8 fatos curiosos que não constam em The Dirt, filme do Mötley Crüe

A cinebiografia "The Dirt", sobre a carreira do Mötley Crüe, preserva certo tom documental, mas certamente não daria tempo de contar todas as histórias da banda.

A cinebiografia “The Dirt”, sobre a carreira do Mötley Crüe, preserva certo tom documental. Apesar de ser destacado no próprio filme que nem todas as histórias contadas são reais, a produção manteve cuidado com a ordem cronológica dos fatos e contou, pelo menos, as principais histórias relacionadas à icônica banda de hard rock.

Porém, duas horas – para mais ou para menos – nunca é tempo suficiente para contar uma história real por completo. Sendo assim, é de se esperar que alguns fatos tenham ficado de fora de “The Dirt”, seja pela questão do tempo ou, simplesmente, por terem acontecido na vida pessoal dos músicos ou após a época do retorno do vocalista Vince Neil, em 1997.

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Na lista a seguir, com pesquisa auxiliada por artigos do site Ultimate Classic Rock, separei oito fatos curiosos que não são retratados em “The Dirt”. Confira!

1) Os primeiros integrantes do Mötley Crüe

Apenas um suposto ex-integrante é retratado em “The Dirt”: um guitarrista pouco habilidoso que faria base para Mick Mars, mas acabou dispensado pelo próprio. Contudo, a banda contou com dois músicos – um guitarrista que cantava e um vocalista – antes de estabelecer sua formação com Mars, Vince Neil, Nikki Sixx e Tommy Lee.

O guitarrista retratado no filme se assemelha um pouco com Greg Leon, que integrou o Mötley Crüe em suas primeiras semanas. Porém, a realidade foi um pouco diferente: Leon era um exímio instrumentista, que chegou a tocar com Quiet Riot e Dokken na época, e relata que foi ele quem se recusou a tocar com o Crüe, porque Nikki Sixx “tocava mal e sequer conseguia afinar o próprio baixo”.

Greg Leon, aliás, cogitava assumir também os vocais, mas Sixx e Tommy Lee queriam um frontman, ao estilo David Lee Roth, do Van Halen. O primeiro nome cotado para a vaga foi O’Dean Peterson, que integrou o Mötley Crüe por pouco tempo. Embora tenha sido descrito como “ótimo cantor” por Lee, no livro “The Dirt”, Sixx não o manteve por tanto tempo por “não soar como Brian Connolly, do The Sweet” e “não se livrar de luvas brancas muito bregas”.

2) Direitos na justiça

A cena que retrata Nikki Sixx e Tom Zutaut, da Elektra Records, discutindo sobre os direitos das músicas do Mötley Crüe foi bem mais branda do que na vida real. A banda precisou batalhar na justiça para recuperar seus direitos.

Foto: divulgação

A briga judicial aconteceu em meados de 1998, quando o Mötley Crüe rompeu com a Elektra – Tom Zutaut já não trabalhava mais para a gravadora. A banda queria controlar seu próprio catálogo musical, por isso, queria recuperar os direitos.

Só foi possível um acordo porque a gravadora devia muito dinheiro – “na casa das dezenas de milhões”, segundo Mick Mars – ao Mötley Crüe. A banda aceitou um pagamento na casa dos milhões e a retomada dos direitos sobre seu catálogo.

3) Tretas com a MTV

A relação do Mötley Crüe com a MTV era repleta de altos e baixos. A primeira “estremecida” aconteceu quando o “Dial MTV”, programa em que o público pedia os clipes – ao estilo do brasileiro “Disk MTV” -, proibiu que “Home Sweet Home” ficasse mais de três meses no primeiro lugar da atração.

A partir de então, teria sido criada uma espécie de “Crüe rule” (“regra Crüe”), em que, supostamente, nenhum artista poderia ficar mais de 30 dias no primeiro lugar do programa, mesmo que fosse o desejo do público.

Após isso, o Mötley Crüe alternava entre momentos de sucesso e de outras proibições na MTV. Apesar de vídeos como de “Dr. Feelgood” terem tocado bastante na emissora, o clipe de “You’re All I Need” foi rejeitado por conter cenas de violência e o de “Girls, Girls, Girls” teve que ser censurado devido às cenas de viés erótico.

https://www.youtube.com/watch?v=Bq7qSpilsIU&feature=emb_title

Na década de 1990, a MTV aplicou uma espécie de “banimento silencioso” ao Mötley Crüe após Nikki Sixx ter socado um apresentador durante uma entrevista. Com isso, os clipes produzidos pela banda na época praticamente não passaram na emissora – “Misunderstood”, em especial, foi banido por ter cenas e parte da letra com referências ao suicídio.

4) Treta com Doc McGhee

Doc McGhee deixou de ser o empresário do Mötley Crüe em 1989 de uma forma bastante violenta.

Tudo começou quando McGhee foi preso por tráfico de drogas em 1988. Ele negociou sua soltura se comprometendo a criar uma associação antidrogas – a Make a Difference Foundation -, que, em 1989, realizou o festival Moscow Music Peace Festival, com vários artistas de hard rock e metal, em Moscou, Rússia.

Na mesma época, os quatro integrantes do Mötley Crüe foram para a reabilitação, já que Nikki Sixx quase morreu após uma overdose de heroína, e fizeram um pacto de que se manteriam sóbrios. Porém, Doc e as bandas consideradas – incluindo Ozzy Osbourne, Scorpions, Bon Jovi e Skid Row – não abriram mão de sua “recreação”, tendo um médico particular no avião com os músicos para receitar “medicamentos”.

A situação deixou os integrantes do Crüe um pouco irritados, mas, ainda assim, eles se mantiveram sóbrios. A coisa ficou feia, mesmo, quando foram proibidos de usar elementos de pirotecnia no palco por suposta proibição das autoridades russas, pois, pouco tempo após serem comunicados, eles ficaram sabendo que o Bon Jovi – na época, também empresariado por Doc McGhee – conseguiu burlar a regra.

https://www.youtube.com/watch?v=14Xut410dO4&feature=emb_title

A reação dos membros do Mötley Crüe foi imediata: Tommy Lee agrediu Doc McGhee, enquanto Nikki Sixx o demitiu ainda na Rússia.

5) Carreiras solo de Vince e Tommy

Após retratar a saída de Vince Neil do Mötley Crüe, o filme o mostra apenas afogando as mágoas e cuidando de sua filha Skylar, que ficou doente e acabou falecendo. O fato de que ele manteve uma carreira solo com dois discos – o pomposo “Exposed” (1993), que até prometia superar os feitos do Crüe, e o alternativo “Carved In Stone” (1995) – foi ignorado no longa-metragem.

Outra ausência curiosa, com direito a apenas uma breve referência, é a carreira solo de Tommy Lee. No filme, é possível vê-lo apenas com uma espécie de equipamento de mixagem em sua casa antes de uma briga com Heather Locklear.

Na realidade, Tommy Lee não só embarcou em uma carreira solo dedicada ao hip hop e à música eletrônica como, também, chegou a deixar o Mötley Crüe em 1999, declarando que não estava mais curtindo rock and roll. Curiosamente, seu primeiro álbum solo, “Never A Dull Moment”, mantém o rock como fio condutor, ainda que misture outras influências.

6) Prisão de Tommy Lee

Após dois divórcios – com Elaine Starchuk e Heather Locklear -, Tommy Lee se casou em 1995 com Pamela Anderson, atriz e ex-Playmate da “Playboy” conhecida por seu trabalho na série “Baywatch”. A relação acabou, em 1998, da pior forma possível, com Tommy agredindo Pamela fisicamente e sendo condenado a seis meses de prisão naquele ano.

De acordo com o processo judicial, Tommy Lee “não contestou a possibilidade” de ter chutado Pamela Anderson enquanto ela segurava o filho do casal, Dylan. O baterista deixou sua então esposa com “lesões corporais, uma unha quebrada e com medo pela segurança dos dois filhos, Dylan e Brandon” após agredi-la durante uma discussão em Pamela recusou-se a ligar para os pais dela e pedir que eles não fossem à residência do casal.

A situação em questão não foi a primeira em que Tommy Lee se viu encrencado com a justiça. Dois anos antes, em 1996, ele agrediu um fotógrafo judeu do lado de fora de uma boate em Los Angeles e exibiu a ele uma tatuagem de uma suástica, ainda que invertida, para constrangê-lo. No tribunal, o advogado de Lee disse que a arte corporal em questão era “algo estúpido feito muitos anos antes”.

Em 1999, ele e Nikki Sixx foram detidos e logo liberados após terem instigado uma confusão durante um show do Mötley Crüe no Greensboro Coliseum, em North Carolina. Na ocasião, Nikki Sixx teria feito comentários racistas contra um segurança negro, sugerindo que o público o atacasse. Tommy participou da situação jogando cerveja na cabeça do homem.

7) Outros integrantes posteriores

O vocalista John Corabi, que substituiu Vince Neil entre os anos de 1992 e 1997, foi retratado pelo filme, ainda que de forma pobre e resumida – o personagem interpretado por Anthony Vincent sequer teve falas no roteiro. Porém, dois ex-integrantes, escalados para substituir Tommy Lee durante suas aventuras solo, não foram retratados em nenhum momento.

O primeiro foi o baterista Randy Castillo, que substituiu Lee de forma direta, em 1999. Ele foi o responsável por gravar a bateria do álbum “New Tattoo”, porém, não conseguiu participar da turnê devido a um problema com uma úlcera. Ele foi operado com sucesso, só que foi diagnosticado com câncer em seguida e faleceu em 2002.

Para ocupar a vaga de Castillo, a baterista Samantha Maloney, do Hole, foi contratada como musicista de turnê. Embora nunca tenha sido considerada uma integrante oficial da banda, Maloney fez todos os shows da excursão e ainda aparece no registro ao vivo “Lewd, Crued & Tattooed”, de 2003.

8) Sex tapes fora de ‘The Dirt’

Os incidentes mais curiosos que ficaram fora de “The Dirt” foram, certamente, as sex tapes vazadas. Filmagens íntimas de Tommy Lee com Pamela Anderson e Vince Neil com duas mulheres – a atriz pornô Janine Lindenmueler e a modelo Brandy Ledford – chegaram a público ainda na década de 1990, em tempos onde internet era para poucos.

A primeira a vazar foi a de Tommy Lee com Pamela Anderson. Uma filmagem de 55 minutos da lua de mel do casal foi roubada por um eletricista que ficou descontente após um serviço prestado na residência do casal. O material vazou em 1996 e, apesar de Tommy ter dito que não ligou para a situação – o tamanho de seu membro íntimo chegou a ser bastante exaltado -, Pamela afirma que o incidente foi determinante para o fim do casamento.

Três anos depois, uma sex tape de Vince Neil fazendo um mènage à trois com Janine Lindenmueler e Brandy Ledford vazou pela mesma empresa que divulgou o vídeo de Tommy Lee e Pamela Anderson. As filmagens seriam de cinco anos antes, na época em que Janine apareceu no clipe de “Sister of Pain”, lançado por Vince em sua carreira solo.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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