Offspring lança “Let The Bad Times Roll”, um álbum cheio de altos e baixos

O Offspring acaba de encerrar um hiato de 9 anos sem um álbum de inéditas com "Let the Bad Times Roll". O novo disco da banda americana de pop punk chega a público por meio da Concord Records.

O Offspring acaba de encerrar um hiato de 9 anos sem um álbum de inéditas com “Let the Bad Times Roll”. O novo disco da banda americana de pop punk chega a público por meio da Concord Records.

O sucessor de “Days Go By” (2012) é o primeiro com o baixista Todd Morse, que ocupou a vaga deixada pelo membro original Greg K em 2018. Dexter Holland (vocal e guitarra), Noodles (guitarra) e Pete Parada (bateria) completam a formação.

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A produção foi assinada novamente por Bob Rock, famoso pelas colaborações com Metallica, Mötley Crüe, Bon Jovi, The Cult e Aerosmith, entre outros. Oprofissional de estúdio guiou as gravações dos dois álbuns anteriores da banda: “Rise and Fall, Rage and Grace” (2008) e o já mencionado “Days Go By”.

Ouça a seguir, via Spotify:

Ainda há quem esperneie e ateste que o Offspring atual, retratado em “Let the Bad Times Roll”, nunca chegará aos pés daquela banda que estourou com o álbum “Smash” (1994), dos hits “Come Out and Play” e “Self Esteem”, mais de 25 anos atrás. A reclamação existe desde a abordagem mais pop de “Americana” (1998) e representa um saudosismo desnecessário, já que ninguém continua fazendo a mesma coisa por tanto tempo – embora o prazo de validade do penteado de Dexter Holland já tenha vencido há tempos.

Além disso, todo o contexto colaborou para que “Let the Bad Times Roll” ficasse do jeito que está, tanto nos pontos positivos quanto negativos. Desde questões internas, como a complicada saída de Greg K e problemas com a gravadora, até pontos externos, relacionados à loucura política vivenciada pelos Estados Unidos durante a gestão do presidente Donald Trump – e catalisada pela pandemia -, o novo trabalho busca refletir, em especial, quem são os líderes cinquentões do grupo, Dexter e Noodles, nos dias de hoje.

Embora a idade e o tempo de estrada dos líderes da banda justifiquem o porquê de “Let the Bad Times Roll” não soar tão agressivo quanto um “Smash” da vida, é inegável, porém, o problema causado pela longa espera para lançar esse novo álbum. As sessões de gravação começaram ainda em 2013 e só foram concluídas em 2019. Isso compromete a dinâmica do disco enquanto algo homogêneo, fazendo soar mais como uma coletânea de singles do que como um produto único, “amarrado” do início ao fim.

Até nos detalhes, dá para perceber como o longo tempo de preparo prejudica o aspecto homogêneo de um álbum; Ouça, por exemplo, os vocais de Holland em “Coming for You”, faixa liberada como single em 2013, e em “This is Not Utopia”, claramente gravada nos últimos tempos. Gera até certo incômodo.

Mesmo assim, “Let the Bad Times Roll” tem seus bons momentos. O pop punk típico do grupo segue mais orientado ao pop rock do que para o punk, permitindo ainda uma bem-vinda e ocasional inserção de elementos do ska e do rock alternativo.

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Em certas faixas, especialmente na primeira metade do trabalho, dá para notar que os caras ainda conseguem criar bons ganchos melódicos e refrães envolventes, daqueles que você vê funcionando bem nos shows. Essas passagens, inclusive, ganharam um bom upgrade nas mãos de Bob Rock, que tem optado por um estilo de produção bem polido.

Como citado, a primeira etapa do álbum tem saldo satisfatório – o único ponto baixo é a confusa faixa-título. O problema é que a segunda fase da tracklist perde fôlego de forma considerável, a começar por “We Never Have Sex Anymore”, que até pode agradar musicalmente, mas tem uma letra típica de crise de meia-idade inimaginável para uma banda de raízes punk.

Há momentos dispensáveis a partir daí, como a vinheta aleatória “In the Hall of the Mountain King” (adaptação para a peça erudita de Edvard Grieg), a versão no piano de “Gone Away” (aquela mesma, do disco “Ixnay on the Hombre”, de 1997) e o curto encerramento “Lullaby”. Quase tiram o charme da única música realmente boa na segunda metade do álbum: a acelerada “Hassan Chop”, que, veja, só, remete aos tempos mais ousados do Offspring.

É difícil imaginar que o Offspring pudesse lançar um álbum como esse em meados de 2014, pouco após o início das gravações. Também é complicado pensar que o material sairia dessa forma se começasse a ser produzido em 2018. Sinto que o resultado final seria melhor em qualquer um desses dois cenários hipotéticos do que no atual, onde o trabalho parece ter perdido seu senso de urgência.

Marcado pelos altos e baixos, “Let the Bad Times Roll” até me surpreendeu positivamente em alguns momentos: esperava menos, já que a faixa-título, liberada como single anteriormente, não me convenceu nem um pouco. Ainda assim, eu o encaro como um álbum mediano de uma banda que levou quase uma década para chegar a esse resultado. O Offspring está abusando do uso do tempo em seu favor e isso só prejudica a sua própria obra.

O álbum está em minha playlist de lançamentos, atualizada semanalmente. Siga e dê o play:

Offspring – Let The Bad Times Roll

01. This Is Not Utopia (2:38)
02. Let The Bad Times Roll (3:18)
03. Behind Your Walls (3:21)
04. Army Of One (3:11)
05. Breaking These Bones (2:46)
06. Coming For You (3:48 )
07. We Never Have Sex Anymore (3:30)
08. In The Hall Of The Mountain King (1:00)
09. The Opioid Diaries (3:01)
10. Hassan Chop (2:20)
11. Gone Away (3:16)
12. Lullaby (1:12)

* Foto da matéria: Daveed Benito / divulgação

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

1 COMENTÁRIO

  1. Eu gostei do album, e acho que eles tem o direito como musicos de fazerem o que quiserem, mesmo que não agrade. Essa história de punk é papo furado, hoje em dia quase ninguem mais é, tem um monte de bandas reconhecidas como punk que fazem um som ainda mais pop que do offspring, mas como não tem o mesmo brilhantismo seguem como se fossem os anti-midia, os punks que resistem, mas que vivem em iates e casas luxuosas de frente ao mar.

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