30 anos do primeiro Rock In Rio em 10 vídeos

A primeira edição do Rock In Rio completou 30 anos no início deste ano, motivo pelo qual o festival de 2015 é tido como “comemorativa”. Trinta anos atrás, acontecia o dia inicial de shows do evento, com Queen, Iron Maiden, Whitesnake, Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Erasmo Carlos e Ney Matogrosso. Outros nomes internacionais como George Benson, James Taylor, Rod Stewart, AC/DC, Scorpions e Ozzy Osbourne, entre outros, além de atrações nacionais como Os Paralamas do Sucesso, Lulu Santos, Erasmo Carlos, Barão Vermelho, Gilberto Gil e mais se apresentariam na antiga Cidade do Rock até o dia 20 do mesmo mês.
O Rock In Rio foi, provavelmente, o primeiro grande festival de música no Brasil a incluir atrações internacionais de peso. Alguns shows pontuais de gringos rolavam por aqui, mas o mercado se tornou mais viável após o pioneirismo do RIR. Permanece imensurável a importância desse evento para a cultura brasileira.
Os dez vídeos abaixo apresentam momentos históricos do festival – e também reforçam que, nem mesmo na primeira edição, era um evento dedicado apenas ao rock. A ordem é aleatória.
1) O Rio canta “Love Of My Life”, do Queen
Alguns gringos poderiam até pensar que no Brasil só tem samba. Mas a melódica power ballad do Queen já era bem conhecida por aqui. Freddie Mercury conduziu a plateia para que cantasse “Love Of My Life”. Deu no que deu: talvez esse seja o momento mais bonito de todo o evento.
2) Bruce Dickinson sangra durante show do Iron Maiden
Como guitarrista, Bruce Dickinson é um grande cantor. Ele empunhou a guitarra em “Revelations” para tocar um dedilhado enquanto Adrian Smith e Dave Murray faziam uma linha dobrada, no entanto, um pouco desajeitado, bateu o headstock do instrumento em seu rosto. O sangue escorreu, mas nem assim Dickinson deixou o palco.
3) George Benson, do lixo ao luxo
George Benson se assustou com a quantidade de pessoas que estariam para assisti-lo no evento: cerca de 250 mil. Teve um ataque de nervos e bebeu. Entrou no palco mamado e fez o show (que contou com a participação de Ivan Lins). Saiu da Cidade do Rock achando que fez uma péssima performance. Em uma entrevista do empresário Roberto Medina, responsável pela organização do festival, para o Multishow, o já depressivo Benson iria se matar no hotel, mas apagou. No dia seguinte, todos o parabenizaram pelo grande show. Combustivel de sobra para dar sequência na carreira.
4) O sino do AC/DC
O AC/DC deixou claro que não viria ao Brasil se não pudesse trazer um sino de navio, que pesava 1,5 tonelada e acompanhava a banda durante os shows. O artefato, que era utilizado na música “Hells Bells”, foi trazido, mas o palco não suportou o peso. A produção, então, improvisou um sino de gesso para o grupo e tudo deu certo.
5) O recomeço de James Taylor
A apresentação de James Taylor foi, provavelmente, a que teve maior dose de emoção e drama pessoal. A carreira do cantor ia por água abaixo, após divorciar-se de Carly Simon e problemas com drogas. Taylor pensou em se aposentar, mas mudou de ideia após a viagem ao Brasil. Gostou tanto do Rio de Janeiro que chegou a compor uma música chamada “Only A Dream In Rio” (“Apenas um sonho no Rio”), que entraria em seu disco seguinte, “That’s Why I’m Here”. Roberto Medina classifica o show como o seu predileto da edição inaugural.
6) A democracia brasileira
Décadas de regime militar foram encerradas após eleições indiretas, que empossaram o presidente Tancredo Neves em 1985. Os brasileiros ainda estavam eufóricos com a conquista. Os integrantes do Barão Vermelho também. A banda encerrou seu show com a música “Pro dia nascer feliz”, em homenagem ao fim da ditadura. Cazuza proferiu breves palavras sobre o “novo Brasil” e Roberto Frejat utilizou trajes com as cores da bandeira do país.

7) O rock nacional se encorpava
O chamado B-Rock, ou rock nacional, tomou corpo no Rock In Rio de 1985. Bandas ainda iniciantes como Os Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Kid Abelha puderam se apresentar no evento e tornaram sua arte ainda maior. O momento que representa a solidez do B-Rock enquanto movimento aconteceu durante a performance de “Inútil”, música original do Ultraje A Rigor, durante o show d’Os Paralamas. Conexão Rio-SP.
8) Whitesnake toma a oportunidade do Def Leppard a longo prazo
O Def Leppard tocaria no primeiro Rock In Rio, mas os problemas com a gravadora (“Hysteria”, que só foi lançado em 1987, estava atrasado e acabou demorando mais pelo acidente com o baterista Rick Allen) fizeram com que a banda cancelasse a apresentação. O Whitesnake foi escalado para o posto e aproveitou a ocasião, com um ótimo show e uma de suas melhores formações – destaque para o lendário guitarrista John Sykes. Pode ser imaginação, mas isso trouxe consequências a longo prazo tanto para o Whitesnake quanto para o Def Leppard no que diz respeito ao Brasil. O primeiro se apresentou várias vezes no país e lotou por onde esteve, mesmo sem um hit há décadas. O segundo só veio para cá em 1997 e tocou no Rio de Janeiro para somente 250 pessoas, enquanto em São Paulo uma das duas apresentações foi cancelada.
9) Também por acaso, Rod Stewart arrebata o Rio
Rod Stewart também não estava escalado inicialmente para o Rock In Rio. O cantor substituiu a banda Men At Work, em uma crise interna que resultou no seu fim. Stewart não apenas fez um show histórico, como também desconstruiu uma imagem de arrogante que era divulgada pela mídia na época – conversou e brincou com todos que passavam por ele no backstage.
10) Vaias por erros de escalação
Não houve, necessariamente, um show ruim durante o Rock In Rio. Todas as bandas eram profissionais o bastante para apresentarem algo que agradasse aos seus fãs. O problema foi quando as atrações, especialmente nacionais, caíram na mesma line-up que nomes internacionais de estilos diferentes. Alguns casos foram mais drásticos: Erasmo Carlos e Ney Matogrosso dividiram palco com Queen, Iron Maiden e Whitesnake; já Eduardo Dusek e Kid Abelha abriram para AC/DC e Scorpions.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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