A resposta de Don Dokken a fãs que criticam sua voz atual

Cantor reconhece limitações e pede que incomodados simplesmente deixem de comparecer aos shows

Ao contrário dos instrumentistas, você não pode trocar as cordas vocais de um cantor. Sendo assim, é inevitável ter que assimilar as mudanças do tempo a partir de determinado momento da vida. É o caso de Don Dokken. O vocalista claramente já não consegue chegar perto das performances de outrora. Porém, não há o que fazer.

Em entrevista ao Laughingmonkeymusic, o frontman do Dokken reconheceu as dificuldades que enfrenta no palco. E se valeu até de explicações técnicas, conforme transcrição do Blabbermouth.

“Recebo muitas reclamações. Vejo a reação dos fãs quando eu canto a parte mais alta de ‘Kiss Of Death’ e bato esse Si bemol acima do Lá, essa nota super soprano. Não acerto e consigo reparar as pessoas reagindo. Eu fico tipo: ‘Cara, já fiz uns três mil shows. É como um carro. Está ficando desgastado’.”

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Don ainda ressaltou que realmente exagerava no passado. Mas é normal, visto que nenhum artista imagina que a carreira será tão longeva quanto a sua acabou se tornando.

“Quando você tem vinte e poucos anos, não sabe se terá outro disco, outro hit ou algo assim – não sabemos. Então, ali estava eu tentando copiar Rob Halford do Judas Priest, Klaus Meine do Scorpions e todas aquelas bandas com vocalistas que cantavam bem alto. Depois você fica na estrada por um ano e meio, faz quatrocentos shows, cinco álbuns e vêm os efeitos. Hoje fico rouco só de falar com todo mundo. E é assim que as coisas são. Você envelhece. Tenho 70 anos, cara. Alguns desses fãs dizem ‘Don precisa desistir. Não consegue mais atingir as notas altas.’ Eu respondo ‘Vamos ver você atingir aquelas notas altas de 24 anos. Vá em frente.’”

Há outro componente que torna a batalha ainda mais inglória: a internet, com seu anonimato garantido.

“Há muita gente que me criticaria mesmo se eu cantasse como em 1983. Minha filha costumava acessar nosso site e tínhamos um fórum aberto. Qualquer um poderia dizer o que quisesse. Havia um cara chamado Acorn, nem usava seu nome verdadeiro. Ele comentou: ‘Fui a cinco shows do Dokken neste verão e Don foi péssimo.’ Respondi: ‘Então por que você foi a CINCO shows?’ Minha filha também reagiu até que finalmente o bloqueamos. Disse a ela: ‘Querida, você precisa se lembrar, esse cara trabalha no Subway e faz sanduíches de atum o dia todo. Agora ele tem uma coisa nova chamada internet e pode postar o que quiser’. Até ali eu não estava censurando, era a maneira dele de chamar a atenção.”

Reconhecendo suas limitações, Don faz um planejamento futuro. Porém, sem estabelecer datas. E também aproveitou para deixar um recado aos detratores.

“Continuarei até o momento que não for mais divertido para mim. E se eu não consigo mais cantar da maneira que alguém gostaria, é só essa pessoa não ir mais aos shows. Sem problemas.”

Dokken e “Heaven Comes Down”

“Heaven Comes Down”, 12º trabalho de inéditas do Dokken, sai no próximo dia 27 de outubro, via Silver Lining Music. O próprio Don assinou a produção em parceria com Bill Palmer. A mixagem ficou a cargo de Kevin Shirley, mais conhecido por suas colaborações com Iron Maiden, Aerosmith, Journey, Dream Theater e Black Country Communion, entre vários outros grandes nomes do rock e do metal.

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A formação atual conta apenas com o cantor da clássica. Ele é acompanhado pelo guitarrista Jon Levin (ex-Warlock e Doro), o baixista Chris McCarvill e o baterista Bill “BJ” Zampa, ambos também integrantes do House of Lords.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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