Amizade do System Of A Down fortaleceu por banda não gravar disco, diz Serj

O vocalista Serj Tankian disse, em entrevista à Forbes, que a amizade dos integrantes do System Of A Down foi mantida e até fortalecida porque a banda não gravou nada desde os discos “Mezmerize” e “Hypnotize”, de 2005. Para ele, a questão criativa do grupo deve ocorrer de forma “orgânica” e “correta”.

“Há muita imprensa indo e voltando nessa questão de novas músicas e, recentemente, fiz uma declaração no Facebook explicando o hiato e assumindo a responsabilidade”, disse o vocalista, em menção à sua resposta para as afirmações do guitarrista Daron Malakian, que colocavam Tankian como o principal culpado pelo System Of A Down não ter lançado nada desde 2005.

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O cantor destacou que a amizade foi mantida, justamente, porque a banda não se precipitou em entrar logo no estúdio para gravar após a sua volta, em 2011. Desde o ano em questão, o grupo tem feito apenas alguns shows e nada além.

“Talvez estejamos mais amigos porque não fizemos um disco nos últimos 12 anos. Criar um álbum traz muito desses complexos de personalidade intrincados para a composição, para a superfície. Quando se toca ao vivo, nos tratamos tipo: ‘Ei, como você está? Não te vejo há alguns meses, como está a família?’. Fazer um show é como jogar basquete junto. Não há nada cerebral rolando, é apenas diversão. E ficamos mais amigos por isso. Ao longo dos anos, ao fazer uma turnê aqui e ali, de um ou dois meses, ficamos mais amigos e mais próximos um do outro”, afirmou.

O “hiato criativo” do SOAD

Em recente entrevista à revista “Kerrang!”, Daron Malakian disse que Serj Tankian, atribuído como responsável pelo hiato criativo pelo qual a banda passa desde a década passada, não queria gravar nem mesmo os últimos discos do grupo, “Mezmerize” e “Hypnotize”, de 2005. “Bandas são como marcas, suponho, e isso é um pouco frustrante para mim. Para ser honesto, Serj não queria nem mesmo gravar ‘Mezmerize’ e ‘Hypnotize’. Realmente o imploramos para que fizesse esses discos. Naquela época, ele já sentia que estava fora”, contou o guitarrista.

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Malakian tocou no assunto porque, novamente, o músico falou sobre todo esse tempo em que o System Of A Down passou sem lançar um novo disco – e a situação deve continuar dessa forma, pois não há interesse de Tankian em um próximo álbum. “Há uma maneira específica que o System faz os discos e alguns de nós quer fazer um álbum, enquanto há um (Serj Tankian, embora seu nome não seja citado nesse momento) que não quer fazer dessa maneira e quer fazer do jeito dele. E nem todos concordam com isso. Esse tem sido o problema”, afirmou.

E por que isso acontece? Segundo Daron Malakian, há uma justificativa ligada ao próprio passado musical de Serj Tankian. “Serj nunca foi realmente um cara do heavy metal ou do rock. Não sei se ele tem o mesmo amor por esse tipo de música que eu tenho. Sou o garoto que cresceu com Slayer e Kiss. Queria ser como eles algum dia. Serj não cresceu assim. Ele não é um fã incondicional. Sinto que toda a experiência de ter se tornado o vocalista de uma banda de grande sucesso foi diferente para ele, em comparação ao que foi para mim”, afirmou.

Em publicação nas redes sociais, Serj Tankian revelou a sua visão sobre o problema. Leia, abaixo, um trecho da carta com o posicionamento do vocalista (tradução por Bruce William):

“É verdade que eu, somente eu fui responsável pelo hiato que o SOAD começou em 2006. Todos queriam continuar no mesmo pique excursionando e gravando discos. Eu não quis. Por que? Vários motivos:

1. Artístico: Sempre tive a sensação que continuar fazendo a mesma coisa com as mesmas pessoas é artisticamente redundante, até mesmo para um combo dinâmico como o nosso. Mas naquela época eu sentia que precisava de um pouco de tempo para fazer meu próprio trabalho. Não descartava recomeçar tudo com a banda mais tarde.

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2. Igualitarismo: Quando começamos todos os aspectos criativos e financeiros eram divididos por igual. Na época do ‘Mezmerize/Hypnotize’ estávamos em lados opostos em ambos, com Daron monopolizando o processo criativo e financeiro, sem contar que ele queria ser o único a aparecer na mídia.

3. Eu queria ter deixado a banda antes do ‘Mezmerize/Hypnotize’ por causa destas coisas. É por isto que eu pessoalmente não me sinto tão próximo musicalmente destes discos, existiam canções que eu queria trazer à tona mas fui prejudicado por promessas não cumpridas, aliadas à minha passividade naquela época.

[…]

Depois de um longo tempo pensando e processando tudo, há cerca de dois anos eu cheguei pros caras com uma proposta de como seguir em frente. Eu estava a fim de corrigir os erros do passado e estabelecer um jeito de sermos todos felizes, daí sugeri o seguinte:

1. Espaço criativo por igual: naquela época eu tinha lançado cinco discos e era um compositor bem melhor em termos musicais e Daron estava ficando cada vez melhor como letrista, daí eu propus que cada um de nós trouxesse seis músicas que todos os demais aprovassem e a gente pudesse trabalhar nelas com melodias ou riffs do Shavo.

2. Divisão por igual de direitos autorais: eu pessoalmente sinto que uma banda é uma parceria igualitária e as finanças devem refletir isto.

3. Direitos sobre a obra: quem quer que escreva a música deve ter a decisão final após esgotar todas as ideias dos demais. Eu queria isto pois lá no passado eu trazia músicas que acabavam sendo metamorfoseadas em algo que eu nem sequer levaria em consideração.

4. Desenvolver um novo conceito ou tema para que não fosse apenas um álbum, mas sim uma experiência completa.”

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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