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Por que a Suécia tem tantas bandas de metal? Vocalista do Avatar responde

País é uma das grandes forças do meio artístico, contando com educação que incentiva a população a desenvolver algum talento

A Suécia tem 10,49 milhões de habitantes, de acordo com os dados mais recentes. É uma população menor que a da cidade de São Paulo sozinha, que ultrapassa a casa dos 12,3 milhões. Apesar de ser um país tão pequeno, a proliferação de talentos coloca a nação na linha de frente do rock e do metal, com vários artistas interessantes.

O Avatar faz parte dessa lista. Em entrevista à rádio 105.7 The Point, o vocalista Johannes Eckerström foi convidado a deixar suas impressões sobre os motivos que levam este fenômeno a acontecer. A explicação foi longa, mas muito interessante de se conferir.

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Ele disse, conforme transcrição do Blabbermouth:

“Tenho uma resposta longa e séria para isso. Na Suécia, após a Segunda Guerra Mundial, foi implantado esse tipo de… acho que é difícil encontrar um equivalente para o que seria em um sistema americano, mas uma espécie de programa pós-escola onde todos os municípios abriram escolas de música. Não fazia parte do currículo convencional, era apenas um lugar onde você poderia ir e aprender a tocar um instrumento. E isso era super subsidiado e disponível basicamente para todos. Você podia pegar emprestado um instrumento de graça e, no segundo ano, se persistir, comprar.

Inicialmente eram apenas 20 minutos por semana com um professor de música, tocando ‘Mary Had A Little Lamb’ em um violino ou algo assim. Caso se interessasse, poderia continuar com a educação. Mas começava apenas como uma coisa divertida para as crianças fazerem depois da escola, como jogar na liga infantil ou algo assim, mas para música. E isso está prontamente e amplamente disponível até hoje, o que significa que muitas crianças suecas podem experimentar.”

O próprio Avatar acabou se beneficiando diretamente do projeto, como o cantor deixa claro.

“Quase todo mundo no Avatar, antes de nos conhecermos, porque crescemos relativamente próximos um do outro… bem, na mesma cidade, em partes diferentes dela, mas fomos para a mesma escola. Então um de nós tocava clarinete, outro a flauta, mais um o trombone nas mesmas orquestras infantis, realizando interpretações horríveis de ‘Meet The Flintstones’. Mas é onde você começa a se envolver musicalmente quando adolescente, as subculturas, tudo isso. Tivemos uma vantagem em fazer música juntos e também automaticamente fazer amizade com outras pessoas que também gostam de música. Então, através daquela gangue de ‘Meet The Flintstones’, quando você tinha 10 anos, meio que leva à adolescência, de repente todos deixam crescer o cabelo, usam camisetas do Metallica e do Iron Maiden e formam bandas.”

Johannes ainda destacou que o sucesso de algum artista na Suécia acaba servindo de referência para que outros sigam o caminho.

“Outra grande parte disso, eu acho, é que quando um país tem uma versão de uma história de sucesso, ele marcado dessa forma. É um puro caso de preconceito. Se você pode dizer que esta é uma nova banda de metal da Suécia, você sente algum tipo de confiança e curiosidade sobre isso… Então, estamos acostumados. É um sistema de autoalimentação.”

Suécia e a importância da representatividade

Como exemplo, ele cita uma banda que virá ao Brasil em breve, contando com uma base de fãs considerável por esses lados do mapa.

“Você já ouviu falar em Fagersta? E no The Hives? Eles são da cidade de Fagersta. E cada pequena cidade na Suécia tem seu The Hives neste momento. Representação importa, certo? Conversamos um pouco sobre isso, que todos os tipos de pessoas deveriam estar na frente de uma tela e serem vistas, e isso inspira as crianças a se parecerem com aquela pessoa e sentirem: ‘eu também consigo’.

E a Suécia tem sido muito benéfica para adolescentes magros e pálidos pensarem: ‘Ei, eles conseguiram’ e, ‘A mãe daquele cara trabalha nos correios com a mãe do meu amigo, então podemos fazer isso também’. Então isso é disponibilidade. E há um estado preocupado com o bem-estar social, o que significa que há uma rede de segurança para ter ideias terríveis sobre o que você quer fazer para viver, falhar miseravelmente e encontrar um caminho diferente na vida mais tarde. Então eu acho que todas essas coisas combinadas.”

Sobre o Avatar

Fundado em 2001 na cidade de Mölndal, área metropolitana de Gotemburgo, o Avatar conta com 9 álbuns de estúdio. O mais recente, “Dance Devil Dance”, saiu ano passado. O trabalho teve como grande êxito o single “The Dirt I’m Buried In”, que chegou ao número 1 nos Estados Unidos na parada Mainstream Rock Songs, da Billboard.

Nas últimas semanas, o grupo passou pelo Brasil, se apresentando no Summer Breeze Festival 2024. Confira uma resenha do show clicando aqui. Foi a segunda vinda ao país, dois anos após ter realizado a abertura da mais recente turnê do Iron Maiden.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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País é uma das grandes forças do meio artístico, contando com educação que incentiva a população a desenvolver algum talento

A Suécia tem 10,49 milhões de habitantes, de acordo com os dados mais recentes. É uma população menor que a da cidade de São Paulo sozinha, que ultrapassa a casa dos 12,3 milhões. Apesar de ser um país tão pequeno, a proliferação de talentos coloca a nação na linha de frente do rock e do metal, com vários artistas interessantes.

O Avatar faz parte dessa lista. Em entrevista à rádio 105.7 The Point, o vocalista Johannes Eckerström foi convidado a deixar suas impressões sobre os motivos que levam este fenômeno a acontecer. A explicação foi longa, mas muito interessante de se conferir.

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Ele disse, conforme transcrição do Blabbermouth:

“Tenho uma resposta longa e séria para isso. Na Suécia, após a Segunda Guerra Mundial, foi implantado esse tipo de… acho que é difícil encontrar um equivalente para o que seria em um sistema americano, mas uma espécie de programa pós-escola onde todos os municípios abriram escolas de música. Não fazia parte do currículo convencional, era apenas um lugar onde você poderia ir e aprender a tocar um instrumento. E isso era super subsidiado e disponível basicamente para todos. Você podia pegar emprestado um instrumento de graça e, no segundo ano, se persistir, comprar.

Inicialmente eram apenas 20 minutos por semana com um professor de música, tocando ‘Mary Had A Little Lamb’ em um violino ou algo assim. Caso se interessasse, poderia continuar com a educação. Mas começava apenas como uma coisa divertida para as crianças fazerem depois da escola, como jogar na liga infantil ou algo assim, mas para música. E isso está prontamente e amplamente disponível até hoje, o que significa que muitas crianças suecas podem experimentar.”

O próprio Avatar acabou se beneficiando diretamente do projeto, como o cantor deixa claro.

“Quase todo mundo no Avatar, antes de nos conhecermos, porque crescemos relativamente próximos um do outro… bem, na mesma cidade, em partes diferentes dela, mas fomos para a mesma escola. Então um de nós tocava clarinete, outro a flauta, mais um o trombone nas mesmas orquestras infantis, realizando interpretações horríveis de ‘Meet The Flintstones’. Mas é onde você começa a se envolver musicalmente quando adolescente, as subculturas, tudo isso. Tivemos uma vantagem em fazer música juntos e também automaticamente fazer amizade com outras pessoas que também gostam de música. Então, através daquela gangue de ‘Meet The Flintstones’, quando você tinha 10 anos, meio que leva à adolescência, de repente todos deixam crescer o cabelo, usam camisetas do Metallica e do Iron Maiden e formam bandas.”

Johannes ainda destacou que o sucesso de algum artista na Suécia acaba servindo de referência para que outros sigam o caminho.

“Outra grande parte disso, eu acho, é que quando um país tem uma versão de uma história de sucesso, ele marcado dessa forma. É um puro caso de preconceito. Se você pode dizer que esta é uma nova banda de metal da Suécia, você sente algum tipo de confiança e curiosidade sobre isso… Então, estamos acostumados. É um sistema de autoalimentação.”

Suécia e a importância da representatividade

Como exemplo, ele cita uma banda que virá ao Brasil em breve, contando com uma base de fãs considerável por esses lados do mapa.

“Você já ouviu falar em Fagersta? E no The Hives? Eles são da cidade de Fagersta. E cada pequena cidade na Suécia tem seu The Hives neste momento. Representação importa, certo? Conversamos um pouco sobre isso, que todos os tipos de pessoas deveriam estar na frente de uma tela e serem vistas, e isso inspira as crianças a se parecerem com aquela pessoa e sentirem: ‘eu também consigo’.

E a Suécia tem sido muito benéfica para adolescentes magros e pálidos pensarem: ‘Ei, eles conseguiram’ e, ‘A mãe daquele cara trabalha nos correios com a mãe do meu amigo, então podemos fazer isso também’. Então isso é disponibilidade. E há um estado preocupado com o bem-estar social, o que significa que há uma rede de segurança para ter ideias terríveis sobre o que você quer fazer para viver, falhar miseravelmente e encontrar um caminho diferente na vida mais tarde. Então eu acho que todas essas coisas combinadas.”

Sobre o Avatar

Fundado em 2001 na cidade de Mölndal, área metropolitana de Gotemburgo, o Avatar conta com 9 álbuns de estúdio. O mais recente, “Dance Devil Dance”, saiu ano passado. O trabalho teve como grande êxito o single “The Dirt I’m Buried In”, que chegou ao número 1 nos Estados Unidos na parada Mainstream Rock Songs, da Billboard.

Nas últimas semanas, o grupo passou pelo Brasil, se apresentando no Summer Breeze Festival 2024. Confira uma resenha do show clicando aqui. Foi a segunda vinda ao país, dois anos após ter realizado a abertura da mais recente turnê do Iron Maiden.

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João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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