Serj Tankian abre o jogo após ser acusado de ‘travar’ o System Of A Down

O vocalista Serj Tankian abriu o jogo e revelou seus motivos para não desejar trabalhar em músicas inéditas com o System Of A Down. O cantor decidiu falar sobre o assunto, por meio de suas redes sociais, após algumas declarações do guitarrista Daron Malakian à revista “Kerrang!” – ele, basicamente, culpou Tankian pela falta de produtividade da banda e atribuiu isso à falta de admiração do músico pelo rock e heavy metal.

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Leia, a seguir, o desabafo de Serj Tankian traduzido na íntegra (via Bruce William, Whiplash.Net):

“Confissões sobre o SOAD por Serj Tankian

Somos uns filhos da mãe sortudos por nossos fãs ainda desejarem um disco nosso após todos estes anos, muitas vezes inclusive exigindo isto. Claro que por conta disto numerosos rumores sobre a banda e nossa falta de capacidade de fazer um disco juntos, alimentados por uma série de comentários que fulano ou sicrano disse durante alguma entrevista apresentado muitas vezes por mídias sensacionalistas que estão, por assim dizer, mudando o mundo pra melhor.

Então vou tentar esclarecer as coisas esperando não jogar a culpa pra cima de ninguém neste processo.

É verdade que eu, somente eu fui responsável pelo hiato que o SOAD começou em 2006. Todos queriam continuar no mesmo pique excursionando e gravando discos. Eu não quis. Por que? Vários motivos:

1. Artístico: Sempre tive a sensação que continuar fazendo a mesma coisa com as mesmas pessoas é artisticamente redundante, até mesmo para um combo dinâmico como o nosso. Mas naquela época eu sentia que precisava de um pouco de tempo para fazer meu próprio trabalho. Não descartava recomeçar tudo com a banda mais tarde.

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2. Igualitarismo: Quando começamos todos os aspectos criativos e financeiros eram divididos por igual. Na época do ‘Mezmerize/Hypnotize’ estávamos em lados opostos em ambos, com Daron monopolizando o processo criativo e financeiro, sem contar que ele queria ser o único a aparecer na mídia.

3. Eu queria ter deixado a banda antes do ‘Mezmerize/Hypnotize’ por causa destas coisas. É por isto que eu pessoalmente não me sinto tão próximo musicalmente destes discos, existiam canções que eu queria trazer à tona mas fui prejudicado por promessas não cumpridas, aliadas à minha passividade naquela época.

O tempo passou, fomos fazer nossas coisas. Minha carreira solo me fez confiante como autor e mais tarde compositor para revisitar o SOAD em uma posição forte, inicialmente apenas para fazer uma turnê e curtir a companhia dos outros, algo que fizemos e ainda estamos fazendo.

Sei que eles queriam fazer um disco, mas com tudo que aconteceu no passado eu estava hesitante. Às vezes um membro ou outro se deixa levar pela emoção e me culpa pela inatividade da banda.

Depois de um longo tempo pensando e processando tudo, há cerca de dois anos eu cheguei pros caras com uma proposta de como seguir em frente. Eu estava a fim de corrigir os erros do passado e estabelecer um jeito de sermos todos felizes, daí sugeri o seguinte:

1. Espaço criativo por igual: naquela época eu tinha lançado cinco discos e era um compositor bem melhor em termos musicais e Daron estava ficando cada vez melhor como letrista, daí eu propus que cada um de nós trouxesse seis músicas que todos os demais aprovassem e a gente pudesse trabalhar nelas com melodias ou riffs do Shavo.

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2. Divisão por igual de direitos autorais: eu pessoalmente sinto que uma banda é uma parceria igualitária e as finanças devem refletir isto.

3. Direitos sobre a obra: quem quer que escreva a música deve ter a decisão final após esgotar todas as ideias dos demais. Eu queria isto pois lá no passado eu trazia músicas que acabavam sendo metamorfoseadas em algo que eu nem sequer levaria em consideração.

4. Desenvolver um novo conceito ou tema para que não fosse apenas um álbum, mas sim uma experiência completa.

(Obviamente estou omitindo muitos outros detalhes aqui tipo concordar com o ‘som’ de um novo álbum, o que não poderíamos fazer enquanto estávamos alternando entre músicas de Daron e minhas. Lembro de mandar muitas observações sobre as músicas do Daron, principalmente de seu disco com o Scars on Broadway, a maioria das quais eu não consideraria apropriadas para o SOAD, e eles tocavam algumas de minhas músicas – basta dizer que eu acho que tentamos).

Resumindo, tive que estabelecer limites pois sabia que não poderia ser feliz se as coisas voltassem a ser exatamente como eram na banda. E como não pudemos chegar a um acordo olho no olho em todas estas observações, decidimos deixar de lado a ideia de um álbum por enquanto. Meu único arrependimento é que não fomos capazes de oferecer pra vocês outro álbum do Soad. Por isto eu peço desculpas.

Obrigado por ler
Paz
Serj.”

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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