As supostas mensagens satânicas em “Stairway to Heaven”, do Led Zeppelin

Televangelista disseminou ideia de que famosa balada dedica "brinde ao doce Satã" quando é tocada ao contrário; músicos sempre negaram a absurda teoria

O Led Zeppelin, com sua balada “Stairway to Heaven”, não foi a primeira banda de rock a ser relacionada ao satanismo. A conexão do gênero com o tema é tão antiga quanto o tempo.

Com o Zeppelin, a ligação se tornou intensa especialmente porque o guitarrista Jimmy Page tinha um grande interesse pelo misticismo em geral. Ele chegou a comprar na década de 1970 a Boleskine House, mansão nas montanhas escocesas que foi propriedade do notório ocultista Aleister Crowley.

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Apesar disso, Page nunca foi um satanista. Mas desmentir esse boato não foi o bastante: o mito urbano sobre o envolvimento do Led Zeppelin persiste.

O boato

No início dos anos 1980, conforme resgatado pelo site Far Out Magazine, o televangelista americano Paul Crouch declarou em seu programa de TV que havia mensagens satânicas escondidas em “Stairway to Heaven”. Segundo ele, ao tocar a música de frente para trás, esta passagem…

“If there’s a bustle in your hedgerow, don’t be alarmed now / It’s just a spring clean for the May queen / Yes, there are two paths you can go by, but in the long run / There’s still time to change the road you’re on.”

…transformaria-se (traduzido) em:

“Um brinde a meu doce Satã / Aquele cujo pequeno caminho me entristece, cujo poder é Satã / Ele vai dar quem está com ele 666 / Tinha um pequeno barraco onde ele nos fazia sofrer, Satã triste.”

Ouça o resultado a seguir.

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Confira também o programa de TV em que Paul Crouch aborda o assunto.

A resposta do Led Zeppelin

Não dá para negar que soa um pouco semelhante, mas não é a mesma coisa. Basta tocar a música ao contrário para perceber que, obviamente, algumas passagens similares ocorrem ao acaso.

Ainda assim, como a situação passou a ser bastante comentada, a gravadora do Led Zeppelin, Swan Song Records, precisou se manifestar com uma breve declaração, onde diz:

“Nossos toca-discos reproduzem apenas em uma direção, para a frente.”

Eddie Kramer, engenheiro de som que trabalhou com o Led Zeppelin em diversas ocasiões, também se manifestou:

“Isso é totalmente ridículo. Por que eles iriam querer gastar tanto tempo no estúdio fazendo algo tão estúpido?”

Já o vocalista Robert Plant disse em 1983 à revista Musician que a situação era “triste”.

“Para mim isso é muito triste, porque ‘Stairway to Heaven’ foi composta com todas as melhores intenções. Quanto a reverter fitas e colocar mensagens no final, essa não é minha ideia de fazer música.”

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Jimmy Page abordou o assunto décadas depois, em um discurso de 2017 na Oxford Union.

“Vou voltar direto para os Beatles aqui porque houve um tempo em que alguém escreveu uma tese sobre a morte de Paul McCartney. Estou falando sério, embora seja loucura. Se você ouve uma das músicas deles ao contrário, há a fala ‘Paul está morto’. A partir disso, começaram a reproduzir uma variedade de gravações. Claro, nós seríamos os principais candidatos para isso. Alguém me mostrou esse negócio de: ‘diz o meu doce satanás’, e eu pensei: ‘puxa, seria difícil escrever música dessa maneira’.”

O legado de Stairway to Heaven

Com ou sem mensagens invertidas, o fato é que “Stairway To Heaven” se tornou uma obra imortal.

Mesmo sem ter sido lançada em formato de single, é a música mais pedida da história do rádio FM. Calcula-se que ainda seja tocada cerca de 4,2 mil vezes por ano nas principais estações de rock nos Estados Unidos. E não dá para imaginar que todos os locutores e ouvintes sejam satanistas.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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