Como o Rush mudou com chegada de Neil Peart em “Fly by Night”

Novo baterista chegou para trazer a aura prog que a banda precisava e ainda mostrou seus talentos como letrista

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Muitas pessoas, incluindo Geddy Lee e Alex Lifeson, consideram “Fly by Night” (1975) o verdadeiro começo do Rush. Eles já haviam lançado um álbum homônimo em 1974, mas a entrada de Neil Peart para o segundo álbum adicionaria o que faltava para que o trio fosse conhecido como é até hoje.

Em sua estreia de 1974, o grupo canadense contava com o baterista John Rutsey, que até aquele momento era praticamente o líder da banda. Embora estivesse longe do nível técnico pelo qual seu substituto seria conhecido, Rutsey era carismático e dava tudo de si para o projeto.

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Porém, algumas situações estavam se tornando insustentáveis. Ele sofria de diabetes e a vida na estrada, divulgando o álbum, tinha piorado sua saúde de forma grave.

Em entrevista para a Classic Rock, Geddy Lee falou sobre a saída do baterista, falecido em 2008. O rompimento se deu tanto por seus problemas de saúde quanto por diferenças musicais – Rutsey preferia manter o trio mais próximo de um hard rock clássico do que se enveredar pelo “lado prog da força”.

“Isso foi difícil. Era claro que haveria um rompimento com John mais cedo ou mais tarde. O que ele queria fazer como músico e o que nós queríamos fazer como músicos não era a mesma coisa, e eventualmente isso teria causado o rompimento na banda. Nos sentimos culpados no início, mas percebemos que era assim que tinha que ser. Ele não estava feliz e nós não estávamos felizes.”

O teste de Neil Peart para o Rush

John Rutsey ficou fora da banda por alguns meses, sendo substituído temporariamente por Jerry Fielding. Retornou por mais um mês antes do rompimento definitivo.

Em seguida, bateristas começaram a ser testados para ocupar o posto de vez. Geddy Lee conta que outros músicos fariam audição no mesmo dia que Neil Peart.

“No dia em que Neil fez o teste, nós tínhamos cinco caras – três antes de Neil e um depois. O último cara veio de longe, dirigiu por duas horas, e foi uma situação bastante desconfortável ter ele fazendo a audição depois de Neil, porque Neil foi tão bom.”

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Peart, Lee e Lifeson tocaram “Anthem”, música que havia sido composta ainda com Rutsey na banda, mas entraria no que viria a ser o álbum “Fly by Night”. Deu certo logo de cara.

Com o novo baterista, o Rush ganhava não só um batera mais técnico e mais direcionado ao que os outros integrantes pensavam para o futuro da banda, como também um grande letrista.

Um novo letrista

Começando já em “Fly by Night”, as letras passaram a ser, em sua maioria, escritas por Neil Peart. O baterista era um leitor ávido e sempre trazia temas de fantasia, tecnologia, filosofia e os mais variados assuntos para as músicas. Até nisso as coisas se encaixaram, pois Geddy e Alex sempre preferiram trabalhar na parte instrumental.

O primeiro disco da parceria mostrou bem como a proposta ganhou ares de complexidade. A faixa-título lida com a temática básica de Neil refletindo sobre sua vida como músico de estúdio em Londres. Ao mesmo tempo, “Rivendell”, como o título indica, tem como base a obra de J.R.R. Tolkien: é o nome de uma cidade construída por Elfos no meio da floresta na Terra-Média, em “O Senhor dos Anéis”. Já “By-Tor and the Snow Dog” seria a primeira tentativa de fazer um épico progressivo, superando os 8 minutos – embora a letra tenha sido baseada em dois cachorros que o empresário da banda tinha.

De início, a gravadora não recebeu bem as letras de Peart. Geddy Lee contou em entrevista à revista Prog, em 2013, que os executivos da Mercury Records ficaram confusos com a mudança na direção musical e lírica, bem mais simples e direta no disco de estreia.

“Eles disseram: ‘Isso não é a mesma coisa. O que é essa m&rda de ‘By-Tor’? Vocês estavam falando sobre o ‘Homem Trabalhador’ (‘Working Man’) e agora estão falando dessas coisas malucas’. Foi meio que um tropeço nos planos que eles tinham para nós.”

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A turnê de “Fly by Night”

Lançado em 14 de fevereiro de 1975, “Fly by Night” não apenas apresentou as reais credenciais do Rush como uma banda progressiva: também rendeu ao trio sua primeira turnê realmente grande. Com cerca de 70 datas na América do Norte, o grupo abriu para o Kiss em várias delas, no que foi o início de uma amizade entre dois grupos tão diferentes.

Capa do álbum “Fly by Night”, lançado pelo Rush em 1975
Capa do álbum “Fly by Night”

A excursão foi marcada por grandes apresentações das duas bandas e se mostrou extremamente proveitosa para ambas. Enquanto o Kiss pavimentava as vias para estourar com seu primeiro álbum ao vivo, “Alive!” (1975), o trio canadense também ganhava espaço em meio a benéficas comparações com o Led Zeppelin.

Com a ajuda da turnê, “Fly by Night” alcançou o 9º lugar nas paradas do Canadá, terra natal do trio, e entrou para o top 200 da Billboard, nos Estados Unidos, em 113º lugar.

As vendas demoraram a engrenar, atingindo 100 mil cópias ao fim de 1975. Mas hoje, na terra do Tio Sam, o segundo álbum do Rush tem certificação de platina por ter vendido um milhão de cópias.

Foi o trabalho que apresentou o Rush como uma boa promessa, rendendo muitos frutos nos anos seguintes.

* Texto por André Luiz Fernandes, com pauta e edição por Igor Miranda.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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