Eddie Ojeda acha que Twisted Sister foi longe demais na briga com PMRC

Guitarrista lamentou que a banda tenha sofrido as consequências da luta contra a perseguição feita por conservadores

Na metade dos anos 1980, o Parents Music Resource Center (PMRC) começou uma verdadeira caçada contra artistas que um grupo de conservadores fundamentalistas considerava ameaça à moral e os bons costumes da “família tradicional” – aquela que, no sigilo, faz tudo que se diz contra em público.

Um dos alvos do grupo foi o Twisted Sister. O hino “We’re Not Gonna Take It” foi incluído no “The Filthy Fifteen”, grupo de 15 músicas que supostamente atentavam contra o puritanismo da sociedade. A situação fez até mesmo o vocalista da banda, Dee Snider, testemunhar em uma audiência pública no senado.

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Refletindo sobre o ocorrido, o guitarrista Eddie Ojeda entende que tudo foi longe demais. Em entrevista ao VRP Rocks, transcrita pelo Blabbermouth, o músico refletiu sobre a situação. Ele disse:

“Gostaria que tivéssemos ficado de fora disso. Acho que se você é um ator ou um músico conhecido, deveria manter sua opinião sobre a censura para si mesmo. Ou ao menos fazer comentários sem ir tão longe como fomos. Foi legal defender direitos, mas acho que, no longo prazo, não foi uma boa coisa ir ao congresso e tentar tomá-lo, porque eles não gostam de perder. Dee fez um ótimo trabalho representando a si mesmo e eles não ficaram felizes com isso. Pensaram que iriam fazer com que algum idiota bêbado e drogado aparecesse, se envergonhasse e colocasse mais pregos no caixão, por assim dizer. Mas não foi assim.”

Apesar de ver o resultado como uma vitória, o instrumentista ainda entende que o saldo acabou trazendo consequências desagradáveis.

“Mesmo sendo uma coisa positiva, também teve um impacto na banda. Só acho que uma coisa é estar envolvido ou apoiar algo. Outra é quando você lidera e se envolve demais nisso. Pode acabar prejudicando sua carreira.”

As divisões políticas familiares

Para exemplificar, Eddie menciona o atual cenário político estadunidense e as divisões pessoais que ocorreram – algo não muito diferente em outras partes do mundo, como o Brasil.

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“Há famílias que não se falam mais porque alguém votou em Trump. As pessoas levaram isso até agora e nunca foi assim. Quero dizer, no passado diriam: ‘Ok, esse cara foi eleito. Não votei nele, mas vamos ver o que acontece.’ Agora a divisão é simplesmente insana. E como eu disse, as pessoas vão longe demais. Todas as coisas políticas que estão acontecendo são uma loucura.”

Twisted Sister contra Donald Trump

A julgar pela declaração, não parece que Ojeda esteja em concordância com Snider. O cantor disse ao The Metal Voice, no final do ano passado, que o grupo pode se reunir ainda em 2024. O motivo seria deixar claras as posições anti-Trump do grupo em ano de eleição à Casa Branca.

Ele falou:

“Bem, não ficarei surpreso se nos reunirmos neste ano eleitoral para defender algumas causas importantes. Estamos todos na mesma página – praticamente todos nós estamos na mesma página – e posso nos ver ajudando a lutar a boa luta. Porque esta é uma eleição geral, com assuntos como o direito de escolha das mulheres. Temos que enfrentar o outro lado. Eu disse ‘o outro lado’, porque não sou daquele lado, o do Sr. Trump.”

Se não houver outro movimento político nos próximos meses, o pleito deve colocar Joe Biden e Donald Trump frente a frente mais uma vez. Na edição anterior, o democrata levou a melhor, o que fez o republicano protagonizar até mesmo tentativas de golpe de estado apoiado por grupos extremistas.

PMRC e “The Filthy Fifteen”

A comissão foi criada por quatro mulheres chamadas de “Washington Wives”, ou “Esposas de Washington”, em referência às posições ocupadas por seus maridos em Washington, capital dos Estados Unidos. Foram elas: Tipper Gore (esposa do senador e futuro vice-presidente Al Gore); Susan Baker (esposa do secretário do Tesouro, James Baker), Pam Howar (esposa de Raymond Howar, corretor de imóveis de Washington) e Sally Nevius (esposa de John Nevius, ex-presidente do conselho municipal de Washington).

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O PMRC se dissolveu no início dos anos 1990, mas deixou várias marcas. A mais visível foi a criação de um selo a ser colocado nas capas de discos com mensagens “impuras” – o que acabou se tornando um fetiche dos músicos, pois se tornava garantia de interesse público e, consequentemente, mais vendas.

Eis as 15 canções do “The Filthy Fifteen” e suas mensagens de acordo com o PMRC:

  1. Prince – “Darling Nikki” (sexo e masturbação)
  2. Sheena Easton – “Sugar Walls” (sexo)
  3. Judas Priest – “Eat Me Alive” (sexo e violência)
  4. Vanity – “Strap On ‘Robbie Baby’” (sexo)
  5. Mötley Crüe – “Bastard” (violência e linguagem obscena)
  6. AC/DC – “Let Me Put My Love Into You” (sexo)
  7. Twisted Sister – “We’re Not Gonna Take It” (violência)
  8. Madonna – “Dress You Up” (sexo)
  9. W.A.S.P. – “Animal (F**k Like a Beast)” (sexo, linguagem obscena e violência)
  10. Def Leppard – “High ‘n’ Dry (Saturday Night)” (uso de drogas e álcool)
  11. Mercyful Fate – “Into the Coven” (ocultismo)
  12. Black Sabbath – “Trashed” (uso de drogas e álcool)
  13. Mary Jane Girls – “In My House” (sexo)
  14. Venom – “Possessed” (ocultismo)
  15. Cyndi Lauper – “She Bop” (sexo e masturbação)

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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