades. Nessa época, o músico perdeu peso e ficou viciado em analgésicos para conter as dores.
Ele falou da recuperação em entrevista ao Metal Sludge, em 2008, após uma cirurgia de substituição dos quadris:
“Eu continuei piorando e piorando, e parei de tocar guitarra por quase 2 anos. Hoje em dia, não está tão ruim, mas antes eu estava doido com todas aquelas coisas e o Mötley estava em uma pausa. Eu sabia que se não parasse, eu morreria. No final, eu tive que ir a um neuropsiquiatria para me endireitar, e ele me disse: ‘apenas segure a guitarra uma hora por dia – não toque, apenas segure’. Foi bem bizarro, mas eu consegui, e no final acho que eu me tornei um guitarrista melhor por causa disso.”
Ao longo dos anos, a saúde de Mick Mars foi um ponto decisivo para as atividade do Mötley Crüe. Chegou-se a cogitar, inclusive, que o encerramento das atividades da banda em 2015 teria a ver com isso – algo negado pelo próprio guitarrista.
Mars sempre preferiu manter o otimismo e o bom-humor, brincando até que o fato de ter ficado “torto” o ajudou, já que sempre consegue ver sua guitarra.
Ele resumiu sua motivação pela música em uma entrevista de 2011, onde comenta a respeito da doença e de como fez para seguir em frente:
“Ainda dói. Ainda incomoda de vez em quando, mas como eu digo, música é minha paixão. É o que eu faço. É pelo que eu vivo. Acho que ela me mantém vivo. Estou feliz por estar aqui, por poder fazer as pessoas felizes, por fazê-las sorrir e dar a elas o que eu sinto através da minha música. Espero que gostem, e se não gostarem, oh, tudo bem.”