Gorillaz soa datado pela primeira vez em “Cracker Island”

Banda perdeu sua personalidade cativante e personagens animados hoje em dia são como o Eddie do Iron Maiden

Quando surgiu em 2000, o Gorillaz parecia o futuro da música pop. Não somente por sua abordagem pós-moderna de personagens animados como estrelas em vez de músicos de verdade, mas pela sonoridade única para a época. Eles não eram apenas originais, eram quase alienígenas em meio a boy bands e nü metal.

Desde então, o projeto criado por Damon Albarn, ex-Blur, e o ilustrador Jamie Hewlett sobreviveu quase 20 anos olhando para onde a música pop poderia ir e chegando lá antes de qualquer outro. Deu muito certo nos discos “Demon Days” (2005) e “Plastic Beach” (2010), com as subsequentes turnês consagrando o grupo como um dos mais importantes do século 21.

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Só que nesse caminho, parte da magia se perdeu. Albarn começou a sair mais das sombras, assumindo a identidade da banda, e os personagens animados – 2D, Noodle, Murdoc Niccals e Russel Hobbs – tornaram-se mascotes, tal qual Eddie para o Iron Maiden.

Mas isso não importa, contanto que as canções continuem boas, certo? Bem…

Para começo de conversa, “Cracker Island” não é ruim. É um disco bem composto, bem produzido, com participações especiais de qualidade. Entretanto, a música pop avançou na década de 2010 a um ponto que esse álbum soa como uma relíquia.

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Ao longo dos anos, mudanças nos bastidores deixaram Albarn como o único músico envolvido nos principais discos da carreira do Gorillaz a continuar participando do grupo. Ele pode se aliar a um produtor do calibre de Greg Kurstin, mas a impressão de perda de personalidade é evidente em “Cracker Island”.

Tirando a faixa-título, que abre o disco com muita qualidade, os principais momentos de “Cracker Island” pertencem mais aos convidados que à banda em si. “New Gold”, com participação de Kevin Parker (Tame Impala) e Bootie Brown, parece mais uma parceria entre o rapper e o roqueiro australiano do que uma música do Gorillaz. “Tormenta”, que tem Bad Bunny dando uma palha, parece saída de “Un Verano Sin Ti”, megasucesso do portorriquenho.

Isso não pareceria ruim se a personalidade do Gorillaz, aquilo que ajudou o projeto a cativar o mundo há mais de 20 anos, estivesse presente. Mas o resto de “Cracker Island”, especificamente as faixas sem convidados, passam a mesma sensação de marasmo dos discos solo de Damon Albarn, “Everyday Robots” (2014) e “The Nearer The Fountain, More Pure The Stream Flows” (2021).

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Pela primeira vez na carreira, o Gorillaz parece contente onde está. Apesar disso ser ótimo para alguns artistas, nesse caso simboliza uma estagnação criativa grave.

Ouça “Cracker Island” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.

O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!

Gorillaz – “Cracker Island”

  1. Cracker Island (feat. Thundercat)
  2. Oil (feat. Stevie Nicks)
  3. The Tired Influencer
  4. Tarantula
  5. Silent Running (feat. Adeleye Omotayo)
  6. New Gold (feat. Tame Impala and Bootie Brown)
  7. Baby Queen
  8. Tormenta (feat. Bad Bunny)
  9. Skinny Ape
  10. Possession Island (feat. Beck)

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

2 COMENTÁRIOS

  1. Pois é, é só o melhor álbum deles. 2-D pra todo lado, sem experimentalismo, sem excesso de participações, clipes coesos… Álbum foda!

  2. Nossa, de alguma forma parei nessa notícia e tive que ler o que poderiam estar inventando pra falar desse álbum. Ele é simplesmente incrível! Gostei tanto ou até mais que o primeiro.

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