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Os últimos dias e a morte do genial Robin Williams

Ator e comediante passou seus dias finais sofrendo com um tipo de demência que sequer sabia ser portador

Robin Williams foi um dos atores e comediantes mais genais e conhecidos de Hollywood. Após ganhar fama por seus trabalhos com comédia stand-up e na série de TV “Mork & Mindy”, construiu uma bem-sucedida carreira nos cinemas, e estrelou filmes marcantes como “Bom dia, Vietnã”, “Sociedade dos Poetas Mortos”, “Patch Adams – O Amor É Contagioso”, “Uma Babá Quase Perfeita”, “Jumanji” e “Gênio Indomável”.

Infalizmente, Robin Williams nos deixou tragicamente em 11 de agosto de 2014, ao cometer suicídio em sua casa. O ator passou seus últimos meses de vida sofrendo com alguns problemas de saúde, causados por um tipo de demência considerado devastador pela medicina e que o ator sequer sabia ser portador.

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A seguir, confira como foram os dias e horas finais de Robin Williams e o que é exatamente esta demência que o fez tirar a própria vida.

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Os meses finais de Robin Williams

Pouco antes de começar a ter estes problemas de saúde, a carreira de Robin Williams parecia ter entrado em declínio. Ele vinha atuando, na maior parte do tempo, em trabalhos de menor porte, que mal lembravam seus tempos áureos de Hollywood.

Por exemplo, em agosto de 2012, dois anos antes de sua morte, apareceu em um episódio do seriado “Louie”. Depois, gravou o filme “O Que Fazer?”, que foi bastante criticado e arrecadou cerca de 600 mil dólares de bilheteria – um número bem baixo para um ator deste padrão.

A revista Parade conversou com Williams em 2013 e perguntou a ele por que, aparentemente, estava aceitando qualquer trabalho que aparecesse em sua frente. O ator respondeu o seguinte:

“Tenho minhas contas para pagar. Minha vida deu uma caída, de uma maneira boa. Estou vendendo meu rancho. Eu não consigo mais bancá-lo.”

Em setembro de 2013, Robin Williams conseguiu estrelar sua própria série de TV, após esta série de trabalhos menores: “The Crazy Ones”, em que viveu o protagonista Simon Roberts, dono de uma agência publicitária.

A série teve uma recepção apenas mediana e foi cancelada pelo canal americano CBS assim que a primeira temporada foi concluída, em maio de 2014.

Problemas de saúde

No mês de outubro de 2013, Robin Williams passou a conviver com estes problemas de saúde que mencionamos no início: dores de estômago, indigestão e constipação passaram a ser parte de sua rotina. Além disso, começou a ter dificuldades para enxergar, urinar e dormir, além de ter apresentado alguns problemas motores.

Susan Schneider, a terceira e última esposa do ator, revelou em entrevista para o canal americano ABC que até o suicídio do marido, ele apresentava um problema de saúde diferente.

“Ele tinha essa interminável parada de sintomas, e eles apareciam aos poucos. Qual seria o sintoma do mês? Eu pensei: ‘será que meu marido é hipocondríaco?’. Corremos atrás e não havia respostas, e nós tentamos de tudo.”

O ator e comediante Billy Crystal, amigo próximo de Robin Williams, o convidou para assistir uma peça de teatro no final de 2013. Para a biografia de Williams, escrita pelo repórter Dave Itzkoff, revelou que se assustou assim que viu o ator.

“Tinha uns quatro ou cinco meses que não o via, e quando ele saiu do carro, fiquei um pouco em choque com sua aparência. Ele estava mais magro e parecia frágil.”

Crystal também relatou que Williams ficou bastante emotivo ao se despedir dele e de sua esposa, Janice.

“Ele me abraçou, abraçou a Janice e começou a chorar. Perguntei: ‘qual o problema?’. Ele disse: ‘ah, estou muito feliz em te ver. Fazia tempo. Você sabe que te amo’.”

Trabalhos finais

Assim que concluiu as gravações da primeira e única temporada de “The Crazy Ones”, Robin Williams foi trabalhar em seu último grande projeto: o terceiro filme da trilogia “Uma Noite no Museu”, onde interpretou o personagem Theodore Roosevelt.

Williams já havia gravado algumas cenas para o filme, mas ainda precisava concluir outras. Por conta de seus problemas de saúde, pessoas próximas acreditavam que o ator não conseguiria concluir o trabalho.

No documentário “Robin’s Wish”, a respeito da vida e carreira do ator, o diretor da trilogia “Uma Noite no Museu”, Shawn Levy, afirmou que Robin Williams não parecia o mesmo de antes.

“Eu diria que com um mês de gravações, estava claro pra mim e pra todos no set de filmagens que tinha algo errado com Robin. Vimos que o Robin estava lutando de uma maneira que nunca precisou lutar pra lembrar suas falas.

Ele me ligava às 10 da noite, às 2 da manhã, às 4 da manhã, dizendo: ‘isso é usável? Tudo isso é usável? Eu sou péssimo? O que está acontecendo?’ Nunca abandonei minha fé nele, mas vi que sua moral estava em ruínas. Via um cara que não parecia ele mesmo e aquilo foi imperdoável.”

Durante as gravações do terceiro “Uma Noite no Museu”, o ator não teve a companhia da esposa, mas os dois mantinham contato constante. Williams também passou a tomar alguns medicamentos após recomendação médica.

No entanto, os remédios até aliviavam alguns de seus sintomas, mas acentuavam outros. No documentário, Susan Schneider disse que Robin retornou para casa ainda pior após concluir as gravações.

“Ele estava como um avião 747 prestes a aterrissar sem o trem de pouso. O Robin estava perdendo a cabeça e ele tinha ciência disso.”

O diagnóstico de Parkinson

Apenas no dia 28 de maio de 2014 que Robin Wiliams e Susan Schneider descobriram o que estava acontecendo: o ator foi diagnosticado como portador da doença de Parkinson, o que explicava os problemas de saúde que vinha enfrentando.

O ator não hesitou em revelar o diagnóstico para seus filhos e pessoas próximas. Entre elas, o próprio Billy Crystal, que mencionamos anteriormente.

Crystal afirmou que soube da notícia por meio de uma ligação do próprio Williams e ofereceu ajuda, mas logo demonstrou preocupação com o amigo.

“Eu nunca o vi com medo daquele jeito. Ele era o comediante mais ousado que já conheci, o artista mais ousado que conheci. Mas ali, ele era um homem assustado.”

No mês seguinte, Robin Williams chegou a receber um convite do amigo Eric Idle para que ele fizesse uma participação especial em um show do grupo de comédia britânico Monty Python.

Para o documentário “Robin’s Wish”, Idle revelou a resposta que recebeu do amigo.

“Ele me disse que até iria, mas que não queria estar no palco. Compreendi totalmente, por que ele estava sofrendo com uma depressão severa.”

Ainda em junho de 2014, Williams optou por passar um tempo se tratando uma clínica para dependentes químicos e alcoólicos. O ator e a esposa sabiam que aquele não era o tratamento adequado, mas estavam cientes de que ele estaria sob supervisão constante.

Em 21 de julho, Robin Williams celebrou seu aniversário de 63 anos, mas foram poucos os amigos que conseguiram lhe mandar os parabéns naquele dia. Entre eles, Cyndi McHale, amiga próxima do ator, que trabalhou com ele em alguns filmes.

Para a biografia de Williams, McHale disse o seguinte sobre a situação:

“Estava no telefone com uma de suas assistentes. E ela me disse algo como ‘ele não está bem’. Fiquei realmente preocupada com ele.”

As horas finais de Robin Williams

Em 10 de agosto, horas antes de morrer, Robin Williams estava em casa com Susan quando começou a se preocupar com um possível roubo de alguns de seus relógios. O ator pegou alguns deles e os colocou em uma meia.

Às 19h, Williams foi até a casa de sua assistente pessoal, Rebecca Spencer, e entregou para ela a meia com seus relógios, retornando para casa em seguida.

Por volta de 22h30, ele deixou o quarto em que estava com Susan e se retirou para o que costumava dormir, costume que passou a ter graças a sua insônia. Não levantou suspeitas do que estava para acontecer.

Na manhã do dia 11 de agosto, Susan se levantou e notou que a porta do quarto do marido estava trancada. Contudo, não se preocupou, pois imaginava que ele estava dormindo.

Rebecca Spencer e seu marido, Dan, chegaram ao local pouco tempo depois para ver como Williams estava. Susan afirmou que estava tudo bem e esperando o marido acordar para meditar com ele.

Às 10h30, ao notar que Robin Williams não acordava, Susan decidiu sair para fazer algumas coisas. Meia hora mais tarde, Rebecca e Dan começaram a se preocupar que o ator ainda continuava no quarto.

Às 11h42, Rebecca avisou Susan pelo celular que iria acordar Robin. A assistente do ator conseguiu destrancar a porta do quarto com clips de papel.

Foi neste momento que Rebecca descobriu a triste realidade: Robin Williams havia tirado a própria vida, após se enforcar com um cinto.

Demência com corpos de Lewy

Durante a autópsia do corpo de Robin Williams, médicos descobriram o verdadeiro motivo dos problemas de saúde que atormentaram o ator em seus dias finais: ele sofria da chamada “demência com corpos de Lewy”.

Este é um tipo de demência que vem acompanhada de mudanças de comportamento, cognição e movimento, que vai se agravando conforme a doença progride. Alucinações, ansiedade, flutuações de atenção e alerta, lentidão de movimentos e dificuldades para caminhar são outros sintomas.

O diagnóstico da demência com corpos de Lewy costuma ser confundida com a doença de Parkinson, já que os sintomas das duas enfermidades são praticamente os mesmos.

Este foi justamente o caso de Robin Williams. A autópsia concluiu que o cérebro do ator já havia sido quase tomado por este tipo de demência.

Ao documentário sobre a vida do ator, o médico Bruce Miller, da Universidade da Califórnia em São Francisco, explicou que este tipo de problema de saúde costuma ser terrível.

“A demência com corpos de Lewy é uma doença devastadora. Ela é assassina. É rápida. É progressiva. Olhando em como o cérebro de Robin foi afetado, cheguei à conclusão de que essa foi a forma mais devastadora da demência que eu já vi. Quase nenhuma área do cérebro deixou de ser afetada. Me surpreende que o Robin ainda era capaz de andar e até de se mexer.

Robin estava à mercê de algo que ele não podia controlar. E, ainda pior em não poder controlá-la, ele sequer sabia disso.”

De fato, esta é uma doença considerada terrível pela medicina: não existe cura e só piora com o passar do tempo. Desta forma, o tratamento consiste apenas em tentar controlar alguns dos sintomas, como alucinações e insônia.

O corpo de Robin Williams foi cremado e suas cinzas foram jogadas na baia de São Francisco, no dia 21 de agosto de 2014.

O ator pode ter nos deixado de maneira triste e trágica, mas deixou um enorme legado na sétima arte, com personagens marcantes e famosos que continuarão na mente de suas fãs por muito tempo.

Fontes: Vanity Fair, Irish Times, Wikipédia, The Daily Beast, Live Science.

** No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV), associação civil sem fins lucrativos, oferece apoio emocional e prevenção do suicídio, gratuitamente, 24 horas por dia. Qualquer pessoa que queira e precise conversar, pode entrar em contato com o CVV, de forma sigilosa, pelo telefone 188, além de e-mail, chat e Skype, disponíveis no site www.cvv.org.br.

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Augusto Ikedahttp://www.igormiranda.com.br
Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atua no mercado desde 2013 e já realizou trabalhos como assessor de imprensa, redator, repórter web e analista de marketing. É fã de esportes, tecnologia, música e cultura pop, mas sempre aberto a adquirir qualquer tipo de conhecimento.

1 COMENTÁRIO

  1. Esse cara fez parte da minha infância!!!! Gosto muito do filme Hook que ele fez, sem contar que na época foi lançado o jogo Hook para Super Nintendo e saiu na capa da revista Ação Games!!!! Toda vez que eu vejo algum desenho de Peter Pan sempre lembro de Robin Williams…gostava muito desse cara!!!! Sociedade dos poetas mortos também marcou muito, acho que foi o primeiro filme dele que eu assisti!!!! Bom Dia Vietnã também foi bom, assisti esse filme na Glob…!!!! valeu!!!!

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