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Ed Motta pede desculpas após críticas ao hip-hop e diz que errou “feio”

Músico havia dito que qualquer ouvinte do estilo é “burro” e descrito a si como como “preto sofisticado” por não gostar do gênero

Ed Motta publicou um vídeo em seu perfil no Instagram para pedir desculpas à comunidade hip-hop. O músico havia dito, em transmissão ao vivo na mesma rede social na última semana, que qualquer ouvinte do estilo é “burro” e, por não gostar do gênero, descreveu-se como “preto sofisticado”.

Conforme transcrito pelo site, o artista declarou:

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“Salve, pessoal do hip-hop. Eu vim aqui para pedir desculpas, perdão, a vocês, pelo meu comportamento grosseiro e desrespeitoso sobre o movimento. Eu estava em uma live. Minha live, vocês sabem, é uma live caótica onde eu falo mal de um monte de coisas. Mas não justifica. Foi ruim.”

Por fim, complementou:

“Deixei meus amigos tristes, amigos que fazem parte do movimento, e um monte de gente chateada comigo. Então, peço perdão a vocês, eu errei feio.”

Ao longo dos últimos anos, Ed expressou inúmeras opiniões no mínimo controversas neste mesmo contexto de transmissões ao vivo na internet. Exemplificando, o músico já criticou o rock brasileiro da década de 1980 e o trabalho de artistas como Elvis Presley e Raul Seixas — chegando a se retratar com relação às falas sobre o último citado.

Já ao falar sobre o hip-hop, havia declarado inicialmente que, como uma pessoa preta, representa “o que a raça tem de mais sofisticado”. Depois, frisou que “qualquer um que ouve hip-hop é burro” e atribuiu inteligência apenas ao jazz e música clássica. 

“Me respeita, cara. Eu não sou branco, p*rra, eu sou preto, mas represento o que a raça tem de mais sofisticado. […] Qualquer um que ouve hip-hop é burro. Qualquer um [frase repetida algumas vezes]. Sem exceção. Outro dia, eu vi um trecho de uma entrevista desse bobalhão desse Rafinha Bastos: ‘ah, porque hip-hop é o tipo de música que eu mais gosto de ouvir’. O cara é um imbecil. ‘O que alguém inteligente ouve?’. Jazz, música clássica, Steely Dan.”

A declaração gerou repercussão negativa nas redes sociais, inclusive entre os artistas. O rapper Major RD compartilhou uma série de Stories no Instagram mostrando indignação pelo posicionamento:

“O hip-hop salva vidas, é um movimento que ressocializa vários jovens. Você tinha que ter vergonha, você segue o Mano Brown e está falando uma coisa dessas.”

https://twitter.com/rapemacaoo/status/1801086880332566540

Já em publicação do perfil RAP Nacional, na seção de comentários, Negra Li deixou um emoji pensativo, enquanto o produtor musical Ricardo Aquino destacou:

“O Ed Motta é um craque em termos de música, verdade seja dita. O DVD dele com Alberto Continentino no baixo é sensacional em termos de groove e poliritimia em um tipo de música que alcançou a massa. Mas o que ele fala não se escreve a muito tempo. Como alguém sério pode generalizar qualquer coisa? Ainda mais um movimento cultural do tamanho do hip-hop, com a importância social que ele tem. A gente nem deveria estar racionalizando sobre o que ele falou. O Ed virou um velho sem noção!”

Crítica aos beatmakers

Anteriormente, Ed Motta também causou polêmica ao afirmar que beatmakers – responsáveis por criar as batidas das canções em gêneros como hip-hop e eletrônica – não são músicos. Durante live no Instagram em outubro de 2021 (via Rap Mais), declarou:

“Beats… Mashup… essas palhaçadas. Por isso que eu não tenho filho! Imagina se eu tenho um filho, aí o meu filho ele fala assim: ‘Pai, eu não sou músico, eu faço mashup, eu faço beat’. Eu falo: ‘Filho, eu vou me matar na sua frente! Você não vai me matar não, que nem a garota lá do filme, que mata os pais. Eu vou me matar na sua frente…’ Tu vem com essa MPC 60 pra cima de mim, eu me jogo da janela porque vai ser a maior vergonha da minha vida.”

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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