Ozone Monday, a banda formada das cinzas do Skid Row

Muitos pensam que o Skid Row apenas demitiu Sebastian Bach no meio da década de 1990 e seguiu suas atividades, apesar de tal sequência ter rolado em slow-motion. No entanto, a banda realmente chegou a encerrar suas atividades por três anos, entre 1996 e 1999, após o desligamento de Bach. E, neste período, os instrumentistas montaram uma banda chamada Ozone Monday, com outro vocalista.

Os motivos para a demissão de Sebastian Bach, até hoje, seguem nebulosos. E não é pela ausência de motivos, mas, sim, pelo excesso.

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Bach nunca foi um cara fácil de se lidar. Tinha problemas para lidar com seu ego, mesmo não contribuindo em quase nada nas composições, e envolvia-se em brigas com frequência. O cantor chegou a socar o queixo de Jon Bon Jovi, um dos grandes responsáveis por facilitar a caminhada do Skid Row ao sucesso, após uma brincadeira que envolveu um “banho” de farinha e ovo. O vício em drogas e bebidas alcoólicas só agravou as características negativas da personalidade do vocalista.

O fim do Skid Row

Em 1996, um ano após o disco “Subhuman Race” ter sido lançado, Sebastian Bach foi desligado do Skid Row. O cantor alega que a razão da demissão foi uma discussão sobre uma proposta para que abrissem shows da turnê de reunião do KISS.

Sebastian Bach queria fazer as apresentações e chegou a fechar as datas. Rachel Bolan não quis, pois estava trabalhando em um projeto paralelo chamado Prunella Scales, com performances já agendadas no mesmo período.

Para convencer Bach a voltar atrás, alguns integrantes do Skid Row disseram que o grupo já era muito grande para abrir para o KISS. Fã de carteirinha dos mascarados, Bach respondeu que “a banda nunca será grande o bastante para abrir para o KISS” – com palavreado ofensivo no meio, é claro.

As origens do Ozone Monday

Sem Sebastian Bach, os integrantes remanescentes do Skid Row não quiseram dar continuidade à banda, que entrou em uma espécie de hiato. No lugar da consagrada banda de hard rock, nasceu o Ozone Monday.

A formação do Ozone Monday era composta pelos quatro remanescentes do Skid Row – os guitarristas Scotti Hill e Dave “The Snake” Sabo, o baterista Rob Affuso, o baixista Rachel Bolan – e o vocalista Shawn McCabe. O cantor era conhecido por ter integrado o Mars Needs Women, uma banda de rock alternativo que chegou a lançar um disco, “Sparking Ray Gun” (1995), por meio da Warner Records.

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O trabalho de estreia do Mars Needs Women fez sucesso moderado e a banda acabou por excursionar com o Cheap Trick. No entanto, o grupo nunca chegou a um patamar de consagração semelhante ao do Skid Row, por exemplo.

Shawn McCabe já era conhecido de Scotti Hill. Na época em que o disco de estreia do Mars Needs Women foi lançado, o cantor e o guitarrista fizeram um projeto paralelo, chamado Chrome Daddy. A banda gravou algumas músicas que só foram lançadas posteriormente em coletâneas do selo independente Main Man Records.

Início e fim

O hiato do Skid Row coincidiu com uma pausa na carreira do Mars Needs Women. McCabe topou unir forças com os demais músicos e a banda começou em grande estilo: abriu shows do KISS (o mundo dá voltas, né?) e do Mötley Crüe antes mesmo de lançar um disco de estúdio.

Apesar de não contar com um álbum lançado, o Ozone Monday apresentava, em seus shows, um repertório completamente autoral. Nada de covers de Skid Row: a ideia era, mesmo, trabalhar em um novo projeto.

Musicalmente, o Ozone Monday se dissociava bastante do hard rock praticado pelo Skid Row. Tratava-se de um projeto orientado ao rock alternativo, com pitadas de pop rock. Na época, os integrantes descreviam o grupo como uma “união entre o Cheap Trick e o Oasis”.

Alguns shows foram feitos, tanto abrindo para KISS e Mötley Crüe quanto em pequenas casas, e um disco de estreia chegou a ser registrado. O trabalho foi produzido por Michael Wagener, que trabalhou com o Skid Row em seu primeiro álbum e em “Slave To The Grind”. Só que o registro, que deveria chegar às prateleiras das lojas em 1999, jamais foi lançado.

Não se sabe o motivo para o disco ter sido engavetado, mas basta dar o play na música abaixo para entender que, provavelmente, nenhuma gravadora aceitou investir grana no Ozone Monday. Além de musicalmente fraca, a banda era bastante genérica.

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O Ozone Monday encerrou suas atividades em 1999, já sem Rob Affuso em sua formação. Scotti Hill, Dave “The Snake” Sabo e Rachel Bolan optaram por reformar o Skid Row, com Johnny Solinger nos vocais. Affuso não topou participar do retorno e foi substituído por Charlie Mills, que logo deu lugar a Phil Varone, que tocou no Saigon Kick e, com Bolan, no Prunella Scales.

Já Shawn McCabe assumiu o nome artístico Shawn Mars e voltou a trabalhar com o Mars Needs Women, bem como em outros projetos paralelos. Há diversos registros de sua carreira em seu canal de YouTube.

Neste mesmo período, vale destacar que Sebastian Bach estava mergulhado de cabeça em sua carreira solo. Ele estava com dois músicos da até então antiga banda solo de Ace Frehley – o guitarrista Richie Scarlet e o baterista Anton Fig – gravando um disco solo que, na verdade, nunca chegou a ser lançado. Ele seguiu envolvido em musicais de teatro e turnês até a metade da década seguinte, quando divulgou o álbum “Angel Down”.

Motivos?

Em 2014, o baterista Rob Affuso falou, em entrevista ao Metal Rules, sobre esse conturbado momento de sua vida, que engloba o fim do Skid Row e a concepção do Ozone Monday.

“Foi um período desconfortável. Não estava me dando bem com Sebastian, nem os outros caras. Ele estava muito difícil naquela época e isso forçou os caras a tomarem a decisão de trocar de vocalista. Eu não queria de fato seguir sem Sebastian. Achava que Sebastian era uma parte integral do Skid Row, tal como Rachel e Snake, porque eles compunham muito da música”, disse.

Ele afirmou, ainda, que não se sentia bem com o Ozone Monday. “Não estava convencido sobre a música que estávamos tocando, eu não estava convencido de que o vocalista [Shawn McCabe] era a escolha certa. Não que ele fosse ruim, ele era bom, mas eu não estava convencido de que ele fosse o vocalista certo. Perdi minha paixão por música. Foi aí que a banda e eu nos separamos, não estava mais interessado no que estávamos fazendo”, completou.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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