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“Exposed”, de Vince Neil: uma pérola perdida do hard rock

Em uma trajetória semelhante à de Ozzy Osbourne e David Lee Roth, Vince Neil queria projetar uma carreira solo relevante depois de sair (ou ter sido demitido) do Mötley Crüe, no início da década de 1990. O cantor tinha tudo para isso: bons contatos, apoio da gravadora (a começar por um contrato de US$ 4 milhões) e faro para ótimas músicas.

A ideia de Vince Neil se consolidar com um superprojeto do hard rock começou com a união entre ele, Jack Blades (ainda no Damn Yankees) e Phil Soussan (ex-Ozzy Osbourne). Adrian Vandenberg foi condivado para assumir a guitarra, no entanto, por recomendação da gravadora Warner, Steve Stevens (ex-Billy Idol) foi contratado, ao lado de Vik Foxx (Enuff Z’Nuff) para a bateria.

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Lançado em 27 de abril de 1993, “Exposed” é uma pérola perdida do hard rock. O álbum contava com diversos elementos que poderiam garantir o sucesso de um álbum do gênero. Além dos vocais característicos de Vince Neil, houve um cuidado extra com as composições, com autorias divididas entre Neil, Jack Blades, Tommy Shaw, Phil Soussan e Steve Stevens.

A força-tarefa na parte autoral fez com que “Exposed” não se tornasse um disco óbvio na parte melódica, apesar das letras reforçarem o convencional. O instrumental é fora de série e foge dos clichês farofeiros da década de 1980, dos quais até mesmo o Mötley Crüe foi refém em algumas oportunidades.

É claro que o hard festeiro aparece em “Exposed”, como em “Can’t Have Your Cake”, “Fine, Fine Wine” e “You’re Invited (But Your Friend Can’t Come)” – esta, presente na trilha sonora do filme “O homem da Califórnia” -, além das tradicionais baladas “Can’t Change Me” e “Forever”. O diferencial, porém, está nas texturas musicais diferenciadas da pesada “Look In Her Eyes”, da intensa “Living Is A Luxury”, da divertida “Gettin’ Hard” e da virtuosa “The Edge”, com um show à parte de Steve Stevens.

Apesar de “Exposed” soar bem, os bastidores estavam em ebulição. Steve Stevens insistiu que deveria tocar o baixo nas gravações, o que irritou Phil Soussan, que pediu as contas e, depois, entrou com uma ação judicial exigindo os créditos pelas composições. Dave Marshall (ex-Fiona) e Robbie Crane (que posteriormente integraria o Ratt) entraram para as funções de guitarrista base e baixista, respectivamente.

Na foto acima, da esquerda para a direita e em pé: Dave Marshall, Vince Neil e Steve Stevens. Agachados: Robbie Crane, Vik Foxx.

O grupo caiu na estrada como banda de abertura do Van Halen para divulgar “Exposed”, que atingiu um modesto 13° lugar nas paradas dos Estados Unidos e não chegou a conquistar disco de ouro no país. No entanto, a formação se desmanchou aos poucos: Robbie Crane saiu da banda após brigar e socar Vince Neil, enquanto Vik Foxx foi demitido após ser acusado de roubar equipamentos.

Vince Neil nunca mais voltou a fazer um disco como “Exposed”. Com o cenário musical em transformação, ele apostou em uma pegada orientada ao rock industrial em seu lançamento seguinte, “Carved In Stone” (1995), cuja produção foi impactada diretamente pela doença de sua filha Skylar, que faleceu aos quatro anos de idade após lutar contra um câncer. A carreira solo só voltou a ter algum lançamento com o razoável disco de covers “Tattoos & Tequila”, em 2010, 15 anos depois do último trabalho.

Com o Mötley Crüe, Vince Neil ainda fez bons trabalhos. No entanto, mesmo sendo o vocalista, Neil é coadjuvante na banda. Após a reunião em 1997, foram lançados o interessante “New Tattoo” (2000) e o excelente “Saints Of Los Angeles” (2008), apesar do péssimo “Generation Swine” (1997).

O Mötley Crüe encerrou suas atividades (ao menos em turnês) no fim do ano passado, o que abre uma possibilidade para que Vince Neil volte a apostar em um projeto solo. No entanto, a chance é mínima: o cantor parece estar mais interessado em outras áreas, como seus empreendimentos relacionados à vida noturna e seu time de futebol americano.


Ouça “Exposed” na íntegra:

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

1 COMENTÁRIO

  1. otimo disco, dos melhores do estilo nos 90s e, com certeza, a melhor performance da carreira de steve stevens e do baterista vikki fox, ex enuff znuff. stevens arrasa e debulha as seis cordas como poucos fizeram no estilo, mostrando versatilidade, habilidade e vigor, otima lembrança do post

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