Um festival de metal extremo promovido pela M.A.D. Produções deve anunciar em breve a saída de duas bandas do lineup. O evento, chamado M.A.D. Metal Fest, possivelmente deixará de contar com Acherontas, da Grécia, e Horna, da Finlândia, após acusações de que integrantes de ambos os grupos teriam ligações com neonazismo.
A informação foi confirmada pelo dono da produtora, Marlon Rocha, em entrevista ao canal de YouTube Na Lâmina da Foice. A denúncia relacionada às duas bandas europeias foi trazida pelo site Hedflow — clique aqui para ler todas as alegações sobre os grupos em questão.
De acordo com Rocha, o possível cancelamento do Acherontas e do Horna acontecerá como forma de “salvar o próprio evento”, marcado para acontecer nos dias 8 e 9 de março na Vip Station, em São Paulo. Nomes como Dark Funeral, Nargaroth, Acheron, Opera IX, Panzerfaust, Yöth Iria, entre outros seguem confirmados no festival.
O produtor, contudo, declara que os dois grupos criticados não são neonazistas. Ele apresentou um documento assinado por integrantes do Horna garantindo que não seguem a ideologia. Já no caso do Acherontas, Rocha comenta que um dos guitarristas é brasileiro — o que em sua opinião invalidaria a tese de que o projeto seria supremacista — e a banda em questão justificou a presença anterior em um festival ucraniano, que seria abertamente adepto aos ideais, alegando que eles aceitaram participar pois “desejam tocar no máximo de locais possíveis”.
A respeito da decisão tomada para a continuidade de seu evento, Marlon afirma, conforme transcrição do site IgorMiranda.com.br:
“Tem muita gente forte e importante que tem poder para cancelar o evento se quiser. Então, possivelmente, quase 100%, essas bandas não vão participar mais do evento, em detrimento de salvar o próprio evento, para não correr o risco de chegar no dia, estar com público e acontecer igual com o Mayhem em Brasília. Não posso deixar de fazer Dark Funeral, Nargaroth e outras bandas gigantes — e caras — para salvar uma ou duas bandas que, infelizmente, têm esse tipo de problema.”
O episódio envolvendo o Mayhem em Brasília, citado pelo produtor, ocorreu em março de 2023. Na época, a banda norueguesa de black metal estava no Brasil para realizar dois shows — um na capital federal e outro em Porto Alegre. A data na cidade gaúcha foi cancelada dias antes de ocorrer, enquanto a performance no Distrito Federal teve sua realização anulada com o público já dentro da casa de eventos.
Ambos os casos se deram em função de denúncias em relação a condutas dos músicos, com recomendações do Ministério Público para que os shows não acontecessem. O principal elemento de críticas em relação à banda reside em manifestações dos seus membros que geraram associações ao nazismo, além de outras declarações de cunho racista proferidas em vários momentos da carreira. A banda nega ser adepta a tal ideologia.
Produtor não sabia de histórico
Ainda durante a entrevista, Marlon Rocha declarou que não tinha conhecimento do histórico dos músicos do Acherontas e Horna. O texto do Hedflow apresentou uma série de informações a respeito das bandas mencionadas.
“Quando escolhi as bandas para o festival, olhei por cima os temas das músicas para ver se tinha algo nesse sentido. Nenhuma delas é abertamente NSBM (black metal nacional-socialista). Mas alguém pesquisou muito a fundo e foi descoberto que alguns membros têm algo ideológico com isso aí. […] São 22 bandas. Não tem como esmiuçar a vida pessoal de cada membro de cada banda. Obviamente tem coisas ali que são complicadas, não tem como defender — e eu não vou defender, não vou segurar esse rojão, não vou brigar por isso —, então, determinado em salvar o festival, manter para que as pessoas consigam ver Dark Funeral, Nargaroth, Opera IX e outras, algumas bandas terão que sair.”
O produtor afirmou, ainda, que retomará a análise das letras de todas as bandas do evento. Também declarou que sua empresa não tem posicionamento neonazista.
“Não é algo que eu sabia. Fui descobrir agora, junto com as denúncias. Depois disso, estamos fazendo um pente fino para ver se tem qualquer coisa desse tipo. Não é o posicionamento da produtora apoiar qualquer coisa que fale contra a vida humana, contra a existência de alguém.”
Críticas às tentativas de boicote
Marlon Rocha aproveitou a ocasião para direcionar uma crítica às tentativas de boicote contra o M.A.D. Metal Fest. Segundo ele, tais pessoas não estão interessadas em black metal, mas sim em “incomodar sem conhecimento nenhum”.
“Quem faz esse tipo de campanha não conhece o black metal, não tem interesse algum pela nossa cena. O interesse deles é boicotar, fazer barulho, incomodar sem conhecimento nenhum — assim como foi com o Mayhem. Todos sabem que o Mayhem não tem nada a ver com esse tipo de coisa. E aconteceu o pior: cancelar a banda no Brasil. E, claro, infelizmente eles nunca mais vão voltar aqui.”
O empresário disse ainda ter sido alvo de ameaças online desde que o histórico das bandas citadas obteve conhecimento público. Ele reforçou que a M.A.D Produtora não tem posicionamento político e que o seu objetivo é apenas realizar eventos de música pesada, trabalhando recentemente com bandas como Ratos de Porão, Nervosa, Garotos Podres e Eskröta.
“Está acontecendo um movimento muito sério do pessoal antifa tentando boicotar, acusando algumas bandas do evento de fazer apologia ao nazismo e ao fascismo. Estou recebendo muitas ameaças. Acordei hoje com meu WhastApp tendo pelo menos quatro ameaças. Queria deixar bem claro que eu, Marlon, não levanto nenhuma bandeira. Apenas trabalho com música e quero levar música pesada para o maior número de lugares possíveis.”
Confira abaixo a entrevista na íntegra.
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