O significado da música “2112”, um dos grandes clássicos do Rush

Dividida em sete partes, faixa narra conto de ficção que se passa no ano de 2112

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Em 1° de abril de 1976, o Rush lançava um de seus álbuns mais aclamados, “2112”. O título é o mesmo da épica música de mais de 20 minutos que abre o disco, ocupando o lado A inteiro do LP.

Além de ser um clássico do rock progressivo, a canção apresenta alguns dos melhores momentos do Rush em relação às letras, que geralmente ficavam sob a responsabilidade do baterista Neil Peart.

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O significado de “2112”, do Rush

Dividida em sete partes (“Overture”, “The Temples of Syrinx”, “Discovery”, “Presentation”, “Oracle: The Dream”, “Soliloquy”, “Grand Finale”), a música “2112” é um conto de ficção que se passa no ano de 2112, período onde vários planetas se uniram sob uma única bandeira de uma Federação Solar.

Nesse contexto, as pessoas vivem sem nenhum tipo de arte em seu cotidiano e a música é desconhecida. A situação muda quando um homem encontra uma antiga guitarra e sua descoberta é levada ao conhecimento dos sacerdotes do Templo de Syrinx, que regem a ordem na cidade de Megadon.

https://www.youtube.com/watch?v=1sCxCHggxEI

A história tem vários elementos em comum com o livro “Anthem”, da escritora e filósofa russa Ayn Rand, criadora do Objetivismo. Conforme aponta a boa e velha Wikipédia:

“O Objetivismo afirma que a realidade existe independentemente da consciência, que o ser humano tem contato direto com a realidade através dos sentidos, que pode ter conhecimento objetivo pelo processo de formação de conceitos, da lógica dedutiva e indutiva, que o objetivo moral da vida humana é atingir a própria felicidade ou interesse racional, que o único sistema social consistente com esta moralidade é um que respeite os direitos do seres humanos à vida, liberdade, propriedade e busca à felicidade, ou seja, capitalismo laissez-faire, e que a função da arte é transformar as ideias metafísicas mais abstratas, reproduzindo seletivamente a realidade, em forma física. Os filósofos acadêmicos ignoraram ou rejeitaram a filosofia de Ayn Rand. Não obstante, o objetivismo tem sido uma influência significativa entre libertários e conservadores americanos, no Brasil há também uma grande influência no libertarianismo e liberais clássicos.”

Todos os membros do Rush haviam lido “Anthem” e outras obras da autora, que chega a ser mencionada por Neil Peart nos agradecimentos do álbum.

A história de Ayn Rand, que fala sobre totalitarismo e controle de massas, ganhou um significado ainda maior para o Rush na época. O vocalista e baixista Geddy Lee explicou esse ponto de vista para a revista Classic Rock, citando outra obra da escritora, “The Fountainhead” (“A Nascente”):

“The Fountainhead é uma história sobre um arquiteto que estava determinado a não comprometer sua estética, sua visão, e ele faria qualquer coisa, até coisas radicais, para defender sua arte e seu direito como indivíduo. Isso falou alto para nós enquanto fazíamos ‘2112’. Nos deu confiança, de certa forma. Nós sentimos que estávamos sendo pressionados a comprometer nossa arte.”

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Confira, abaixo, a letra completa e traduzida da música “2112”, do Rush (tradução via Letras.mus.br):

[I. Abertura]
E os humildes devem herdar a terra

[II. Templos de Syrinx]
Nós tomamos conta de tudo
As palavras que vocês ouvem as canções que cantam
As imagens que dão satisfação aos seus olhos

É um por todos e todos por um
Nós trabalhamos juntos, filhos da mesma terra
Nunca precisamos perguntar como ou por quê

Nós somos os Sacerdotes dos Templos de Syrinx
Nossos grandes computadores
Preenchem os salões sagrados
Nós somos os Sacerdotes dos Templos de Syrinx
Todas as dádivas da vida
São mantidas dentro de nossas muralhas

Olhe em volta para este mundo que fizemos
Igualdade é o nosso lema
Venha e junte-se a Fraternidade de Homens
Oh, que agradável contentado mundo!
Deixe as bandeiras se estenderem
Segure a Estrela Vermelha orgulhosamente ao alto

Nós somos os Sacerdotes dos Templos de Syrinx
Nossos grandes computadores
Preenchem os salões sagrados
Nós somos os Sacerdotes dos Templos de Syrinx
Todas as dádivas da vida
São mantidas dentro de nossas muralhas

[III. Descoberta]
O que pode ser este estranho aparelho?
Quando eu o toco, ele emite um som
Ele tem cordas que vibram e geram música
O que pode ser esta coisa que encontrei?

Veja como ele canta como um coração triste
E alegremente grita seu sofrimento
Sons que crescem altos como uma montanha
Ou notas que caem suavemente como chuva

Mal posso esperar para compartilhar esta nova maravilha
Todas as pessoas verão a sua luz
Deixá-las todas fazerem suas próprias músicas
Os Sacerdotes louvarão meu nome nesta noite

[IV. Apresentação]
Eu sei que isto é muito incomum
Vir perante vocês assim
Mas eu encontrei uma maravilha antiga
Eu pensei que vocês deveriam conhecer

Ouçam a minha música
E escutem o que ela pode fazer
Há algo aqui tão forte como a vida
Eu sei que ela tocará vocês

Sim, nós sabemos, não é nada de novo
É só perda de tempo
Nós não precisamos de coisas antigas
O mundo está indo bem

Outro brinquedo que ajudou a destruir
A raça antiga do homem
Esqueça sua fantasia boba
Ela não se encaixa no plano

Eu não posso acreditar no que vocês estão dizendo
Essas coisas simplesmente não podem ser verdade
Nosso mundo poderia usar esta beleza
Pensem no que poderemos fazer

Ouçam a minha música
E escutem o que ela pode fazer
Há algo aqui tão forte como a vida
Eu sei que ela tocará vocês

Não nos incomode mais
Temos nosso trabalho à fazer
Pense nos prejuízos
Que utilidade eles têm para você?

Outro brinquedo que ajudou a destruir
A raça antiga do homem
Esqueça sua fantasia boba
Ela não se encaixa no plano

[V. Oráculo: O Sonho]
Eu vaguei para casa por ruas silenciosas
E caí em um sono profundo
A saída para reinos além da noite
Sonho, você não pode me mostrar a luz?

Eu paro no alto de uma escada espiral
Um oráculo confronta-me lá
Ele me guia por anos-luz distantes
Através de noites astrais, dias galáticos

Vejo os trabalhos de mãos talentosas
Que encantam esta estranha e maravilhosa terra
Eu vejo a mão do homem levantar
Com a mente faminta e olhos abertos

Eles deixaram o planeta há muito tempo
A raça antiga ainda aprende e cresce
Sua força cresce com um forte propósito
De reivindicar o lar ao qual pertencem
Voltar para romper com os Templos
Voltar para mudar

[VI. Solilóquio]
O sono ainda está em meus olhos
O sonho ainda está na minha cabeça
Eu suspiro e sorrio triste
E deito um instante na cama
Quisera que isto pudesse acontecer
Não sumir como todos os meus sonhos

Penso como minha vida poderia ser
Em um mundo como eu vi
Eu não acho que posso suportar
Suportar esta vida fria e vazia
Oh, não

Minhas vitalidades estão baixas nas profundezas do desânimo
Meu sangue derrama

[VII. O Grande Final]
Atenção todos os Planetas da Federação Solar
Atenção todos os Planetas da Federação Solar
Atenção todos os Planetas da Federação Solar
Nós assumimos o controle
Nós assumimos o controle
Nós assumimos o controle

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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