O guitarrista britânico Eric Clapton tentou doar US$ 5 mil (aproximadamente R$ 24 mil na cotação atual e em transação direta) para a campanha de Robert Kennedy Jr nas primárias presidenciais do Partido Democrata dos Estados Unidos, marcadas para 2024. O valor precisou ser devolvido.
De acordo com documentos enviados à Federal Election Commission (via Business Insider), o estorno ocorreu por duas razões. Primeiramente, a doação estava acima do limite estabelecido para contribuições individuais – US$ 3,3 mil (cerca de R$ 15,9 mil). Segundo, o artista listou um endereço no Reino Unido, contrariando a regra que barra doações de estrangeiros.
Sobrinho do ex-presidente John Kennedy, RFK Jr tem se estabelecido como um candidato apoiador da causa antivacina. O político é acusado de espalhar teorias da conspiração sem fundamento em aparições midiáticas, incluindo no podcast de Joe Rogan.
Segundo uma reportagem do New York Post, o pré-candidato a presidência dos EUA disse num jantar para a imprensa em Nova York que a Covid-19 foi etnicamente feita para poupar judeus e chineses, sem apresentar qualquer prova. Também crítico do distanciamento social, chegou a dizer que os americanos na pandemia tinham menos liberdade que judeus na Alemanha nazista, retratando-se posteriormente.
Fora do campo pandêmico, disse que substâncias químicas presentes na água poderiam transformar crianças em homossexuais ou transgênero – novamente, sem qualquer evidência científica. Permaneceu dois anos banido das redes sociais Facebook e Instagram por disseminar conteúdos falsos sobre vacinação e outros temas de saúde pública.
Controvérsias de Eric Clapton
Desde o início da pandemia, Eric Clapton adotou uma postura semelhante à descrita acima. O guitarrista gravou músicas contra as medidas sanitárias, financiou uma banda antivaxxer, compartilhou informações falsas sobre imunizantes e ameaçou não se apresentar em espaços que exigissem comprovante de vacinação – tendo voltado atrás posteriormente. As posturas fizeram com que perdesse amizades e sofresse críticas do público, mídia e autoridades.
RFK Jr não é a primeira figura política controversa a quem Clapton se aliou. Em 1976, o guitarrista declarou apoio ao ex-ministro conservador Enoch Powell. O político era notório por posicionar-se contra a imigração e classificado como um “nacionalista branco”. Chegou a dizer à plateia de um show:
“Acho que Enoch está certo, acho que deveríamos mandá-los (os imigrantes) todos de volta. Impeçam o Reino Unido de se transformar em uma colônia negra. Tirem os estrangeiros, tirem os crioulos. A Inglaterra é para brancos, cara. Somos um país branco. Essa é a Grã-Bretanha, um país branco. O que está acontecendo conosco, p*rra?”
Décadas depois, em declaração de 2018 ao lançar o documentário “Eric Clapton: Life in 12 Bars”, demonstrou arrependimento com relação a essas falas.
“Sabotei tudo com o que me envolvi. Estava tão envergonhado de quem eu era, um tipo de semi-racista, o que não fazia sentido. Metade dos meus amigos eram negros, namorei uma mulher negra e defendi a música negra.”
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