Vocalista do Anti-Flag é acusado de crimes sexuais por mais 12 mulheres

Banda havia anunciado fim das atividades de maneira súbita após rumores envolvendo Justin Geever / Justin Sane

No último mês de julho, a banda punk americana Anti-Flag anunciou o fim das atividades de maneira súbita, deixando seus fãs buscando por respostas. Logo, encontraram uma entrevista da terapeuta holística Kristina Sarhadi para o podcast Enough, durante a qual ela relata a experiência de ter sido estuprada por um músico punk cujo nome não foi citado.

Alerta de conteúdo: Essa matéria contém menções e descrições gráficas de abuso sexual, grooming e estupro.

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Agora, Sarhadi confirma à Rolling Stone se tratar de Justin Geever, mais conhecido como Justin Sane, vocalista e guitarrista do Anti-Flag. Ela e mais 12 mulheres compartilharam histórias de terem sido assediadas ou abusadas pelo músico, que havia se manifestado anteriormente negando ter cometido o crime.

As histórias mostram um padrão de comportamento. Segundo os relatos, Geever supostamente encontra garotas de aparência jovens durante shows e prossegue a desenvolver um relacionamento amigável com elas até conseguir sexo. O termo usado por especialistas em abuso sexual para descrever essa prática é grooming.

Molly Newborn afirma que tinha 17 anos quando, em 1999, Geever tentou lhe beijar e levá-la ao seu quarto de hotel após ouvir que ela era virgem. Ela disse:

“Eu não falei nada por um monte de razões. Mas uma enorme seria: eu não acho que pessoas acreditariam, que esse cara é um predador, porque ele canta sobre feminismo.”

A inglesa Hannah Stark chegou a prestar queixa e fazer exame de corpo de delito para corroborar seu depoimento. Contudo, segundo ela, a polícia de seu país abandonou o caso porque ela nunca disse “não” para o vocalista.

Ao refletir sobre a existência de outras mulheres que alegam ser vítimas do músico, Sarhadi afirmou:

“Eu não fazia ideia de que havia acontecido com outras. Eu me senti estúpida, envergonhada e confusa, porque como isso poderia ter acontecido com essa pessoa? Ele é o cantor antiestupro. Eles são a banda abertamente feminista que lançaram um disco com renda destinada a mulheres vítimas de crimes. Não faz sentido. Mas até na natureza, os predadores mais perigosos têm a melhor camuflagem.”

Mais relatos

De acordo com a Rolling Stone, sete das mulheres entrevistadas disseram que eram adolescentes menores de idade quando tiveram suas experiências com Justin Geever / Justin Sane. Uma oitava, Tali Weller, contou tinha apenas 12 anos quando o artista, na época com 17, a teria manipulado para fazer sexo com ele. Ela disse:

“Eu ainda estou tentando compreender minha sexualidade e o que foi afetado por ele por causa desse relacionamento. Eu lembro dele me instruir a gemer para lhe mostrar ‘que eu estava gostando’. É tão desconfortável falar disso e como isso afetou minha vida sexual até hoje.”

Três das vítimas também alegaram que os outros integrantes do Anti-Flag não teriam como fingir ignorância do assunto. Uma mulher identificada como Rebecca, que afirma ter se relacionado com Geever enquanto ela tinha 17 anos, falou:

“Eles sabiam o quão jovens todas eram. Havia um limite claro que ele passava constantemente e isso deveria ter levantado suspeitas pra todo mundo.”

Declarações anteriores de Anti-Flag e Justin Sane

Ainda em julho, os integrantes do Anti-Flag se manifestaram, em dois comunicados separados, sobre as acusações de estupro contra Justin Geever / Justin Sane. Na época, vale reforçar, a suposta vítima não havia citado o nome do músico — internautas fizerama conexão a partir de uma declaração dela a um podcast, ligando também ao anúncio repentino de fim do grupo.

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Justin divulgou um texto onde nega ter cometido qualquer crime. Porém, ele confirmou que as atividades da banda foram encerradas em função dos problemas causados pelas acusações.

“Recentemente, foram feitas acusações de abuso sexual feitas contra mim e posso dizer que essas histórias são categoricamente falsas. Nunca tive uma relação sexual que não fosse consensual, nem nunca fui abordado por uma mulher após um encontro sexual para ser informado de que, de alguma forma, agi sem o consentimento dela ou a violei de alguma forma. Agora que tive alguns dias para absorver o choque inicial, estou fazendo esta declaração para esclarecer as coisas.

O abuso sexual é real e tem um impacto devastador nas vítimas. Dediquei toda a minha vida adulta a defender essas vítimas, bem como aquelas que sofrem opressão e desigualdade, que são humilhadas e abusadas. Sempre fui e sempre serei essa pessoa. As declarações que estão sendo feitas sobre mim são a antítese do que acredito e de como me comportei ao longo da minha vida.

Em relação à dissolução do Anti-Flag, como banda, foi tomada a decisão de que, nessas circunstâncias, seria impossível continuar.

Quero agradecer à minha família e amigos, e aos muitos, muitos fãs, músicos e bandas que me procuraram para oferecer apoio e ajuda.”

Os demais integrantes – o baterista Pat Thetic, o guitarrista Chris Head e o baixista Chris “No. 2” Barker – se pronunciaram em outro texto. O trio afirma que o fim das atividades do grupo tem a ver com princípios estabelecidos por eles próprios.

“Um princípio central da banda Anti-Flag é ouvir e acreditar em todos os sobreviventes de violência e abuso sexual. As recentes alegações sobre Justin estão em contradição direta com esse princípio. Portanto, sentimos que a única opção imediata era a dissolução.

Ficamos chocados, confusos, tristes e com os corações partidos desde o momento em que ouvimos essas alegações. Embora acreditemos que isso seja extremamente sério, nos últimos 30 anos nunca vimos Justin ser violento ou agressivo com mulheres. Essa situação nos abalou profundamente.

Entendemos e pedimos desculpas por esta reação não ter sido rápida o suficiente para algumas pessoas. Este é um território novo para todos nós e está demorando para processarmos a situação.

Foi um privilégio para nós estarmos na banda Anti-Flag, pois buscamos encontrar nosso caminho a seguir desejamos cura a todos os sobreviventes.”

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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