Entrevista: Rob Caggiano fala sobre nova fase do Volbeat e relembra Anthrax

Entre as bandas atuais de rock “à moda antiga”, o Volbeat é, certamente, um dos grandes destaques. Formado em 2001 na Dinamarca, pelo vocalista e guitarrista Michael Poulsen, o grupo lançou, no início deste mês de agosto, o sétimo álbum da carreira: “Rewind, Replay, Rebound”.

Sucesso no país natal desde o primeiro trabalho, “The Strength/The Sound/The Songs” (2005), o Volbeat aposta em uma mistura de rockabilly e rock and roll clássico com pitadas de heavy metal – mais generosas no passado; hoje, nem sempre tão evidentes. Após empilhar discos de ouro e platina na Dinamarca, Alemanha, Finlândia e Suécia, a banda começou a expandir seu público com seu 4° álbum, “Beyond Hell/Above Heaven” (2010), que ganhou certificação de ouro nos Estados Unidos, ainda que seis anos depois do lançamento.

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Desde então, o Volbeat tem ido bem nos EUA e outros países. “Seal the Deal & Let’s Boogie” (2016) chegou ao primeiro lugar das paradas de 7 países, além do top 5 em outros, incluindo a terra do Tio Sam. As turnês cresceram, com direito a se apresentar como abertura do Metallica, e o nome da banda passou a figurar entre as primeiras linhas dos flyers de festivais. Feitos interessantes estão se repetindo com o novo “Rewind, Replay, Rebound”, pois, após um giro intenso com o Slipknot no Knotfest na América do Norte, o grupo seguirá para uma turnê europeia, como headliner, com Baroness e Danko Jones na abertura.

Nada disso é por acaso. Além de Michael Poulsen ser um bom vocalista/compositor e estar sempre acompanhado de bons músicos – como seu baterista de longa data, Jon Larsen, e o baixista recém-chegado, Kaspar Boye Larsen –, há a importante figura de Rob Caggiano. O guitarrista americano, único integrante não-dinamarquês do Volbeat, chegou a deixar o consolidado Anthrax para se juntar ao grupo em 2013.

Em entrevista exclusiva, concedida por telefone, Caggiano relembrou o feito e disse não se arrepender. “Sinto que fiz tudo o que poderia com o Anthrax. Não havia mais para onde ir naquele cenário, então, precisava de uma mudança musical, criativa, para mim. Não estava me satisfazendo, artisticamente. Obviamente, tenho grande orgulho de tudo que conquistamos enquanto banda. Foi maravilhoso e o Anthrax é incrível, com fãs incríveis. Porém, eu precisava de mudança, de mias energia no trabalho. Além disso, sou um compositor e adoro compor com o Volbeat”, afirmou.

Foto: divulgação

Caggiano não é apenas um guitarrista competente: é, também, um produtor de mão cheia. Colaborou na função em todos os álbuns que fez com o Anthrax – inclusive, assinando apenas com Jay Ruston o serviço em “Worship Music” (2011) – e assumiu a gravação, ao lado de Michael Poulsen e Jacob Hansen, nos três discos em que tocou com a banda.

“Ter alguém que está dentro da banda e que pode trabalhar na parte de produção é algo que dá muito poder, sabe? O produtor externo pode não estar tão familiarizado com sua música. Ao mesmo tempo, ele pode dar ideias diferentes, que possam ‘sair da caixinha’. Há lados positivos em ambas as possibilidades”, afirmou ele, que não dispensa a colaboração externa de Jacob Hansen e interna, de Michael Poulsen, na produção dos álbuns.

O novo álbum do Volbeat

Lançado em 2 de agosto de 2019, “Rewind, Replay, Rebound” mostra um Volbeat, certamente, mais versátil. A união entre rock, rockabilly e heavy metal (este último, em dosagem ligeiramente menor) segue a mesma, mas a banda trabalhou em melodias mais acessíveis e não economizou nos refrães marcantes.

Músicas como “Last Day Under The Sun”, “When We Were Kids” e “7:24” são bem melódicas ou, de fato, baladas. Chama a atenção, ainda, a faixa “Die To Live”, que, além da participação do vocalista Neil Fallon (Clutch), acrescenta piano e saxofone (cortesia de Raynier Jacob Jacildo e Doug Corocran, ambos da banda de JD McPherson) à pegada roqueira do quarteto.

“‘Rewind, Replay, Rebound’ é um álbum mais diverso, eclético”, avaliou Rob Caggiano, durante a entrevista. “Temos muitas coisas diferentes nesse disco. Coisas que nunca fizemos no passado, como uma música com piano e saxofone… ficou bem único e diferente. É só um exemplo, mas, no geral, ficou muito diverso.”

O guitarrista garantiu, ainda, que “os fãs antigos e old-school vão adorar ‘Rewind, Replay, Rebound’, assim como aqueles que estão chegando agora”. “Não sei se é a melhor palavra, mas acho que é como uma continuação do último álbum. Acho que pegamos as diferentes facetas que tínhamos para trabalhar e levamos ainda mais adiante”, completou.

Além de Neil Fallon e dos músicos da banda de JD McPherson, “Rewind, Replay, Rebound” trouxe a participação do guitarrista Gary Holt (Exodus, Slayer) – este, na faixa “Cheapside Sloggers”. “Fomos conhecendo os músicos que convidamos ao longo dos anos. Se você ouvir ‘Die To Live’, vai dar para ver o que Neil Fallon trouxe: os vocais, aquela pegada diferente. Com Gary Holt, foi mesma coisa. É um grande cara, grande amigo. O solo que ele fez encaixa perfeitamente na música”, afirmou Caggiano.

Turnê, planos e América do Sul

O planejamento do Volbeat para 2019 envolve uma turnê, já em andamento, pela América do Norte com o Knotfest, festival itinerante do Slipknot. “Até agora, os shows têm sido ótimos”, comentou Rob Caggiano. “Estamos tocando para muitas pessoas. Fazemos o show em um momento legal da noite. Claro, há alguns fãs mais céticos e hardcore que são os headbangers que gostam muito de Slipknot, mas no fim do nosso repertório, as pessoas estão levantando as mãos, curtindo e gritando. Definitivamente, estamos nos conectando com as pessoas. Estamos tocando músicas novas e antigas, com um repertório diverso. Fazemos o melhor que podemos, em busca das melhores músicas para o público.”

Em seguida, ainda neste ano, o Volbeat fará uma turnê europeia, como headliner, com Baroness e Danko Jones na abertura. As informações estão disponíveis no site da banda, www.volbeat.dk.

Para 2020, não há nada marcado – por enquanto, pois a promessa é de um ano tão atribulado quanto 2019, com direito a muitos shows ao redor do mundo. Será que o Volbeat passará pela América do Sul, como em 2018, quando tocou nos festivais Lollapalooza do Brasil, Argentina e Chile?

“Eu gostaria muito de voltar para a América do Sul, é um público incrível”, respondeu Caggiano. “Vocês amam rock and roll, curtem a música e os shows são sempre insanos. Lembro quando toquei com o Anthrax no Brasil e Chile, os shows são sempre incríveis. As pessoas gostam de fogos de artifício e todos aqueles recursos mais teatrais. Gostaria muito de voltar, espero que possamos fazer um show nesse novo ciclo de turnê.”

Rewind, Replay, Rebound é metal ou não é?

A sonoridade do Volbeat causa certa confusão na cabeça daqueles que insistem em categorizar toda banda de rock. Isto ocorre em função da proximidade com o heavy metal em algumas músicas e com o cenário em si, seja com os passados de Michael Poulsen (ex-vocalista do Dominus) e Rob Caggiano (ex-guitarrista do Anthrax) ou com a frequente escalação em festivais e turnês com grupos do gênero.

A situação fez, inclusive, com que algumas pessoas criticassem “Rewind, Replay, Rebound” por soar ainda mais distante do heavy metal. Porém, Rob Caggiano disse que o Volbeat não é uma banda do estilo em questão.

“Em meu ver, nunca tivemos dúvidas: nunca fomos uma banda de heavy metal. Somos uma banda de rock, que mistura punk, country e outras coisas. Levamos tudo isso em nosso som, mas somos uma banda de rock and roll”, afirmou o guitarrista.

O novo DVD do Volbeat

Antes de divulgar “Rewind, Replay, Rebound”, o Volbeat concluiu o ciclo anterior com um trabalho ao vivo. “Let’s Boogie! Live From Telia Parken” foi lançado em dezembro de 2018 nos formatos de Blu-Ray + 2 CDs, DVD + 2 CDs, 2 CDs, 3 LPs e digital.

O material retrata um show realizado, em 26 de agosto de 2017, no estádio Telia Parken, em Copenhague, Dinamarca – terra natal do Volbeat. De acordo com material de divulgação, a apresentação foi a maior realizada por um artista local no país, com mais de 48 mil pessoas presentes na plateia. Entre as participações mais notáveis do registro, estão as do baterista Lars Ulrich (Metallica) e dos vocalistas/guitarristas Mille Petrozza (Kreator) e Danko Jones.

“Foi um show muito mágico para a banda, obviamente, por ser um show na cidade natal, em Copenhague, na Dinamarca”, contou Rob Caggiano. “Era o lugar perfeito para tocar, porque os outros três integrantes são da Dinamarca. Foi uma noite muito especial. Também ficamos muito nervosos, porque acho que tínhamos, sei lá, umas 400 pessoas convidadas entre famílias e amigos. Havia muita empolgação no ar. Foi uma experiência incrível e ficamos honrados em fazer isso. Um show muito legal, muito divertido”.

Volbeat: “Rewind, Replay, Rebound” (2019)

CD simples/LP duplo

01. Last Day Under The Sun
02. Pelvis On Fire
03. Rewind The Exit
04. Die To Live (feat. Neil Fallon)
05. When We Were Kids
06. Sorry Sack of Bones
07. Cloud 9
08. Cheapside Sloggers
09. Maybe I Believe
10. Parasite
11. Leviathan
12. The Awakening of Bonnie Parker
13. The Everlasting
14. 7:24

CD duplo/digital/streaming

Disco 1:

01. Last Day Under The Sun
02. Pelvis On Fire
03. Rewind The Exit
04. Die To Live (feat. Neil Fallon)
05. When We Were Kids
06. Sorry Sack of Bones
07. Cloud 9
08. Cheapside Sloggers
09. Maybe I Believe
10. Parasite
11. Leviathan
12. The Awakening of Bonnie Parker
13. The Everlasting
14. 7:24

Disco 2:

01. Under The Influence
02. Immortal But Destructible
03. Die To Live
04. Last Day Under The Sun (Demo)
05. Rewind The Exit (Demo)
06. When We Were Kids (Demo)
07. Maybe I Believe (Demo)
08. Leviathan (Demo)

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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