A curiosa passagem de Courtney Love pelo Faith No More

Courtney Love trabalhou em diversos projetos musicais antes de conquistar fama com o Hole e se tornar célebre pelo casamento com Kurt Cobain. Um deles foi o Faith No More, banda que ela integrou no início da década de 1980.

Especula-se que Love tenha assumido os vocais do Faith No More entre os anos de 1982 e 1984, apesar de relatos apontarem que ela não durou mais do que seis meses. Antes, o grupo havia tentado se firmar com Mike Morris, que também tocava guitarra. Um ano antes da entrada de Courtney, a banda já havia passado por uma mudança de formação: o tecladista Wade Worthington deu lugar a Roddy Bottum. Completavam a line-up o baterista Mike Bordin e o baixista Billy Gould.

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A formação com Mike Morris nos vocais durou o suficiente para que duas músicas fossem registradas: “Quiet In Heaven” e “Song Of Liberty”, lançadas em 1983. Antes das faixas serem divulgadas, Courtney Love acabou por entrar no Faith No More.

A história da entrada de Courtney Love é, no mínimo, curiosa. A cantora foi a um show da banda em San Francisco e convenceu os músicos a deixarem que ela entrasse como vocalista. O que há de inusitado é o figurino: na ocasião, Love estava vestindo um vestido de casamento.

Antes do pedido com direito a figurino curioso, Courtney Love já conhecia Roddy Bottum e havia “pré-acertado” a sua entrada. Em entrevista à Reflex, em 1992, Bottum disse: “Ela era boa. Conseguia gritar muito bem e tínhamos algumas coisas melódicas e lentas também. Quando ela cantou conosco, ela era punk rock. Hoje ela diz que sempre foi punk rock, o que não é tão verdade assim. Após ela ter saído da banda, ela entrou, e digo isso com senso de humor, em uma pegada mais hardcore pop. Todos estávamos assim naquela época – nós costumávamos fazer um cover de ‘Jump’, do Van Halen”.

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A presença de Courtney Love durou por algumas apresentações em San Francisco e região. Em um livro de título “Courtney Love: The Real Story”, escrito por Poppy Z. Brite e lançado em 1997, uma resenha de um show com Love é citada e o jornalista diz que considerou tudo “comum demais, exceto pela vocalista”. Na performance em questão, ela havia feito uma espécie de homenagem a Iggy Pop: quebrou uma garrafa, rolou por cima dos cacos de vidro e colocou fogo no próprio cabelo.

Em entrevista para o livro “The Real Story”, lançado em março de 1994 por Steffan Chirazi, Bill Gould disse que Courtney Love era muito extrovertida. “Queríamos agressividade, fazer música ambiente que fosse agressiva. Essa garota Courtney veio, nos viu tocando e fez um discurso enorme sobre saber o que queríamos e ser capaz de oferecer. Ela ficou por três ou quatro shows e era muito boa, porque ela incomodava como o inferno e muito agressiva”, afirmou.

A formação chegou a entrar em estúdio para gravar novas músicas, mas Courtney Love acabou sendo dispensada do Faith No More. Roddy Bottum diz que, na época, o grupo buscava por uma “energia masculina”. Há quem diga que Courtney nunca tenha sido realmente considerada vocalista da banda.

Depois da passagem pelo Faith No More, a vida de Courtney Love se tornou um pouco mais confusa. Ela trabalhou com outras bandas, como o Pagan Babies e Babes In Toyland, antes de desistir temporariamente da música para tentar se tornar atriz. Ela chegou a atuar em alguns filmes e a trabalhar como modelo, mas voltou ao rock.

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Com o objetivo de se lançar como uma frontwoman de sucesso, Courtney Love chegou a trabalhar por algum tempo, já no fim da década de 1980, como stripper em Los Angeles. E foi nessa época que o Faith No More despontou para a fama, com “The Real Thing” (1989), terceiro álbum do grupo e o primeiro com Mike Patton nos vocais.

“Depois que o Faith No More conseguiu seu primeiro sucesso – era uma música chamada ‘Epic’ -, eu estava em Los Angeles (fazendo strip) e tinha que dançar ao som dessa canção. E quando tive que dançar ao som da música da minha primeira banda que havia chegado ao topo das paradas, eu pensava: ‘tenho seis meses para conseguir ou vou pular do topo de um prédio”, disse Courtney Love, em 2016, a uma rádio.

Courtney Love acabou por conseguir o sucesso. O primeiro álbum do Hole, “Pretty On The Inside” (1991), obteve alguma repercussão no underground. Contudo, o êxito da banda só veio mesmo com o segundo disco, “Live Through This” (1994), lançado uma semana após o então marido de Courtney Love, Kurt Cobain, ter cometido suicídio. “Celebrity Skin” (1988), por sua vez, foi ainda melhor em termos comerciais, mas a banda acabou em 2002. Uma reunião aconteceu em 2010, mas chegou ao fim de vez em 2012.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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